A Geração Y tem mostrado cada vez mais que gosta de trabalhar tanto quanto as gerações anteriores. No entanto, sua percepção de trabalho é caracterizada de forma distinta, com foco no que é importante, mas sem perder o equilíbrio com sua vida pessoal.
Nascidos entre 1980 e 1995, a Geração Y carrega o comportamento de “amante” do trabalho (worklover), pois eles entendem que trabalhar demais não necessariamente reflete em produtividade ou resultado.
Pelo contrário, o comportamento de dedicação excessiva pode ser prejudicial à saúde e ainda criar conflitos na vida pessoal que sejam difíceis de serem revertidos. É justamente nesse estado de espírito que os “viciados” em trabalho (workaholic) se espelham.
Sob a ótica da psicologia, o comportamento do workaholic pode ser visto com algumas disfunções importantes como fator de insegurança (fazer mais para parecer melhor), de fuga (estou melhor aqui que em casa) ou ainda ser fruto de um objetivo compulsivo (preciso conquistar isso).
É importante lembrar que os dois tipos de comportamento sempre existiram, mas com o passar dos anos as pesquisas na área se tornaram mais apuradas e deram uma visão mais clara da psicologia do trabalho.
Flexibilidade em alta
A inserção da Geração Y no mercado de trabalho trouxe diversas mudanças organizacionais. Talvez o exemplo mais famoso seja o Google, onde seus empregados têm uma grande flexibilidade para horários, mas com objetivos claros que devem ser alcançados.
Uma pesquisa realizada pela consultoria PwC, da Universidade do Sudeste da Califórnia e da London Business School, relevou que profissionais mais jovens não estavam satisfeitos com as longas horas de trabalhadas e o fato de terem que ficar presos no escritório.
Segundo o estudo, 71% dos funcionários da Geração Y dizem que o trabalho interfere na vida pessoal; 64% querem fazer home-office ocasionalmente, enquanto 66% desejam flexibilizar o horário de trabalho.
“O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é uma das causas de retenção mais significativas e uma das principais razões para essa geração escolher trajetórias de carreira menos tradicionais”, aponta o relatório do estudo. Certamente, a maioria dos funcionários do Google é da Geração Y.
Para alguns, o tempo trabalhado não está relacionado com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O que se relaciona com o equilíbrio é fazer aquilo que gosta e não fazer trabalho em casa.
Chris Brusznicki, formado na Kellogg School of Management, da Universidade de Northwestern, deixou de lado uma jornada de trabalho de mais de 80 horas semanais no Goldman Sachs por trabalhar mais de 80 horas nos seus próprios empreendimentos, como o GamedayHousing.com, site que conecta fãs de esporte com aluguéis de propriedades perto de estádios.
“Quando estou em casa, tento estar no momento. Sem iPhone, sem trabalho, sem nada. Eu costumava levar trabalho comigo para todos os lugares. Agora não faço mais isso”, conta Brusznicki.
Workaholic x worklover
Trabalhar com o que gosta parece ser o melhor privilégio profissional. No entanto, para muitos ser útil no emprego que atua é uma enorme gratificação, por mais simples que possa ser a atividade.
Nem sempre é possível realizar aquilo que foi planejado, mas isso também não é sinal de fracasso. Agregar valor para si mesmo e para o empregador deve ser importante também.
Veja abaixo algumas comparações entre os dois perfis de comportamento profissional citados ao longo do texto.
Workaholic
- O trabalho é fonte de pressão e stress
- Queixa-se do trabalho no fim de semana
- Não consegue ficar longe do trabalho
- Sente-se inseguro
- Busca atender expectativas dos outros
- Tem que trabalhar muito pra demonstrar capacidade
Ser workaholic é determinado por fatores ligados à insegurança e por pressões externas.
Worklover
- Trabalho é fonte de satisfação
- Pensa sobre trabalho e expectativas no fim de semana
- Consegue se afastar do trabalho, apesar de que qualquer situação leva a pensar em oportunidades para ele
- Busca realizações
- Tem que melhorar sempre para atender suas próprias expectativas
Ser worklover é determinado por escolhas pessoais e por pressões internas.
O que achou dessa discussão? Como você vê as diferenças entre os profissionais e o que acredita ser mais importante na correta condução de nossa vida profissional? Deixe sua opinião no espaço de comentários.
Fontes: Valor | RH Portal – Foto de freedigitalphotos.net.