Duas grandes empresas de transporte marítimo, incluindo a MSC Mediterranean Shipping Co, maior transportadora de contêineres do mundo, disseram neste sábado que vão evitar o Canal de Suez depois que militantes Houthis, do Iêmen, intensificaram seus ataques a navios comerciais no Mar Vermelho.
O movimento Houthi, que é apoiado pelo Irã, tem atacado embarcações em resposta à guerra na Faixa de Gaza, bem na rota que facilita o comércio entre Ocidente e Oriente, especialmente o de petróleo.
O Canal de Suez economiza tempo e dinheiro para as transportadoras, evitando que os navios tenham de contornar toda a África.
Com o conflito, os prêmios dos seguros de guerra ficaram mais caros. O MSC Palatium III, com bandeira da Libéria, foi atacado na sexta-feira por um drone no estreito de Bab al-Mandab, na costa do Iêmen, na porção sul do Mar Vermelho, de acordo com os Houthis. Não houve feridos, mas a embarcação teve um incêndio e foi retirada de serviço, de acordo com a MSC.
Outro navio liberiano, o Al Jasrah, da empresa Hapag Lloyd, foi atingido por um míssil, afirmaram as Forças Armadas dos Estados Unidos.
A dinamarquesa A.P. Moller-Maersk paralisou na sexta-feira todos os transportes por Bab al-Mandab, e neste sábado a suíça MSC e a francesa CMA CGM seguiram seus passos. “A situação está se deteriorando, e a preocupação com a segurança, aumentando”, disse a CMA CGM em comunicado.
A alemã Hapag Lloyd afirmou que pode tomar medidas parecidas. Os Houthis intensificaram nas últimas semanas os ataques contra embarcações e também lançaram drones e mísseis contra Israel, em apoio ao grupo Hamas, que duela com Israel na Faixa de Gaza. No sábado, os Houthis atingiram o resort israelense de Eilat, no Mar Vermelho.
O Comando Central dos EUA afirmou que o destroyer Carney derrubou 14 drones lançados pelos Houthis no Mar Vermelho na manhã deste sábado. O Reino Unido também disse que um de seus navios de guerra derrubou um drone suspeito de ter como alvo um barco mercante.
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Os Houthis, que governam grande parte do Iêmen, prometeram manter os ataques até que Israel interrompa sua ofensiva, mas na sexta-feira disseram que tinham como alvo apenas navios que iam para Israel.
Contudo, tanto o Palatium III quanto outro navio da MSC que foi ameaçado, o Alanya, tinham Jedá, na Arábia Saudita, como destino, com base em dados da empresa MarineTraffic.
A MSC afirmou que vai reorganizar alguns serviços para contornar o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, o que acrescentará vários dias na viagem, se comparado aos trajetos que utilizam o Canal de Suez.