Gustavo comenta: “Navarro, tenho 25 anos e sou recém-contratado em uma multinacional que oferece, dentre muitos benefícios, uma contrapartida no investimento em uma previdência complementar. Tenho a sensação que sou muito novo para pensar em parar de trabalhar (afinal, acabei de começar), mas já li muitos textos seus em que você insiste na importância da previdência privada. E ai, o que fazer? Obrigado”.
É raro, mas de vez em quando ainda encontro algumas pessoas que ainda possuem esperanças no sistema previdenciário federal. Esperanças no sentido de que a aposentadoria será suficiente para seu modesto padrão de vida no futuro e que os valores serão justamente corrigidos e equilibrados, tendo em vista a desigualdade social e a disparidade de salários.
Como eu disse, é raro, mas acontece. Não há nada errado em acreditar que nossa situação econômica seguirá melhorando com o avanço país. O que não podemos fazer é agir como se esperança pagasse nossas contas.
Compartilho, portanto, três razões que considero fundamentais para que os jovens comecem logo seus aportes em um plano de previdência privada:
1. Manter o padrão de vida na aposentadoria
Já li em muitos livros de finanças pessoais e entrevistas com especialistas que “o custo de vida tende a diminuir depois da aposentadoria”. Basta observar a vida dos atuais aposentados e de pessoas mais velhas para constatar que essa afirmação não corresponde à realidade.
Se, por um lado, as despesas com família, educação dos filhos e manutenção de um padrão de consumo tendem a cair, os gastos com saúde, alimentação diferenciada, cuidados pessoais e viagens tendem a aumentar. Isso sem falar no caso daqueles aposentados que ainda fazem questão de continuar colaborando financeiramente com a vida de seus filhos e netos.
Neste cenário, o plano de previdência privada contratado se somará à aposentadoria oficial e proverá você e sua família de recursos suficientes para continuar vivendo da mesma forma que quando trabalhavam, mas ainda assim com possibilidade de investir e realizar desejos de consumo.
Atitude desejada: considere como renda desejada na aposentadoria o valor do salário que possui mais 20% de margem de segurança. Sempre que o salário se alterar, passe a fazer contribuições proporcionalmente maiores no produto escolhido (ou em outro).
2. Aproveitar o tempo para diminuir o tamanho dos aportes
A figura dos “juros compostos” em matemática financeira é normalmente subestimada, quando não ignorada. Se começamos a investir cedo, com um horizonte longo de tempo pela frente, atingimos dois cenários ideais nos investimentos: diluímos o risco de maneira eficiente e fazemos aportes menores ao longo dos meses.
Sugiro que você acesse nosso espaço de downloads (clique aqui) e divirta-se um pouco com a planilha de juros compostos. Quanto maior o tempo disponível para contribuir com um plano de investimentos, menores serão os aportes necessários para se juntar o patrimônio desejado no futuro. Isso sem contar a chance de arriscar mais durante a jornada, o que permite alavancar os ganhos.
O benefício óbvio dos aportes menores é que eles comprometem menos o orçamento mensal, sem com isso prejudicar o objetivo de desfrutar uma aposentadoria tranquila. Em finanças, o tempo é talvez o fator mais importante, empatado com o dinheiro em si.
Atitude desejada: defina o valor desejado de patrimônio/renda no futuro e contrate um plano de previdência privada com contribuição de pelo menos 20 anos.
3. Ser o responsável pelo seu futuro
Gosto e compartilho a opinião de que educação financeira é um processo baseado em escolhas (ou falta delas) e suas consequências (e se as assumimos como responsabilidades). Neste sentido, contratar um plano de previdência privada (e sempre reavaliá-lo de acordo com o crescimento da renda familiar) é uma decisão importante para o resultado desejado: aposentar-se com dignidade.
Apoiar-se na previdência complementar, investindo com frequência e visando o longo prazo, é uma escolha com consequências relevantes: formação de patrimônio, geração de renda futura e consequente sossego na hora em que desejar se aposentar. Significa ser o responsável pelo futuro, construindo-o a partir do presente.
Digo isso porque não gosto daquela ideia de que “Quando o futuro chegar, a gente vê o que faz” ou “Mas daqui 20 anos eu já terei morrido”. Essa escolha – não fazer nada hoje pelo futuro – é irresponsável e burra, por razões óbvias já descritas neste texto.
Atitude desejada: pare de adiar a reunião familiar que envolve o investimento e a contratação de um plano de previdência complementar e procure instituições financeiras para comparar os produtos oferecidos.
Conclusões
A visão romântica de que o que interessa é “viver o presente” é um excelente enredo para filmes e costuma ser mal interpretado quando transposto para a vida pessoal. O importante não é fazer tudo o que der na cabeça hoje, mas criar as condições para que o hoje seja sempre dotado de momentos significativos e felizes. Há uma grande diferença entre estes conceitos.
Entre ser irresponsável, agindo de forma inconsequente e infantil, e priorizar a qualidade de vida, construindo sua carreira e família em torno de valores e princípios únicos, há um abismo. A ponte que permite passar de um lado ao outro com segurança e tranquilidade chama-se educação financeira.
Por mim, um alerta: aposentadoria não é sinônimo de parar de trabalhar. No que diz respeito ao planejamento financeiro, aposentar-se significa criar as condições ideais para desvincular-se de certas obrigações e trabalhar/viver realizando tarefas agradáveis e que lhe permitam continuar aprendendo e ensinando.
Aliás, já há estudos que dizem que a aposentadoria no sentido tradicional pode ser prejudicial à saúde. Você já tem um plano de previdência complementar? Se não, deveria.
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