A Comissão Europeia lançou uma investigação nesta quarta-feira sobre a possibilidade de impor tarifas punitivas para proteger montadoras da União Europeia contra importações de veículos elétricos chineses que, segundo o órgão, estão se beneficiando de subsídios estatais.
“Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos mais baratos. E seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em discurso anual ao parlamento do bloco, visto por muitos em Bruxelas como um argumento para sua recondução a um segundo mandato.
A Comissão terá até 13 meses para avaliar se deve impor tarifas acima da taxa padrão de 10% do bloco para automóveis em seu caso de maior visibilidade contra a China desde que uma investigação sobre painéis solares chineses evitou por pouco uma guerra comercial há uma década.
A investigação antissubsídios abrange carros movidos a bateria da China e, portanto, também inclui marcas não chinesas fabricadas no país, como Tesla, Renault e BMW.
A medida também é incomum, pois foi iniciada pela própria Comissão Europeia, e não em resposta a uma reclamação do setor.
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No Brasil, a associação de montadoras de veículos Anfavea tem reclamado contra a isenção de imposto de importação sobre veículos elétricos e cobrado a volta do tributo a 35%.
Na véspera, a montadora chinesa BYD, criticou a entidade citando que o pleito vai contra objetivos de descarbonização do governo federal.
As montadoras chinesas de veículos elétricos, desde a líder de mercado BYD até as rivais menores Xpeng e Nio, estão intensificando esforços de expansão no exterior à medida que a concorrência se acirra no país e o crescimento interno diminui.
As exportações de automóveis aumentaram 31% em agosto, após um salto de 63% em julho, segundo dados da Associação de Carros de Passageiros da China (CPCA).
O preço médio de um carro elétrico da China na Alemanha foi 29% menor do que a média dos modelos não chineses, sem contar incentivos ou descontos, de acordo com a Jato Dynamics. Na França foi 32% menor e 38% mais baixo no Reino Unido.
A Comissão Europeia disse que a participação da China nos veículos elétricos vendidos na Europa aumentou para 8% e pode chegar a 15% em 2025, observando que os preços são normalmente 20% inferiores aos modelos fabricados na UE.

Os modelos chineses mais populares exportados para a Europa incluem as marcas MG, da SAIC, e Volvo, da Geely.
Von der Leyen enfatizou a importância dos veículos elétricos para os ambiciosos objetivos ambientais da União Europeia.
“A Europa está aberta à concorrência. Não para uma corrida para o fundo do poço”, disse ela ao Parlamento Europeu, observando que o bloco não quer repetir a experiência do setor de painéis solares, que foi dizimado por importações chinesas mais baratas.
Os subsídios estatais chineses para veículos elétricos e híbridos foram de 57 bilhões de dólares entre 2016 e 2022, de acordo com a empresa de consultoria AlixPartners, ajudando a China a se tornar o maior produtor de veículos elétricos do mundo e a passar o Japão como o maior exportador de automóveis no primeiro trimestre deste ano.