Antes da forte correção do preço do açúcar em Nova York, a empresa francesa Tereos fez hedge no ano passado de cerca de 80% do adoçante que produzirá no Brasil na nova safra que começa este mês, disse o diretor-presidente do grupo no país.
“Tiramos proveito dos altos preços no ano passado”, disse o CEO Pierre Santoul aos repórteres em uma teleconferência de resultados, quando perguntado sobre a estratégia de hedge da empresa, acrescentando que não tem conhecimento se outras empresas do setor fizeram o mesmo.
Os futuros do açúcar bruto em Nova York perderam quase 30% de seu valor entre o final de novembro e o final de dezembro, passando de 27 centavos de dólar por libra-peso para 20 centavos de dólar por libra-peso.
Os fundos liquidaram grande parte de suas posições compradas quando o Brasil terminou uma safra recorde e surgiram sinais de melhora nas safras da Índia e da Tailândia.
Os preços do açúcar eram negociados a cerca de 22,60 centavos de dólar por libra-peso, no início da tarde de segunda-feira.
Santoul está otimista com relação aos preços daqui para frente. Ele disse que os estoques globais ainda estão baixos, historicamente, e a demanda no mercado físico continua forte.
O executivo acredita que a menor safra brasileira deste ano já foi precificada pelo mercado.
Os movimentos futuros de preços, segundo ele, serão impulsionados pelos números da produção brasileira, à medida que a safra for ganhando ritmo, bem como por qualquer notícia do governo indiano relacionada às exportações de açúcar.
A Tereos estima que a região centro-sul do Brasil produzirá cerca de 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 2024/25, abaixo da moagem de cerca de 650 milhões de toneladas na temporada 2023/24 até meados de março, segundo dados da associação Unica.
A Tereos começará a moer nesta semana, um pouco mais cedo do que o normal, já que há cana pronta nos campos.
A empresa aumentará a quantidade de cana alocada para a produção de açúcar na nova temporada, reduzindo a produção de etanol, já que o adoçante proporciona retornos financeiros mais altos do que o biocombustível.
Em fevereiro, ele disse à Reuters que a Tereos projetava elevar o “mix” de açúcar para 70%.
“As usinas têm lucro zero com o etanol atualmente, é basicamente ‘break-even'”, disse ele.