O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo encerrou-se por volta das 12h30 desta terça-feira (17). Com duração superior a duas horas, o evento foi iniciado de forma turbulenta. Logo no primeiro bloco, durante dinâmica de perguntas e respostas, Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) trocaram gritos e xingamentos, resultando em advertências para ambos.
A apresentadora teve que intervir e solicitar que não houvesse ofensas entre os candidatos. Depois, nem todos responderam objetivamente às perguntas, e as discussões sobre propostas ficaram limitadas, principalmente em dinâmica de questionamentos feitos por jornalistas, tornando a discussão morna.
Realizado pela Rede TV! em parceria com o UOL, o debate teve as cadeiras parafusadas no chão devido ao incidente do último debate, na TV Cultura, quando Datena jogou uma cadeira em direção a Pablo Marçal. Durante o evento desta quarta, houve acusações diretas entre os candidatos, mas eles não interagiram diretamente entre si.
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Participaram os seis nomes mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Marina Helena, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e Tabata Amaral.
A última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira, 12, mostrou um empate técnico entre Nunes e Boulos, com 27% e 25%, respectivamente. A margem de erro é de três pontos porcentuais para mais ou para menos. Marçal aparecia com 19%, Tabata com 9% e Datena 6%. Marina Helena tinha 3%.
Já a mais recente pesquisa do Instituto Veritá, divulgada nesta segunda-feira (16), coloca Pablo Marçal (PRTB) na liderança com 35,2% das intenções de voto na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Em segundo lugar aparece Guilherme Boulos (PSOL) com 28,4%, seguido pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tem 19,8%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Datena diz não estar feliz
Datena fez mea culpa após ter agredido Marçal com uma banqueta de ferro durante o debate promovido pela TV Cultura no último domingo, 15. “Eu não tenho palavreado político. Não sei falar como político. Não sei agir como político. Não estou feliz com o que aconteceu no último debate”, afirmou o candidato nesta terça-feira, 17, no debate da Rede TV em parceria com o UOL.
A declaração ocorreu na primeira pergunta do debate, feita por Guilherme Boulos (PSOL) numa tentativa de dobradinha com o tucano. No entanto, no direito de resposta concedido pela emissora após ser ofendido por Marçal, Datena assumiu novamente um tom mais agressivo.
“Pode me provocar do jeito que você quiser. Eu não vou partir para a agressão com você porque eu não bato em covarde duas vezes”, disparou contra o influenciador. “Eu me arrependo desse ato, mas muitos juristas já consideraram como legítima defesa da honra”.
Nunes e Datena classificam Marçal de golpista
TantoDatena quanto Nunes usaram o direito de resposta aprovado para falar sobre Marçal. Datena iniciou sua fala afirmando que o ex-coach continuava atacando sua honra e sua família “sem fundamentos” e o acusou de ter enriquecido com golpes.
Por sua vez, o atual prefeito aproveitou a oportunidade para reafirmar que Marçal teria crescido às custas de golpes em pessoas e disse que se manterá “sereno” quanto às acusações do candidato.
Marçal também obteve direito de resposta em relação às declarações de ambos e os atacou simultaneamente, classificando Nunes como “bandido” e Datena como “orangotango”.
Discussão entre Tabata e Helena
A candidata Marina Helena perguntou para a candidata Tabata Amaral quantas viagens de jatinho particular ela fez para ver o seu namorado, o prefeito de Recife (PE) João Campos que busca reeleição. A pergunta foi feita nesta terça-feira, 17, no debate da RedeTV! TV em parceria com o UOL. “Quem pagou e de quem era esse avião?”, disparou a economista.
Tabata respondeu que nunca utilizou de jatinhos para encontrar Campos. “Se você está curiosa sobre o meu relacionamento pessoal, tem uma série no YouTube que eu trago a minha história e trago também um pouco a minha relação com o João”, respondeu.
A deputada federal aproveitou o restante do tempo para falar sobre sua proposta de ampliação da escola em tempo integral e criticou o prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
“Durante a gestão do Ricardo Nunes, São Paulo foi a capital que mais caiu no ranking nacional de alfabetização. Caímos 19 posições. Ele será o primeiro prefeito da história a entregar resultados menores no Ensino Fundamental 1 e 2 em Português e Matemática do que recebeu”, afirmou.
Na réplica, Marina Helena continuou atacando Tabata e questionou a candidata sobre falta de transparência. A deputada foi pontual em retorno: “Aguarde um processo”.
Datena diz que não traiu ninguém
Datena justificou a “quebra” de acordo com a candidata Tabata: “Eu não traí ninguém”, afirmou o tucano.
A resposta foi dada a uma pergunta da jornalista Raquel Ladim. “Foi tratada uma ida para o PSDB para que ela tivesse mais tempo de televisão. Estando no partido a convite, eu tinha o direito cívico de assumir a posição de candidato a prefeito. Eu telefonei para a Tabata e a informei”, disse.
O tucano salientou que respeita a candidata e que o fato dela estar na frente dele nas pesquisas é mérito dela. Além disso, ressaltou a importância de ter mais mulheres na política e nos cargos públicos.
Boulos critica Nunes
No primeiro bloco do debate, durante uma rodada entre Boulos e Nunes, o candidato do PSOL criticou o atual prefeito, mencionando o episódio anterior de desentendimento com Marçal, e afirmou que Nunes demonstra desequilíbrio.
Nunes iniciou a rodada direcionando a Boulos uma pergunta sobre um projeto de lei de segurança pública que, segundo ele, “beneficiaria traficantes”. O candidato do PSOL rebateu, afirmando que a acusação era falsa, e comparou Nunes a Marçal, dizendo que ambos demonstram o mesmo “nível de despreparo e desequilíbrio”.
“O que eu defendo é que se separe-se e diferencia usuários de traficantes”, afirmou.
Na réplica, Nunes acusou Boulos de não responder à pergunta feita e solicitou que ele abordasse o tema na tréplica. O candidato psolista reiterou a fala sobre desequilíbrio e o acusou de prometer inúmeros projetos não feitos.
Marçal pede desculpas a Tabata
Marçal pediu perdão à deputada federal Tabata Amaral. “Aqui ninguém reconhece nada. Eu reconheço. Eu realmente fui injusto com a Tabata. Eu acho que passei do limite”, disse o empresário.
Em julho, Marçal responsabilizou a família de Tabata pelo suicídio do pai numa sabatina promovida pelo UOL/Folha de S Paulo. O falecimento do pai da candidata em 2012, quando ela tinha 18 anos e havia terminado o Ensino Médio. Na época, ele chegou a dizer que “ninguém se mata por nada”.
No entanto, após uma pergunta de Tabata nesta terça, criticando o comportamento de Marçal nos debates, o influenciador recuou.
“Eu quero saber Tabata. Você me perdoa? Eu cometi um erro em relação ao seu pai. Eu fui injusto com você. Eu peço perdão”, afirmou. A candidata não respondeu ao pedido de desculpas.
Marçal: “Vou seguir apanhando”
O candidato Pablo Marçal utilizou seus momentos finais no debate para reafirmar que vencerá a eleição deste ano no primeiro turno.
“Eu vou continuar levando porrada, mas eu decidi ser servo desse povo”, afirmou. O influenciador aproveitou para fazer referência aos motoristas de aplicativo e fez menção à Bíblia.
“No vale da sombra da morte, mal nenhum temerei porque o senhor Deus está conosco nessa cidade. Quero pedir a você que é cristão e evangélico, se levante contra esses comunistas”, declarou Marçal.
Ricardo Nunes: “Voto de confiança”
Durante suas considerações finais no debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo promovido pela RedeTV! e UOL, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pediu um voto de confiança para continuar na gestão.
Ele afirmou ter se preparado ao longo de sua carreira para o cargo e destacou que utilizou seu conhecimento para recuperar a saúde financeira da cidade. Afirmou que continuará avançando no mesmo caminho e destacou que a decisão de voto terá um impacto significativo na vida de São Paulo.
Marina Helena: “A política é reflexo do nosso voto”
A candidata à Prefeitura de São Paulo Marina Helena (Novo), afirmou que oferece seus valores ao povo e às famílias de SP nas considerações finais do debate. “O que eu tenho para você é o que eu vi dar certo com o (então) ministro da Economia Paulo Guedes. É o que eu vi dar certo nas gestões do Novo, inclusive na prefeitura melhor avaliada do país”, disse.
A candidata sustentou seu último minuto de fala repudiando a violência política, na esteira da cadeirada e da agressividade vista nos últimos debates: “187 registros de violência política ocorreram no primeiro semestre aqui no Brasil, sendo 43 assassinatos de políticos e seus familiares. A política é reflexo do nosso voto e eu me recuso a acreditar que você trabalhador honesto queira dar o seu voto para estimular esse tipo de comportamento”, declarou.
(Com Estadão Conteúdo)