A possibilidade de imposição de tarifas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, volta a ganhar força. Desta forma, os índices de ações norte-americanos caem e contaminam o Ibovespa (IBOV) na sessão desta quarta-feira, 8.
Assim, até o fechamento pode interromper uma sequência de duas elevações seguidas, após ter caído à menor marca em cerca de dois anos na sexta-feira. Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,95%, aos 121.162,66 pontos.
Após ir à máxima em 121.160,25 pontos, o Ibovespa voltou a cair para o nível dos 119 mil pontos por volta das 11 horas. Assim, retorna para o negativo em janeiro e recua em quase toda a carteira, diferentemente do visto na véspera.
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Ao mesmo tempo, o dólar retoma a trajetória de alta e a curva de juros está abrindo, seguindo a ponta longa nos Estados Unidos, pontua Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
“Nem noticias positivas conseguem evitar a queda. O técnico está muito desfavorável”, diz Larissa Quaresma, ao citar o leve aumento nas cotações do petróleo que não impede queda nas ações da Petrobras entre 0,65% (PN) e 0,92% (ON).
Conforme reforça Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, não há gatilhos para o Ibovespa neste momento em relação a fundamentos. “Sem triggers, só o preço chama a atenção dos gestores. Não há mudança estrutural”, diz.
Desta forma, o mercado passa por ajuste quando sobe forte, diz, completando que o tom mais protecionista de Trump deve continuar pesando no dólar.
Para a Monte Bravo, a ausência de clareza na conduta fiscal do governo brasileiro reforça a necessidade de uma postura defensiva do investidor neste momento, recomenda a primeira Carta Mensal de 2025 da corretora, enviada com exclusividade ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Segundo o documento assinado pelo estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, a política fiscal expansionista atual no Brasil exige juros reais elevados, levando o risco de um cenário pessimista se concretizar.
Neste caso, o Ibovespa cederia aos 100 mil pontos. Contudo, se prevalecer as estimativas otimistas, que levem em conta melhorias fiscais, por exemplo, o índice teria fôlego para subir até os 138 mil pontos no final de 2025.
“Não é o momento para investir em empresas alavancadas sem garantias reais relevantes, pois o custo da dívida tende a permanecer elevado por um longo período”, afirma Mathias. O ideal, sugere, é focar em companhias
Conforme Larissa Quaresma, a tendência é de um dólar forte seja pela possibilidade de uma gestão de Donald Trump mais protecionista, com mais tarifárias comerciais e menos impostos para empresas americanas.
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Ainda hoje os investidores avaliarão a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sairá à tarde.
Mais cedo saiu a pesquisa ADP de emprego no setor privado dos EUA, que mostrou certo arrefecimento, após indicadores de atividade mais fortes do que o esperado divulgados ontem terem reduzido as apostas de mais cortes pelo banco central americano.
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No exterior, hoje há relatos de que Trump considera declarar uma emergência econômica nacional para fornecer justificativa legal para um grande pacote de tarifas universais sobre aliados e adversários.
Além do recuo no mercado de ações em Nova York, o petróleo arrefeceu o ritmo de alta há pouco, e o ADR da Petrobras cedia mais de 1,00% por volta das 9h30, com o da Vale recuando 0,23%.
A desvalorização ainda reflete o recuo de 0,73% do minério de ferro em Dalian, na China.
No Brasil, a produção industrial de novembro é destaque. Apesar de ter apresentado recuo em relação a outubro, de 0,6%, conforme o esperado, cresceu 1,7% no confronto interanual.
Assim, tende a reforçar a ideia de que a atividade permanece aquecida, elevando as apostas de uma Selic elevada por mais tempo, em meio ainda a incertezas fiscais.
Às 11h30, o Ibovespa cedia 0,92%, aos 120.052,07 pontos, ante recuo de 1,12%, aos 119.800,84 pontos, mínima, vindo de máxima em 121.160,25 pontos. Só cinco ações subiam, de um total de 87.