O Bradesco (BBDC4) começou em julho a voltar a acelerar a originação de crédito, depois de um primeiro semestre em que pisou no freio para conseguir estabilizar a inadimplência, afirmou o presidente-executivo, Octavio de Lazari Junior, a jornalistas nesta sexta-feira.
“Estamos bem próximos disso (pico da inadimplência) ou já atingimos isso, e certamente após isso a tendência é de redução”, afirmou o executivo. “Vemos como positiva nossa expectativa de redução dos índices de inadimplência em 2023”, acrescentou.
Segundo ele, além do próprio início do movimento de redução dos juros pelo Banco Central, as operações de banco de atacado do Bradesco também devem acelerar, o que ajuda a ampliar o crédito da instituição.
“Temos um ‘pipeline’ bastante robusto no banco de atacado para o segundo semestre e a redução da taxa de juros, apesar de pequena em comparação à taxa total, já gera um novo ânimo no mercado”, disse Lazari Junior.
O Bradesco divulgou na noite da véspera lucro líquido recorrente de 4,52 bilhões de reais no segundo trimestre, uma queda de 35,8% em relação ao mesmo período de 2022, e reduziu projeções para o ano, incluindo a de crescimento da carteira de crédito, que passou para o intervalo de 1% a 5%, contra estimativa anterior de 6,5% a 9,5%.
As ações do Bradesco despencavam 4% logo na abertura, às 10h12, pressionando todo o setor após o balanço. Itaú Unibanco, que divulga resultado na próxima segunda-feira, mostrava baixa de 1,9%.
Lazari Junior afirmou que o Bradesco segue comprometido em entregar um índice de retorno de patrimônio líquido de volta aos níveis históricos do banco, mas que isso vai acontecer de “forma gradual”, ao longo dos próximos trimestres. Nos três meses encerrados em junho, o índice foi de 11,1% ante 18,1% um ano antes.
O executivo citou que o Bradesco desnegativou cerca de 580 mil CPFs por meio do programa do governo federal Desenrola, de renegociação de dívidas, e que as discussões em torno da redução dos juros do rotativo do cartão de crédito continuam, com uma perspectiva de execução por meio de um processo em fases entre este ano e 2024.
“Está todo mundo (bancos, governo e varejo) muito imbuído para buscar solução…Acredito que vamos buscar uma boa alternativa, não vai ser a ótima, com um processo de implementação faseado para que possamos reduzir os juros do rotativo”, disse o presidente do Bradesco. Ele, porém, afirmou que definir um teto para os juros do cartão de crédito “não é uma boa prática de mercado, cria distorções importantes”.
Sobre a crise da Americanas, em que o mercado tinha expectativa de que bancos credores da empresa chegassem a um acordo sobre os débitos até o final de junho, Lazari Junior comentou que as negociações “vêm andando razoavelmente bem”.
Segundo o executivo, a expectativa agora é que um acordo possa ser alcançado na época da divulgação do balanço auditado da varejista, entre setembro e outubro.
“Está se buscando aquilo que seja factível da empresa cumprir. São muitos atores, não é um plano fácil e simples, tem um ‘haircut’ (desconto da dívida) embutido e tem que acomodar todo mundo”, afirmou o presidente do Bradesco.