“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas”.
Confúcio.
Citamos a reflexão de Confúcio para tentar antecipar o que poderá acontecer com os mercados de risco em 2018. O primeiro pressuposto fica por conta da necessidade de aprovação de reformas na previdência social, já que o problema fiscal para os próximos anos é de extrema gravidade, e a previdência é parcela expressiva disso.
O outro pressuposto fica por conta de um candidato reformista assumir a liderança do processo de sucessão do presidente Temer. Não há opção de crescimento minimamente sustentável, sem que o próximo presidente realize reformas estruturantes nos primeiros momentos de seu governo. Ele terá que complementar as mudanças implementadas por Temer e sua equipe. Quanto menos for feito ao longo do próximo ano, mais sobrará para o novo presidente fazer.
Se nada de mais grave acontecer no transcurso de 2018, o tal presidente reformista já herdará economia melhor ajustada e já fora do processo recessivo. Ainda que de forma bastante lenta, as evidências indicam produção industrial em expansão, vendas no varejo crescendo, desemprego em queda e menor comprometimento da renda das famílias. Tudo isso recheado por inflação baixa e juros também. Só isso já incorpora margem de manobra para o novo titular seguir fazendo reformas para ampliar a produtividade e competitividade de nossas empresas. Além de expressão do Brasil no comércio transoceânico.
O quadro de recuperação da economia global certamente dará bom impulso a tudo isso. Já somos bastante competitivos nas exportações de produtos básicos e alimentos in natura, além de semielaborados. Com ajustes, poderemos ser ainda maiores e melhores, surfando essa onda externa.
E já que estamos falando de empresas, nesse cenário vamos encontrar empresas já desalavancadas, com endividamento bem menor e com capacidade de utilizar capacidade ociosa, antes de terem que realizar novos investimentos em suas estruturas produtivas. Significa dizer que vamos ter retornos (lucros crescentes), a volta dos dividendos e juros sobre o capital; fazendo frente à remuneração em queda da renda fixa. Com isso, podemos a falar em carteiras ordenadas para remuneração via dividendos.
Se isso estiver correto, haverá influência sobre preços relativos dos ativos de risco, onde o Brasil já era comparativamente mais baixo que outros emergentes e dispõe de boa liquidez secundária, permitindo o giro de posições.
A isso devemos agregar o fato dos investidores institucionais estarem vazios de posições em ações. Fundos globais estão com baixa exposição ao Brasil, até por conta da perda do grau de investimento. Investidores locais ainda muito focados na renda fixa, mas já avaliando mudanças. O mesmo corre com os fundos de investimento com algo equivalente a somente 8,5% do patrimônio aplicado em bolsa. Somamos as dificuldades dos fundos de pensão em cumprirem planos atuariais, sem o concurso de aplicações de maior risco (ações).
Por conta disso, somos de opinião que ao longo de 2018 haverá boa alocação de recursos em renda variável, e o primeiro impacto se dará na estrutura de preços em elevação, para depois nivelar um pouco mais oferta e demanda por ativos, via IPOs (lançamentos de ações).
Ressaltamos que essa é só uma hipótese factível, mas para que isso aconteça será preciso a incidência daqueles pressupostos citados lá no início. Ou seja, é preciso encaminhar reformas estruturais e termos um presidente reformista e não populista, adepto da famigerada nova matriz econômica.
Portanto, velas ajustadas ao vento! Sugerimos consultas aos nossos profissionais e ao conteúdo de nosso site para maximizar seus retornos.