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Tesouro IPCA+ e a queda da Selic: invisto ou procuro outra coisa?

por Conrado Navarro
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Tesouro IPCA+ e a queda da Selic: invisto ou procuro outra coisa?

Sim! Se você é do tipo “apressadinho” e quer uma resposta rápida, direta e muito objetiva, SIM, investir no Tesouro IPCA+ neste momento é uma decisão muito inteligente. Faça isso tranquila e perenemente.

Ainda está por aqui? Ótimo! Pois é, a inflação está finalmente cedendo, é fato (e excelente, diga-se de passagem), mas o retorno real oferecido continua bastante interessante (entre 5,4% e 5,5% em 18/01/2017).

Arrisco-me a dizer que para o pequeno investidor será sempre momento de investir em Tesouro IPCA+, desde que ele tenha um objetivo que case com o tempo de vencimento do título escolhido – principalmente se for no longo prazo (aposentadoria, melhor idade e por aí vai).

A razão para eu gostar tanto do Tesouro IPCA+ é matemática, claro, mas também simples e óbvia do ponto de vista do investidor inteligente: tais títulos oferecem baixíssimo risco em conjunto comum retorno real elevado (e garantido).

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Retorno elevado, como assim?

Rentabilidade alta para você pode não significar a mesma coisa que para mim, o que é apenas uma parte da história. A subjetividade entra em cena, mas é preciso ancorar as expectativas em aspectos fundamentais da nossa realidade – somos um país de extremos e bastante arriscado.

Rentabilidade é um fator que deve levar em consideração o país, as oportunidades semelhantes oferecidas no mercado e natureza do investimento (seu risco, sua estrutura, aspectos tributários e liquidez).

Alguém com perfil arrojado pode considerar baixo um retorno nominal próximo de 12% ao ano (real de 5,5%, por exemplo, no caso do Tesouro IPCA), mas isso diz muito mais sobre a pessoa que sobre a rentabilidade em si.

A possibilidade de “travar” um ganho real de 5,5% ao ano, de hoje até 2024 ou 2035, com enorme segurança, é o tipo de coisa que qualquer gringo comum desejaria para si e para toda a sua futura geração. Lá fora, garantir retornos assim sem correr riscos simplesmente não acontece.

Leitura recomendada: Investimento (rentabilidade) ou investidor (disciplina): o que é mais importante?

Retorno real, como assim?

Entender o retorno real é bem simples, afinal de contas trata-se de quanto o seu patrimônio vai realmente crescer em termos de poder de compra. A inflação “corrige” o preço de tudo, inclusive do seu dinheiro investido.

Em outras palavras, R$ 1.000,00 hoje não comprarão a mesma coisa que R$ 1.000,00 daqui 12 meses. E muito menos daqui 15 anos. Portanto, interessa sempre investir de forma a vencer a inflação para, com o tempo, ter mais patrimônio efetivo, e não apenas nominal.

O Tesouro IPCA+ é a aplicação que melhor representa o conceito de retorno real. No ato da compra, você contrata um retorno fixo (taxa de compra) mais um percentual variável e pós-fixado, que é justamente a inflação (IPCA).

A beleza deste investimento está na sua simplicidade: ninguém pode garantir qual será a inflação futura, mas ao comprar Tesouro IPCA+ você garante tal inflação mais uma taxa conhecida. Ou seja, você fica mais rico de verdade (patrimônio aumenta com proteção do poder de compra).

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Retorno garantido, como assim?

A premissa básica do investimento no Tesouro Direto é clara: mantenha seu título até o vencimento e você receberá exatamente o que contratou no momento da compra. Em se tratando de investimentos conservadores e Brasil, isso é muita coisa.

Se você comprou Tesouro IPCA+ pagando 5,5% mais IPCA com vencimento em 2035, o desdobramento será: quando 2035 chegar, você receberá na conta de sua corretora o montante corrigido mediante as condições de compra, descontado do Imposto de Renda devido. Simples assim.

“Ah, Navarro, mas lá em 2035? Quem garante que vou mesmo receber direitinho?”, sua pergunta ecoa por aqui. O Tesouro Nacional garante. Não é o banco amarelo, nem tampouco o banco azul, mas o Tesouro, a Nação.

Parece exagerado dizer que a Nação garante? Relaxe, porque é isso mesmo. São títulos da dívida pública federal, que representam a maneira de o governo financiar seus atos em prol da população.

O risco de o Tesouro não honrar estes títulos é muito pequeno, quase nulo, se considerarmos principalmente que ele tem a máquina de arrecadação a seu dispor – os temidos impostos que podem ser elevados a qualquer hora para “tapar buracos” e, veja só, pagar credores da dívida interna.

Tenha em mente a escala de riscos: o que quebraria primeiro, a padaria da esquina de sua casa ou o banco em que você mantém conta corrente e investimentos? Pois é, agora extrapole. Quem quebra primeiro, o banco ou o Tesouro Nacional? Então…

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Alternativas ao Tesouro IPCA+

Sim, eu sei que ao chegar até aqui você pode ficar com a impressão de que o Tesouro IPCA+ é o melhor investimento do mundo. Quase. Afirmar algo assim é complicado, mas ele está entre os mais interessantes, sim!

Existem opções conservadoras que rendem mais os títulos públicos? Sim, sem dúvida, mas com maiores riscos, prazos diferentes e outras características de liquidez. Vou enumerar alguns exemplos mais acessíveis e conhecidos para não parecer que sua única saída é o Tesouro Direto.

Com opções de bancos pequenos e médios pagando até 120% do CDI (ou mais, em alguns casos), isenção de taxas e prazos definidos, o CDB é uma ótima opção para o curto e médio prazo e para valores abaixo de R$ 250 mil (proteção do FGC, Fundo Garantidor de Crédito).

Para prazos semelhantes aos dos vencimentos dos títulos, o CDB pode ser mais interessante, mas é mais arriscado (risco dos bancos versus Tesouro Nacional) e por isso deve ser usado até o limite garantido pelo FGC.

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Outros dois aspectos considerando o CDB

  • A rentabilidade, afinal só faz sentido investir nestes produtos se eles pagarem bem mais que o CDI (pelo menos 110%), ou não haverá vantagem clara em relação ao Tesouro Selic e LCI/LCA (veja o item abaixo);
  • A relação com o retorno das LCI/LCA, que são isentas de Imposto de Renda (IR). Um CDB que paga 110% do CDI, por exemplo, só será melhor que uma LCI que paga 90% do CDI a partir de um ano de aplicação, quando a alíquota de IR cai para 17,5% sobre os ganhos.

Isentas de Imposto de Renda e taxas, as LCI/LCA também são uma ótima opção para obter retornos líquidos mais elevados que determinados títulos públicos, mas merecem atenção principalmente por conta dos riscos e da liquidez.

As melhores LCI/LCA em termos de retorno são emitidas por bancos pequenos e médios, e, portanto, é importante manter o mesmo raciocínio em relação aos CDBs, ou seja, não ultrapassar o limite de R$ 250 mil investidos por CPF, por instituição (garantia do FGC).

Em relação à liquidez, atente para o fato de que os vencimentos variam e não é possível desfazer-se da aplicação antes da data combinada. Logo, associar esta escolha ao tempo (e seu objetivo) é essencial para não ter expectativas erradas e dissociadas da característica do investimento.

Leitura recomendada: LCI e LCA – Ótimas oportunidades de investimento em tempos de crise

Conclusão

De maneira simplista e generalizada, se você vai investir até R$ 250 mil, já possui uma reserva de emergências (aqui ninguém bate o Tesouro Selic) e conhece bem suas metas e quando pretende realizá-las, suas escolhas devem considerar CDBs e LCI/LCA emitidos por bancos pequenos e médios.

Optei por não detalhar outras alternativas de investimento para que o assunto seja entendido de forma inicial e básica; para que os primeiros bons investimentos sejam feitos sem grandes problemas. Poderíamos falar de fundos de renda fixa em geral, COE, CRA, LC, fundos de capital protegido e até mesmo ações, mas faremos isso em outro momento.

Portanto, como o foco principal deste site são os investidores iniciantes e os pequenos aplicadores, também não levei em consideração a possibilidade de vender antecipadamente os títulos Tesouro IPCA+.

As explicações aqui colocadas valem para o caso de o investidor manter os títulos até seu vencimento, o que na minha visão faz muito mais sentido pensando em objetivos e planejamento financeiro – fixar uma meta no tempo e usar o Tesouro IPCA+ funciona muito bem.

Para operações mais arrojadas e de curto prazo, existem instrumentos mais adequados (e com retornos muito maiores, inclusive), como contratos, futuros, ações e derivativos, por exemplo.

Por hoje é isso. Valeu e até a próxima!

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