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Vendas no varejo do Brasil caem 0,2% em agosto

Sobre o mesmo período de 2022, houve alta de 2,3% nas vendas, superando com força o avanço de 1,20% previsto pelos economistas consultados pela Reuters

por Reuters
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 As vendas no varejo brasileiro recuaram em agosto, consolidando a visão de um desempenho mais fraco do setor em 2023 como um todo, ainda que a queda tenha vindo abaixo do esperado por economistas, mostraram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

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O volume de vendas varejistas caiu 0,2% em agosto ante julho, contra avanço de 0,7% no mês anterior, se saindo melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de baixa de 0,70% na comparação mensal.

Sobre o mesmo período de 2022, houve alta de 2,3% nas vendas, superando com força o avanço de 1,20% previsto pelos economistas consultados pela Reuters.

Cristiano Santos, gerente da pesquisa no IBGE, disse que os dados de agosto corroboram a visão de que “o ciclo do comércio (em 2023) como um todo é muito baixo; ora sobe e ora desce, mas é uma performance mais fraca que em anos anteriores”. Segundo ele, o crédito baixo e a maior inadimplência são fatores que têm afetado o consumo neste ano.

Em agosto, quatro dos oito segmentos do comércio varejista pesquisados registraram queda no volume de vendas: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,8%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,2%); Móveis e eletrodomésticos (-2,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-0,4%).

“Ao longo do ano, até agosto, grandes cadeias de lojas de atividades de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, Móveis e eletrodomésticos e Tecidos, vestuário e calçados vivem crises contábeis e estão passando por redução no número de lojas”, explicou Santos.

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“Esse movimento de puxar o indicador (geral) para baixo está muito relacionado à crise contábil que ainda persiste até agosto.”

Na outra ponta, registraram aumento nas vendas em agosto os grupos Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%); Combustíveis e lubrificantes (0,9%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%).

O crescimento no grupo de hiper e supermercados “tem a ver com a desaceleração da inflação na parte alimentícia”, disse o gerente da pesquisa, “com maior renda para o consumidor adquirir produtos”.

Por outro lado, no comércio varejista ampliado — que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo — o volume de vendas recuou 1,3% em agosto frente a julho, após queda de 0,4% no mês anterior.

“O desempenho abaixo do esperado tanto do comércio (ampliado) quanto de serviços corrobora nossa visão de que teremos uma desaceleração forte da atividade no segundo semestre”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

Dados da véspera mostraram que o volume de serviços do Brasil teve queda acentuada em agosto, em resultado que interrompeu uma sequência de três meses de ganhos e frustrou com força as expectativas de economistas.

Dados de atividade do Brasil referente aos dois primeiros trimestres do ano vieram bem acima do esperado pelo mercado, mas a expectativa sempre foi de que haveria arrefecimento a partir da segunda metade de 2023 conforme a economia sente os efeitos defasados da política monetária contracionista do Banco Central.

O Comitê de Política Monetária já cortou a taxa Selic em 1 ponto percentual no acumulado de suas duas últimas reuniões, mas, em 12,75%, os juros básicos continuam muito restritivos à atividade, e devem permanecer em patamar contracionista por um bom tempo, mesmo com o atual ciclo de afrouxamento monetário.

“Os juros em queda ainda não tiveram uma grande tração no consumo”, disse Santos, do IBGE.

“Para o comércio ganhar fôlego é preciso uma série de fatores: crescimento do crédito, de renda, massa real, do emprego e menos inflação. Isso dá chance para o orçamento chegar ao consumo.”

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