A Votorantim Cimentos teve lucro líquido de 2,6 bilhões de reais em 2023, mais que o dobro em relação ao 1,1 bilhão de 2022, apoiada em melhoras operacionais e financeiras, e espera um crescimento marginal do mercado no Brasil este ano, afirmou o presidente-executivo da empresa, Osvaldo Ayres Filho, nesta quinta-feira.
“A queda nos juros tem repercussão na economia e na construção civil, mas tem algum hiato… Ainda tem muita incerteza”, afirmou o executivo em entrevista após a publicação do balanço.
A expectativa da empresa é que o mercado brasileiro de cimento cresça 2% este ano, em linha com projeção do entidade que representa o setor, Snic. O setor registrou queda de 1,7% nas vendas em 2023.
A maior produtora de cimento no país teve um resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado em alta de 18% no ano passado, atingindo recorde de 5,8 bilhões de reais.
O desempenho foi atribuído parte a uma “gestão de margens” nas operações na América do Norte e na região compreendida por Europa, Ásia e África.
“A tendência é uma relativa estabilidade nos volumes (de vendas)”, disse Ayres Filho sobre o mercado global este ano. Além do Brasil, a Votorantim Cimentos atua em oito países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Espanha e Turquia.
“Não estamos vendo nenhum grande solavanco para baixo e nenhuma elevação de tendência para 2024”, afirmou.
A Votorantim Cimentos apresentou uma oferta de aquisição de parte dos ativos da Intercement Brasil, mas o executivo não deu detalhes sobre os alvos ou quando o processo poderá ser concluído.
A Intercement, do grupo Mover, também é disputada pela rival CSN, hoje a segunda maior produtora de cimento do Brasil.
Enquanto tenta expansão por via inorgânica, a Votorantim Cimentos tammbém já colocou em marcha plano de investimento de 5 bilhões de reais até 2028.
O plano vai aumentar em 3 milhões de toneladas a capacidade atual da empresa de 34,4 milhões de toneladas por ano no Brasil.
O investimento, que inclui outras frentes de busca de eficiência, poderá elevar o Ebitda da companhia em 50% até 2028, afirmaram executivos.
Dentro dele estão iniciativas como contração de energia de parque fotovoltaico em Minas Gerais, que deverá elevar a participação de fontes renováveis na matriz energética da companhia no Brasil de 49% em 2023 para 76% em 2026.
Mas, diante das incertezas sobre o desempenho da economia nacional, a Votorantim Cimentos poderá regular a velocidade dos desembolsos do plano “a depender do mercado”, disse Ayres Filho.
Nos EUA e Canadá, mercado que, segundo a companhia, está vivenciando um ciclo positivo com altos preços e demanda estável, a Votorantim Cimentos também aumentará capacidade.
A ampliação se dará no Canadá, com adição de 1 milhão de toneladas anuais em instalações atuais da companhia, disse o executivo.
O projeto de ampliação deve entrar em operação em 2026. Na região, a empresa tem atualmente capacidade para 8,2 milhões de toneladas de cimento por ano.
Na região Europa, Ásia e África, onde o Ebitda da Votorantim Cimentos disparou 66% em 2023, a empresa já tem capacidade suficiente disse o executivo, citando duas aquisições realizadas na Espanha nos últimos dois anos.
Em 2023, a Votorantim Cimentos teve receita líquida de quase 26,7 bilhões de reais, 3% acima do desempenho de 2022.
A empresa terminou o ano passado com 5,9 bilhões de reais em caixa, tendo ainda 2,5 bilhões de reais em linhas de crédito rotativo.
A alavancagem foi de 1,28 vez, abaixo do nível de 1,50 vez ao final de setembro e do patamar de 1,55 vez do final de 2022.
Os planos da Votorantim Cimentos de abrir capital (IPO), seguem como um objetivo de “longo prazo”, disse o presidente da companhia, citando que a empresa não depende de sua realização para realizar “movimentos estratégicos” dada a sua situação financeira.