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União entre Arezzo e Soma divide especialistas sobre eventuais obstáculos no Cade

"O Cade, de muitos anos para cá, tem tido uma postura bastante positiva nesse setor", disse Ulysses Reis, coordenador de Varejo da Strong Business School (SBS), conveniada da Fundação Getulio Vargas (FGV)

por Reuters
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(Imagem: Reprodução/Facebook/Arezzo)

A ideia de que a união entre as empresas de varejo de moda Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3) pode enfrentar obstáculos no processo de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) dividiu especialistas consultados pela Reuters, com alguns considerando que o futuro megagrupo pode ter aprovação condicionada a algumas exigências e outros não vendo a possibilidade de grandes ressalvas à frente.

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“O Cade, de muitos anos para cá, tem tido uma postura bastante positiva nesse setor”, disse Ulysses Reis, coordenador de Varejo da Strong Business School (SBS), conveniada da Fundação Getulio Vargas (FGV), citando fusões anteriores como entre Antarctica e Brahma, DirecTV e Sky e, mais recentemente, Nestlé e Garoto.

Reis observou que o Cade não tende a impedir esse tipo de fusão, mas pode condicionar a aprovação à retirada de alguma marca do negócio, como aconteceu com a Bavária, vendida por determinação do órgão regulador para a operação que criou a Ambev.

“Ele (Cade) pode levantar a questão, por exemplo, da Hering… alegando que, pelo fato da Hering ter um peso tão grande, uma capacidade produtiva tão grande, pode criar uma espécie de desequilíbrio no mercado”, disse Reis, descartando, contudo, a possibilidade de outros questionamentos.

“São marcas diferenciadas, cada uma tem um posicionamento de mercado voltado para um público diferente. Algumas têm produtos diferentes. Então, quer dizer, isso não afetaria o mercado de moda em si.”

As redes de varejo de moda anunciaram no início da semana um acordo de associação para formar uma empresa com faturamento de 12 bilhões de reais. Juntas, elas terão 34 marcas sob gestão, entre elas Schutz, AR&CO, Anacapri, Farm, Hering, Animale e NV, e mais de 2 mil lojas próprias e franquias.

Para a coordenadora da pós-graduação em Negócios e Varejo de Moda da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Marília Carvalhinha, muito dificilmente a fusão vai sofrer alguma reprovação pelo Cade.

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“Apesar de ser um número expressivo (12 bilhões de reais), a gente não consegue identificar aí uma concentração perigosa de mercado, já que o mercado de moda brasileiro fatura em torno de 200, 250 bilhões de reais por ano”, afirmou.

Carvalhinha mencionou o faturamento da Lojas Renner, que teve receita consolidada de 13,2 bilhões de reais em 2022, acrescentando que o setor de moda é muito pulverizado.

“Se a gente for pensar, por exemplo, uma Renner fatura aproximadamente 13 bilhões de reais por ano, que é a nossa maior varejista de moda no Brasil, com uma marca só, uma empresa só.”

Alberto Serrentino, fundador e consultor da Varese Retail Strategy, compartilha da visão e não vê interposição ou limitações grandes por parte do Cade.

No caso da Hering, Serrentino explica que a marca não compete, por exemplo, no mesmo segmento que a rede Reserva, adquirida pela Arezzo em 2020 por 715 milhões de reais. A Cia Hering recusou em 2021 uma proposta de fusão da Arezzo.

“Não deve haver, do ponto de vista estrutural, nada que impeça a aprovação”, disse.

A data prevista para a conclusão do negócio, que também depende do aval de acionistas, é a partir de 2025, segundo executivos das companhias. O diretor financeiro da Arezzo&Co, Rafael Sachete, disse a jornalistas no início da semana que o acordo não será uma questão complexa de aprovação dentro do Cade.

A analista de varejo da Levante Corp, Caroline Sanchez, também sugere que o Cade pode impor condições para a aprovação.

“Talvez a venda de ativos, não sabemos ao certo ainda, mas não tem como se descartar, porque é uma concentração grande de marcas”. Sanchez, no entanto, afastou a possibilidade do órgão barrar a operação.

Os executivos das empresas afirmaram a jornalistas que não pretendem se desfazer de nenhuma das 34 marcas, com o presidente do Grupo Soma, Roberto Jatahy, dizendo ainda que “as oportunidades de M&A são grandes” na vertical de vestuário feminino, que é mais pulverizada, onde a nova empresa tem menos participação.

Para Sanchez, o fato de as marcas estarem um “pouco mais concentradas” no segmento premium, sem concorrer diretamente com participantes como Renner ou Riachuelo, também é “um pouco mais positivo para a transação”.

A Arezzo&Co tem uma participação de mercado de cerca de 30% no mercado de calçado e acessórios, contra 9-10% de Lojas Renner, cerca de 7% da Guararapes, dona da Riachuelo; 6% da C&A, 2,5-3% da Marisa e 5 a 6% do Grupo Soma, afirmou Sanchez, citando dados da empresa britânica de pesquisa de mercado SimilarWeb.

“Vale lembrar que, por mais que vá se tornar uma grande holding, elas vão ter gestões independentes… A forma como está sendo desenhada essa transação, já está sendo pensada nessa questão de uma possível concentração de mercado que poderia sofrer algum impasse com o Cade.”

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