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Voluntariado: como anda a iniciativa das empresas brasileiras?

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Voluntariado: como anda a iniciativa das empresas brasileiras?

No último dia 5 de dezembro foi Dia Internacional do Voluntariado. Você sabia que um a cada cinco brasileiros fez algum trabalho do tipo no último ano? E que muitas empresas estimulam os funcionários a realizarem trabalhos voluntários? Ainda assim, o último relatório do World Giving Index mostrou que somente 13% dos brasileiros declarou ser voluntário, o que percentualmente ainda está bem abaixo dos 40% ou 50% registrado pelos países que estão no topo do índice. O que fazer para aumentar este índice? Como as empresas podem ajudar?

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Para entender melhor como anda a questão do voluntariado no País, o Dinheirama conversou com Marcelo Nonohay, referência na área de voluntariado empresarial e diretor da MGN, empresa especializada em gestão de projetos para transformação social. Ele conta, entre outras coisas, que o voluntariado empresarial já é uma realidade. “As empresas que querem ser relevantes em seus mercados têm que desenvolver esse tipo de iniciativa. Ter um programa de voluntariado empresarial ajuda inclusive a atrair talentos, especialmente dessa nova geração, que buscam trabalhos com propósito e querem trabalhar para organizações com as quais compartilham valores”.

Marcelo, como você avalia a questão do voluntariado no Brasil? O brasileiro é um povo que costuma fazer trabalho voluntário? Pode comparar com alguns outros países?

Marcelo Nonohay: O brasileiro é um povo solidário. Devido ao tamanho do nosso país, sempre figuramos entre os dez maiores contingentes de voluntários do mundo. Quando analisamos em termos percentuais, constatamos que ainda temos muito espaço para crescer. Segundo o último relatório do World Giving Index, que mede três atitudes para compor um indicador de solidariedade, o Brasil teve 13% de pessoas que declararam ser voluntárias. Os países que ficaram no topo do ranking têm de 40% a 50% voluntários. E isso não é um privilégio de países ricos, pois a Indonésia tem mais de 53% de voluntários e Quênia chegou a 45%.

Pode nos explicar o que é o conceito de voluntariado empresarial e qual a sua importância? Poderia citar alguns exemplos bem sucedidos por aqui?

M.N.: O voluntariado empresarial é uma realidade entre empresas de diversos setores e tamanhos. São projetos criados para engajar os colaboradores de empresas em causas sociais. De acordo com o desenho cada iniciativa e política de voluntariado, as pessoas podem atuar tanto no horário de trabalho (neste caso a empresa está doando as horas de trabalho de seus funcionários), quanto no seu tempo livre.

Existe uma tendência para que cada vez mais os programas de voluntariado estejam conectados de alguma forma ao negócio das empresas. Um excelente exemplo de voluntariado corporativo é o da Serasa Experian. Todas as suas ações são voltadas para a Educação Financeira. É um programa que já existe há muitos anos e trabalha com diversos públicos, sempre na perspectiva de levar mais conhecimento sobre finanças pessoais e melhorar a vida das pessoas da comunidade. Outro caso muito interessante é o Instituto C&A, onde o programa de voluntariado tem como objetivo fortalecer a comunidade e realizar ações junto à cadeia da moda, transformando da moda uma força para o bem.

O trabalho voluntário empresarial geralmente é conectado ao negócio ou não?

M.N.: Não existe nenhuma obrigação de haver conexão com o negócio. Às vezes a causa escolhida para o programa de voluntariado está mais ligada a um problema social da área de influência da empresa. Já trabalhamos com uma metalúrgica na Argentina que optou por trabalhar a educação no trânsito como principal bandeira do seu voluntariado por estar em uma região com altos índices de acidentes no trânsito. No entanto, ter um programa de voluntariado empresarial conectado com o negócio faz com que o programa ganhe ainda mais valor aos olhos dos colaboradores, acionistas e até para a sociedade como um todo.

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Como fazer para começar? Funcionários podem se organizar de forma independente dentro da empresa ou o ideal é inserir a iniciativa na política de atuação da empresa?

M.N.: Em alguns casos, o programa nasce de forma orgânica por iniciativas individuais ou coletivas dos funcionários. Em outros casos, essa é uma proposta que nasce no corporativo. O fato é que um programa de voluntariado organizado e maduro tem uma intencionalidade, tem objetivos, acompanha indicadores e deve ser visto como qualquer outro investimento da empresa, porém, neste caso, os resultados esperados são de impacto social.

Como obter sucesso em um programa de voluntariado empresarial? Como estimular a participação dos times?

M.N.: Um bom primeiro passo é fazer uma escuta dos funcionários. Entender o que eles esperam do programa, o que tem mais sentido para eles e quais são os seus comportamentos e atitudes em relação ao voluntariado. Depois disso, vem a fase de planejamento, que vai desde as definições mais estratégicas do programa até os detalhes que fazem toda a diferença no seu sucesso, como cronograma de tarefas, campanha de comunicação, acompanhamento de ações e avaliação de impactos.

Aliás, dá para obrigar as pessoas a participarem ou deve ser facultativo para ter valor?

M.N.: Por se tratar de voluntariado, é muito importante que as pessoas queiram participar voluntariamente. Por isso, não recomendamos que os programa de voluntariado sejam parte das metas, avaliação de desempenho ou critérios de promoção. É claro que as pessoas mais ativas no voluntariado tendem a se destacar na empresa, mas a principal motivação tem que ser de genuinamente apoiar uma causa de interesse comunitário.

Enxerga o trabalho voluntário como parte da responsabilidade social de cada um? Acha que todos deveriam fazer em algum momento?

M.N.: Um dos sentimentos comuns entre as pessoas que participam de programas de voluntariado é o de retribuir à sociedade. Exercitar a responsabilidade social e a cidadania é muito importante. Todas as pessoas poderiam atuar como voluntárias. Não há contraindicação. Muito pelo contrário: as pessoas acreditam que vão doar seu tempo e seus talentos e saem das ações com o sentimento de que receberam muito mais em troca.

O que uma empresa ganha estimulando esse tipo de trabalho?

M.N.: São muitas as vantagens. Elas passam por questões institucionais como melhoria da imagem e do relacionamento com a comunidade, e chegam a questões relacionadas ao clima organizacional, sentimento de pertencimento e o desenvolvimento de competências dos colaboradores. Isso só para citar alguns dos benefícios.

Acredita que tende a aumentar a participação das empresas e cidadãos em iniciativas do tipo nos próximos anos? Como tem enxergado a questão?

M.N.: O voluntariado empresarial já deixou de ser uma tendência. É uma realidade. As empresas que querem ser relevantes em seus mercados têm que desenvolver esse tipo de iniciativa. Ter um programa de voluntariado empresarial ajuda inclusive a atrair talentos, especialmente dessa nova geração, que buscam trabalhos com propósito e querem trabalhar para organizações com as quais compartilham valores.

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