A Verde Asset Management, do gestor Luis Stuhlberger, avalia que as expectativas para as eleições nos EUA – em 5 de novembro – deve “se tornar fator dominante na precificação dos ativos” nos próximos meses, revelam as cartas dos fundos publicadas nesta segunda-feira (8).
“A performance sofrível do presidente Biden no primeiro debate elevou substancialmente a probabilidade de vitória do ex-presidente Trump”, destacam os documentos.
Os gestores disseram que estão posicionando o portfólio para se beneficiar disso.
“O fundo manteve sua alocação em bolsa brasileira em 7,5%, enquanto a global se expandiu passivamente para 6%. Em juros mantivemos alocação comprada em juro real nos EUA e em inflação implícita no Brasil”, explicam.
Em moedas, o Verde continua com a posição comprada em Dólar contra o Real, posição na Rúpia indiana, financiada por posições vendidas no Euro, no Renminbi chinês e no Dólar de Taiwan. A pequena alocação em petróleo permanece, assim como os livros de crédito high yield local e global.
A estratégia do Verde
Segundo o Verde, a performance da bolsa no mês de junho, levemente positiva, exemplifica a natureza de correlação alavancada dos ativos de bolsa locais à taxa de juros americana, mesmo com a piora no cenário doméstico.
“Apesar da recuperação parcial do Ibovespa (IBOV) ao longo do mês de junho, continuamos vendo assimetrias e múltiplos muito atrativos nos ativos listados em bolsa. No entanto, acreditamos que a incerteza no mercado persiste assim como a maior dependência do contexto macro”, ressaltam.
O Verde pondera, contudo, que manteve a concentração dos riscos nas teses de maior convicção e a alocação levemente abaixo do que a considerada neutra.
Atualmente, as principais posições do Verde são Itaú (ITUB4), Energisa (ENGI11), Mercado Libre (MELI34) e BTG Pactual (BPAC11).
Em junho, as maiores contribuições positivas vieram da Suzano (SUZB3) e do Itaú, enquanto os destaques negativos foram Assaí (ASAI3), Mercado Libre e Smartfit (SMFT3).
Fiscal ruim
O Verde também chamou a atenção para os ruídos na comunicação do governo Lula e os seus efeitos sobre o mercado financeiro.
“Enquanto o governo não reconhecer a realidade de que o crescimento do gasto foi descontrolado nestes primeiros dezoito meses de mandato, a situação continuará volátil e difícil”, diz o Verde.
A gestora reconhece que há sinais incipientes de que a percepção do governo mudou nos últimos dias.
“Ainda assim, o custo de dilapidar credibilidade a golpes de retórica vai ser cobrado agora: o mercado precisará ver resultados concretos nos números, e não apenas comprará promessas”, alerta.