O BTG Pactual divulgou uma análise dos resultados da Vale (VALE; VALE3) no terceiro trimestre de 2024, ressaltando a melhoria operacional da companhia, mas com um alerta para a fraca geração de caixa livre (FCF). O banco manteve a classificação “neutra” para a mineradora, destacando avanços na gestão de custos e no negócio de minério de ferro, mas apontando pressões no segmento de níquel e a ausência de dividendos extraordinários no curto prazo.
A Vale registrou um Ebitda ajustado de US$ 3,7 bilhões, superando em 8% a expectativa do BTG. Esse resultado foi impulsionado por maiores embarques de minério de ferro e uma melhora nos preços realizados, que ficaram 4% acima das estimativas. A performance foi positiva, especialmente no segmento de pelotas, e o banco destacou a confiança da gestão da Vale em cumprir o limite inferior da projeção de custo de caixa (C1) de US$ 21,5 a 23 por tonelada.
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Apesar dos bons números no minério de ferro, o banco expressou preocupação com a fraca geração de caixa da Vale no trimestre, que foi praticamente nula. Além disso, o segmento de níquel apresentou resultados negativos, com um Ebitda ajustado de -US$ 66 milhões, impactado pela queda de 9% nos preços e pela descontinuação da consolidação da operação da PTVI (Vale Indonésia). O BTG sinalizou que o ambiente de preços do níquel continua desafiador e precisa de atenção.
No segmento de metais básicos, o cobre foi o destaque positivo, com EBITDA ajustado de R$ 360 milhões, um crescimento de 3% em relação ao trimestre anterior e de 34% na comparação anual. O desempenho foi sustentado por volumes mais altos e forte disciplina de custos, com o break-even (ponto de equilíbrio) de EBITDA do cobre caindo para US$ 2.851 por tonelada.
Apesar dos desafios, o BTG reconhece que a Vale está em uma trajetória de recuperação operacional, especialmente no negócio de minério de ferro, onde a empresa continua a melhorar sua performance de custos e volumes. A produção de minério de ferro e a redução dos custos de produção, que atingiram US$ 18,2 por tonelada em setembro, são fatores que o banco considera promissores para a continuidade da recuperação nos próximos trimestres.
Por outro lado, o banco destacou que o ambiente macroeconômico, especialmente o cenário de desaceleração da economia chinesa e as incertezas sobre a demanda por aço, ainda representam riscos significativos para a Vale. O BTG mencionou que, mesmo com algumas medidas de estímulo econômico sendo discutidas na China, o setor de minério de ferro continua vulnerável e pressiona a recuperação dos preços.
Em relação à remuneração dos acionistas, o BTG foi cauteloso ao afirmar que, dada a fraca geração de caixa livre e a expectativa de dividendos na faixa de 6% a 7%, a Vale não deverá pagar dividendos extraordinários nos próximos anos. Essa perspectiva contribui para a manutenção da classificação “neutra” pela equipe do banco, que opta por aguardar uma maior clareza no cenário macroeconômico antes de revisar sua avaliação.