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Trump quer o Biden de volta

A campanha de Trump está tendo que gastar publicidade até na Carolina do Norte, que antes parecia toda a favor de Trump

por tixanews
3 min leitura
Biden e Trump

Trump está se sentindo injustiçado. Ele tem dito que não é justo que ele tenha ganho de Biden e agora tenha que ganhar de Kamala. É injusto que ele tenha torrado dinheiro contra Biden e agora venha a Kamala. É, a vida não é justa mesma, Sr. Trump. (Parte da imprensa americana é tão educadinha!!! Sempre escreve Sr. Trump ou Sra. Harris – Harris é a Kamala, não se perca.)

Nesta semana, enquanto Kamala escolhia seu vice, Trump escreveu que ouviu que tem um grande movimento para trazer Joe de volta à disputa. Em uma postagem na sua rede social, a tal Rede da Verdade, ele questionou as chances de Biden invadir a convenção nacional e tentar a nomeação. Sim, BRASEW, parece que Trump quer o Biden de volta. (Vamos combinar que era bem mais fácil de derrotar.)

A sensação é de que Trump se perdeu no combate e não consegue achar um caminho para atacar a Kamala. Ele está preso ainda na campanha contra o Biden.

As táticas, por enquanto, estão tão ruins que os republicanos estão de cabelo em pé. Trump começou a questionar a identidade negra da Kamala, a chamá-la de louca, a falar que ela tem QI baixo e ainda se perdeu na Geórgia comprando uma briga com um governador que é do partido dele. Detalhe: a Geórgia está entre aqueles estados indecisos que decidem eleição e o tal governador é popular por lá.

A propósito, ele vive tentando emplacar apelidos. O mais novo é Kamabla. Mas até agora ninguém arriscou dizer o que exatamente significa.

Mas sejamos justos com Trump, ele tem escrito que Biden pode voltar à disputa em um esforço de narrativa para dizer que Kamala é à esquerda demais e isso assustaria os eleitores a ponto de o Biden estar cogitando voltar à disputa. Que plot twist, hein, Tixa?

Veja o que ele escreveu:

“Quais são as chances de que o corrupto Joe Biden, o PIOR presidente da história dos EUA, cuja presidência foi inconstitucionalmente ROUBADA dele por Kamabla, Barack HUSSEIN Obama, a louca Nancy Pelosi, o astuto Adam Schiff, o chorão Chuck Schumer e outros da esquerda lunática, INVADA a Convenção Nacional Democrata e tente retomar a nomeação, começando por me desafiar para outro DEBATE. Ele sente que cometeu um erro historicamente trágico ao entregar a presidência dos EUA, um GOLPE, para as pessoas no mundo que ele mais odeia, e ele a quer de volta, AGORA!!!”

Sim, precisa fazer um esforço grande de interpretação, darling, porque do jeito que ele fala parece mesmo que ele acredita que o Biden vai voltar.

O Sonho

O sonho da campanha de Trump é que ele de fato foque nisso: em chamar Kamala e agora seu vice de esquerdistas. No bom português bolsonarista, seria de comunista mesmo. Mas lá, em inglês, eles dizem “liberal”. Kamala é “perigosamente liberal”. É, darling, lá os liberais são de esquerda.

Sempre é sonho, né? Porque vocês lembram o que ele fez na convenção? Aqui você relembra.

Ontem parece que Trump obedeceu a cartilha e disse o seguinte, em entrevista à Fox, sobre a chapa Kamala e Walz (o vice): “Esta é uma chapa que quer que este país se torne comunista imediatamente, se não antes.”

Parabéns, Sr Trump. Você conseguiu.

Parênteses. Outro dia li o artigo de um historiador americano (não consigo encontrar o nome dele aqui, mas como a explicação é boa, reproduzo) explicando como os termos políticos se afastaram da intenção original e que hoje é até difícil de sabermos do que estamos falando. O Liberalismo, por exemplo: “sabemos que está relacionado à liberdade. Mas na filosofia e na teoria política, “liberalismo” é usado para significar tanto a liberdade de fazer coisas, como envolver-se na busca da felicidade, como a liberdade de coisas, como a violência e o controle governamental. O liberalismo moderno é de centro-esquerda, mas o liberalismo clássico da economia laissez-faire e do governo limitado está associado à direita.” Fecha parênteses.

Aqui alguns probleminhas novos da campanha de Trump

— atrasos na divulgação de anúncios de ataque contra Kamala, que são vistos como essenciais para apontar as fraquezas dela.

— dúvidas entre os próprios republicanos e doadores sobre a escolha do JD Vance como vice.

— preocupações de que o Trump fique nessa de xingar ao invés de focar nas posições políticas da Kamala.

— pesquisas mostrando Kamala na frente. Na média de pesquisas, a diferença é de um ponto a favor da democrata.

— pesquisas mostrando Kamala na frente também nos estados indecisos, alguns que eram de Trump anteriormente.

— a vantagem de arrecadação de fundos que o Trump tinha nos últimos dois meses, se acabou desde que Kamala entrou na disputa. Só em julho, ela conseguiu US$ 310 milhões.

— Mais de 1,3 milhão de pessoas se inscreveram para participar dos comícios de Kamala. Fica difícil dizer que ela está sem apoio.

O que a campanha de Trump quer que ele diga

— Kamala é esquerda demais.

— Kamala é a czar da fronteira e não vai nunca resolver o problema de imigração.

— Ela apoia criminosos e até criou um fundo para tirar “criminosos” da cadeia nas manifestações do Black Lives Matter.

— Tim Walz, seu vice, deixou o pessoal destruir cidades nos protestos do Black Lives Matter e demorou a agir.

— Kamala é woke demais (um vídeo dela dizendo que temos que ser woke viralizou nesta semana.)

Para os Perdidos. Woke significa “Acordei.” Mas recentemente ganhou significados mais políticos, indicando a linha a que alguém se associa. E, no caso, uma linha bem à esquerda.

— Kamala está fora de sintonia dos americanos com questões como policiamento e políticas transgênero.

— Tim Walz disse que segurou armas na guerra, mas deixou a Guarda Nacional na véspera da guerra do Iraque.

— Kamala é a responsável junto com o Biden pela inflação americana.

Expectativa

Conquistar os eleitores indecisos do Cinturão da ferrugem e do Cinturão do Sol. Os tais estados indecisos.

Realidade

A campanha de Trump está tendo que gastar publicidade até na Carolina do Norte, que antes parecia toda a favor de Trump.

Aposto que você já esqueceu

Em julho, Trump sofreu um atentado e saiu dele gritando Lute, Lute. Foi para a convenção republicana como herói e nada parecia que ia tirar a eleição dele. Então, confiante, ele escolheu como vice um trumpista mais trumpista que ele, largou mão do discurso unificador e resolveu falar um monte de coisas nada a ver na convenção. No domingo seguinte, Biden desistiu e aí a Kamala chegou para bagunçar a campanha dele.

De olhos nas pesquisas

TUDO IGUAL. Aqui nesse cantinho a gente mostra como estão a média das pesquisas para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 0,5 ponto à frente do Trump, mesma média do dia anterior. Pela média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está na frente com 1 ponto a mais do que Trump.

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