Finday 970x90 1
Home Comprar ou VenderAções Você ganharia do mercado possuindo uma bola de cristal?

Você ganharia do mercado possuindo uma bola de cristal?

Jogo desenvolvido por um "mito" do mercado mostra que os investidores não acertam o rumo dos ativos nem sabendo antecipadamente das notícias

por Gustavo Kahil
3 min leitura
2 - Bola de Cristal Mercados Leonardo_Phoenix_A_35yearold_stock_trader_dressed_in_a_crisp_w_0

Um experimento descrito no Wall Street Journal revelou que, mesmo com acesso a uma “bola de cristal” informando manchetes econômicas, os traders não conseguem acertar consistentemente o rumo do mercado. O jogo de simulação, chamado “Crystal Ball Trading Game“, foi criado por Victor Haghani, ex-fundador do Long-Term Capital Management.

Finclass

Nele, jogadores receberam 15 páginas do WSJ ao longo de 15 anos e tentaram prever movimentos dos mercados. Apesar de sua experiência, a maioria dos jogadores falhou em aumentar o capital inicial, e muitos perderam tudo.

O experimento começou com a ideia de que ter uma prévia das notícias que impactariam o mercado garantiria sucesso financeiro. O cenário proposto incluía manchetes importantes, como “Hiring Blows Past Expectations” (Contratações Superam Expectativas), que em 2019 ajudou a elevar o Dow Jones a um recorde.

No entanto, na prática, os traders não conseguiram transformar esse conhecimento em lucros consistentes. Muitos participantes, mesmo com a capacidade de alavancar suas apostas, acabaram com perdas substanciais.

“Se você desse a um investidor as notícias do dia seguinte com 24 horas de antecedência, ele iria à falência em menos de um ano”, ensinou o estatístico matemático Nassim Taleb.

Para Haghani, embora o experimento não tenha testado a declaração de Taleb precisamente, “em geral, achamos que ele está certo. Sua proposição contraintuitiva é tanto perspicaz quanto instrutiva”.

O fracasso não foi limitado a pequenos erros de julgamento. Os jogadores, na média, terminaram o experimento com uma perda de 31%, demonstrando que, mesmo com informações aparentemente privilegiadas, prever os movimentos de mercado é extremamente complexo. Como relatado pelo Wall Street Journal, o problema foi, em parte, atribuído ao comportamento de manada dos mercados, em que traders reagem de forma imprevisível a notícias, seja pela volatilidade intrínseca ou pelas reações emocionais dos investidores.

Finclass

Resultado do experimento

Victor Haghani destacou que o experimento mostrou como mercados são influenciados por fatores irracionais e comportamentos coletivos que não podem ser facilmente decifrados, mesmo com informações claras à disposição. “Traders que receberam uma prévia das notícias econômicas importantes falharam em sua maioria”, destaca o WSJ.

Isso levanta a questão sobre o verdadeiro poder de previsões econômicas, mesmo para investidores com alta especialização e acesso a informações privilegiadas.

O jogo incluía 8.000 jogadores, muitos deles profissionais do setor financeiro, o que torna os resultados ainda mais surpreendentes. Mesmo pessoas experientes no mercado, que teoricamente deveriam ser capazes de utilizar essas informações de maneira eficaz, tiveram dificuldades em acertar a direção correta dos mercados. “Eles acertaram a direção do mercado de ações menos da metade das vezes”, relatou o WSJ.

O mercado é caótico

Haghani também realizou um experimento com dinheiro real em 2015, envolvendo 61 participantes com experiência financeira. Esses participantes, mesmo com uma moeda viciada que oferecia 60% de chance de sucesso em suas apostas, falharam em maximizar seus retornos. Apenas 21% dos jogadores saíram com o prêmio máximo, enquanto 28% perderam tudo, revelando o quanto o gerenciamento inadequado do risco pode prejudicar até as estratégias aparentemente mais vantajosas.

O segundo aprendizado do experimento foi a natureza caótica e emocional dos mercados. Mesmo diante de manchetes claras, os investidores subestimaram a complexidade das reações do mercado. Em muitos casos, os mercados se moveram na direção oposta ao esperado, desafiando a lógica tradicional.

“Ver uma manchete audaciosa não lhe diz como o mercado reagirá”, afirma Haghani.

Essa imprevisibilidade é uma característica fundamental dos mercados, onde as variáveis emocionais e psicológicas desempenham um papel tão importante quanto os fundamentos econômicos. No experimento, alguns participantes tentaram alavancar pesadamente com base em notícias que pareciam garantidas, o que muitas vezes resultou em perdas ainda maiores.

A conclusão do estudo sugere que não há garantias em investimentos, mesmo com uma vantagem informacional. O mercado, como demonstrado no experimento da bola de cristal, responde de maneiras inesperadas e muitas vezes ilógicas. Mesmo quando os investidores têm acesso a previsões, o resultado pode ser contrário ao esperado.

“Mercados são feitos de multidões com emoções complexas”.

Esse fator humano torna o comportamento do mercado imprevisível, desafiando a ideia de que informações privilegiadas podem garantir sucesso financeiro. Isso reforça a importância de estratégias de longo prazo e gestão adequada de riscos, ao invés de tentativas de prever o comportamento do mercado com base em dados imediatos.

Ou sela, a aleatoriedade e a irracionalidade dos mercados, combinadas com a complexidade das reações humanas, tornam a tarefa de prever o futuro uma empreitada arriscada e, na maioria das vezes, infrutífera.

Você pode jogar este jogo aqui: Desafio da bola de cristal

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.