A Ativa Research rebaixou a sua recomendação para o Ibovespa (IBOV) de compra para neutro, mostra um relatório divulgado nesta terça-feira (8) e assinado pelo analista Pedro Serra. Segundo ele, contudo, tanto pela ótica dos múltiplos quanto pelo valor presente dos fluxos de caixa (DCF), muitas ações negociam em níveis “baratos” (veja a lista no final da matéria).
O relatório aponta que, embora ainda haja algumas oportunidades pontuais, especialmente em commodities com exposição à China, os fatores econômicos domésticos e internacionais levam a uma postura mais cautelosa em relação à bolsa brasileira.
O novo alvo para o índice Ibovespa é de 142 mil pontos até dezembro de 2025. A projeção é o equivalente a um potencial de valorização de apenas 8%.
No cenário doméstico, a principal preocupação da Ativa Research está relacionada ao ciclo de elevação da taxa Selic. O Banco Central aumentou a Selic para 10,75% e, segundo o relatório, deu sinais de que esse ciclo de aperto monetário pode ser mais longo do que inicialmente previsto. Isso é visto como um fator negativo para o desempenho da bolsa, já que juros mais altos tendem a desincentivar investimentos em ações.
Além disso, a Ativa destaca o cenário fiscal brasileiro como outro ponto de incerteza. A recente avaliação de receitas e despesas do governo frustrou expectativas ao adiar cortes de despesas e recorrer a mecanismos polêmicos, como a exclusão de certas despesas do cálculo do resultado primário. A falta de clareza sobre a eficácia do novo arcabouço fiscal é vista como um risco adicional para o mercado acionário.
No plano internacional, o ciclo de corte de juros do Federal Reserve (Fed) também preocupa. O banco central americano iniciou a redução de juros com um corte de 0,50%, mas a força da economia dos Estados Unidos, refletida nos dados recentes de emprego (Payroll), pode forçar o Fed a reduzir o ritmo dos cortes para 0,25 pontos-base. Isso sugere que a política monetária americana pode se manter mais apertada por mais tempo, o que impacta o fluxo de capitais para mercados emergentes, incluindo o Brasil.
Sobre a China, o relatório menciona que, embora o governo chinês tenha anunciado novas medidas de estímulo para o mercado imobiliário no final de setembro, essas iniciativas têm mais valor qualitativo do que quantitativo. Pequim está focando em estimular a demanda, algo que os economistas consideram necessário, mas que, por si só, não resolve os desafios econômicos enfrentados pelo gigante asiático.
Ações continuam baratas
Apesar dessas preocupações, o relatório da Ativa Research aponta que o valuation das empresas brasileiras ainda é considerado “barato”, oferecendo uma margem de segurança e um potencial de valorização no longo prazo.
A última temporada de resultados corporativos também foi positiva, segundo a Ativa, o que ajudou a sustentar as expectativas de lucro das empresas listadas. Isso confirma que, apesar do cenário macroeconômico desafiador, há fundamentos sólidos que podem apoiar uma recuperação do mercado.
Apesar do cenário pouco otimista para o Ibovespa, o analista Pedro Serra divulgou uma lista de Top Picks que devem superá-lo:
| Empresa | Código | Preço-Alvo |
|---|---|---|
| Gerdau | GGBR4 | R$ 26 |
| Prio | PRIO3 | R$ 66 |
| SLC | SLCE3 | R$ 24,60 |
| Vale | VALE3 | R$ 75 |
| Lojas Renner | LREN3 | R$ 21,30 |
| Hapvida | HAPV3 | R$ 5,40 |
| Mercado Livre | MELI34 | R$ 86,70 |
| Ambev | ABEV3 | R$ 16,60 |
| Eletrobras | ELET6 | R$ 54,00 |
| Sabesp | SBSP3 | R$ 130 |
