O presidente Donald Trump acaba sempre fazendo das suas. Sua ascensão política foi sempre polêmica, com discussões nem sempre polidas com a sua adversária democrata, Hillary Clinton. Além de ter como base de apoio os segmentos industriais mais antigos e poluidores que os presidentes anteriores se encarregaram de irem substituindo.
Em sua trajetória política, prometeu resgatar esses setores e fazer uma “américa para os americanos”. Ameaçou tributar empresas que realizaram investimentos no exterior e comemorou quando algumas anunciaram a volta dos investimentos e emprego no país.
Sua eleição foi esdrúxula, com menos votos que Hillary, mas consagrado pela forma de colégio eleitoral, foi eleito presidente dos EUA. Desde que assumiu a presidência, Trump se envolveu em inúmeras polêmicas, como a acusação de cumplicidade com os russos na confecção de “fakes news” que supostamente teriam alterado o resultado final do pleito. Convidou alguns ricos e outros sem experiência para figurarem em seu governo. Desde novembro de 2016, boa parte de seus colaboradores já foram trocados. Em alguns casos, nem dá tempo para decorar o nome do secretário, tamanha a rotatividade.
Perda de um dos mais importantes conselheiros
Na semana passada, Trump perdeu seu mais importante conselheiro econômico da Casa Branca, Gary Cohn, por discordar da medida adotada pelo governo de sobretaxar aços em 25% e alumínio em 10%.
Nessa semana, Trump trocou outro secretário importante, Rex Tillerson, pelo chefe da CIA, Mike Pompeo. Sempre utilizando sua conta do Twitter, Trump antecipa fatos e provoca constrangimentos.
Isso sem falar que de pronto aceitou encontrar Kim Jong Um em convite transmitido pela Coreia do Sul, para depois negar, e novamente ser confirmado o encontro em lugar neutro pelo secretário Tillerson que estava de saída. Trump segue abalando o mundo e governando a maior nação como se fosse seu programa de TV, The Apprentice.
Seguindo o plano de governo
Mais uma coisa ninguém pode criticar. Donald Trump está cumprindo quase tudo que prometeu em sua plataforma de campanha. Conseguiu emplacar a reforma tributária, continua meio travado na elevação do teto da dívida e introduziu um turbilhão na economia global, ao anunciar a tarifação nas importações de aço e alumínio. Essa é a nova notícia que está deixando todos nervosos.
A OMC (Organização Mundial do Comércio) já disse ser difícil falar em compatibilizar sobretaxas com regras multilaterais e adverte existirem riscos de o comércio transnacional sofrer alguma paralisação. Isso certamente reduziram as projeções de crescimento global. Nenhum país deseja abrir guerra comercial com os EUA, mas muitos dizem que vão lutar por seus direitos.
Dirigentes de organismos internacionais falam mais duros, como Claude Juncker da União Europeia que declarou ser preciso respeitar regras e que pode adotar retaliações se forem confirmadas as tarifas.
Balança comercial um problema para os EUA
O governo americano com essa atitude tenta resolver dois problemas principais. O primeiro relacionado com sua balança comercial; que está cada vez mais deficitária. Janeiro último registrou déficit de US$ 56,6 bilhões, o maior em nove anos. Também mira na China que em fevereiro anunciou superávit nas transações com os EUA de US$ 21 bilhões.
O segundo problema é político, já que Trump poderia perder o controle do Congresso Americano nas próximas eleições e precisa trazer para junto de si seus eleitores mais tradicionais. Se perder a maioria no Congresso, acontecerá com Trump o mesmo que ocorreu com Obama, que teve enormes dificuldades de aprovar coisas simples.
Por enquanto, tudo que temos ouvido sobre retaliações e denúncias estão mais no campo da retórica e sem efeitos práticos. Mas isso pode mudar e comprometer a recuperação econômica global. Vamos torcer para que isso não ocorra.