A Volkswagen precisará fazer “esforços significativos de corte de custos” no segundo semestre e depois, se quiser recuperar suas margens de lucro, disse a montadora nesta quinta-feira, depois de divulgar margens “muito baixas” na primeira metade do ano.
O grupo alemão está reduzindo ainda mais a capacidade de produção e alterando gastos com software após investir na fabricante de veículos elétricos Rivian.
A empresa já havia cortado a capacidade em 25% em determinados locais, incluindo sua principal fábrica em Wolfsburg, como parte de uma meta mais ampla de redução da capacidade em 10% em toda a Europa.
A Volkswagen está reformulando globalmente sua linha de produtos com modelos de veículos elétricos sob medida, especialmente para os mercados chinês e norte-americano, enquanto tenta se defender da concorrência de empresas como Tesla e BYD.
Mas, como muitos no setor, a empresa enfrenta uma demanda por veículos elétricos mais lenta do que o esperado, além de desafios na cadeia de suprimentos e custos crescentes – mesmo com os órgãos reguladores da Europa e dos Estados Unidos tentando manter os veículos elétricos chineses baratos fora de seus mercados.
O presidente-executivo da Volkswagen, Oliver Blume, disse nesta quinta-feira que a Volkswagen se juntará a alguns rivais para prolongar sua linha de motores de combustão, potencialmente adicionando novos modelos em suas marcas, mas sem aumentar os gastos totais com investimentos.
Com o foco nos custos, o diretor financeiro, Arno Antlitz, disse que os gastos com investimentos para 2025 a 2029 serão reduzidos para cerca de 165 bilhões de euros, de 180 bilhões para 2024-2028. “Trata-se de custos, custos e custos”, disse Blume.
A Volkswagen está no meio de um esforço de economia de 10 bilhões de euros anunciado em dezembro, com cortes de até 4 bilhões de euros previstos para 2024.
O impacto de algumas medidas, como o incentivo à aposentadoria antecipada, levaria tempo para surtir efeito, disse Antlitz.
Margens e software
A Volkswagen teve lucro no segundo trimestre, antes de juros e impostos, de 5,46 bilhões de euros, abaixo dos 5,6 bilhões registrados no ano anterior.
Esse resultado ficou em grande parte alinhado com as estimativas dos analistas, após um corte na previsão de margem para 2024, em julho, para 6,5% a 7%, de 7% a 7,5%.
A margem operacional de sua principal marca VW caiu para 5% no primeiro semestre devido aos custos de reestruturação, enquanto os retornos da marca premium Audi foram atingidos por gargalos na cadeia de suprimentos.
“Um retorno (do grupo) de 6,3% após seis meses é muito baixo”, disse Antlitz. “Teremos que fazer esforços significativos de corte de custos no segundo semestre do ano e depois, a fim de atingir nossos objetivos.”
A Volkswagen disse em julho que planejava investir até 5 bilhões de dólares na Rivian como parte de um empreendimento para compartilhar plataformas e software de veículos elétricos, o que levou analistas a questionarem o futuro da unidade de software do próprio grupo, a Cariad, que tem sido atormentada por atrasos e prejuízos desde sua criação.
O investimento na unidade cairá como resultado do empreendimento da Rivian, disse Blume nesta quinta-feira.
A Cariad conduziria os esforços da Volkswagen em infotainment e conectividade, mas a plataforma de software de próxima geração seria construída a partir da joint venture, acrescentou Antlitz.