As ADRs da XP Inc. (XP) recuaram 6% nas negociações desta quarta-feira (20) na Nasdaq em Nova York, na primeira sessão após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2024. Segundo analistas, a empresa relatou resultados fracos, após despesas e perdas maiores do que o esperado de joint-ventures e associadas.
Com um lucro líquido de R$ 1,187 bilhão, a companhia registrou um crescimento de 9% ano contra ano e 6% em relação ao segundo trimestre. A receita bruta somou R$ 4,546 bilhões, 4% acima do mesmo intervalo de 2023 e 1% acima do segundo trimestre. A receita líquida foi de R$ 4,3 bilhões, alta anual de 5% e trimestral de 2%.
Finclass com 50% de desconto! Realize seu cadastro gratuito para ter acesso VIP à Black Friday
“O NNM (netnew money) confirmou seu retorno a um nível mais “normalizado” de aproximadamente R$ 25 bilhões por trimestre (no segmento de varejo), um nível semelhante ao trimestre anterior, e em forte contraste com as impressões muito fracas vistas no primeiro e quarto trimestres do ano passado, que agora podemos dizer que foram “únicas””, ressaltam Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel, do BTG Pactual.
Eles recomendam a compra dos ativos em NY, com preço-alvo de US$ 24. O banco ressalta que o lado “micro” da história de investimentos na XP está melhorando, enquanto o lado “macro” continua a ser prejudicado por conta das altas taxas de juros.
Margens e custos
A margem do lucro líquido ficou em 27,5%, aumento anual de 118 pontos-base e trimestral de 98 pontos-base.
O EBT, métrica que reúne os desempenhos operacional e financeiro, antes da taxação de impostos foi de R$ 1,212 bilhão, 5% acima do terceiro trimestre de 2023 e 12% mais baixo do que no segundo trimestre.
“Embora as receitas brutas estivessem em linha com nossa estimativa e também cobrissem os custos da XP Expert em nossa prévia, o EBT ficou -8% abaixo das estimativas do Safra“, ressaltaram os analistas Daniel Vaz, Silvio Dória e Maria Luisa Guedes.
Segundo eles, os resultados reforçam a visão mais negativa para a XP em comparação a outros nomes do mercado de capitais como o BTG Pactual (BPAC11), “especialmente considerando que a receita cresceu em linha com a inflação em comparação ao ano anterior, contrastando negativamente com a expansão de +8% a 9% de consultores e força de trabalho no mesmo período”.
A recomendação do Safra para as ADRs é neutra, com preço-alvo de US$ 21.
A Ativa Investimentos avalia que o mix de receita entre canais impactou a margem bruta, que recuou para 68,1% (-2 pontos percentuais na passagem anual).
“As despesas gerais e administrativas também apresentaram uma pressão maior do que o previsto, em parte devido à adição de cerca de 400 novos colaboradores, resultando em um aumento de 12% no ano e 11% na passagem trimestral nos gastos com salários e encargos. Esse aumento acabou anulando o impacto do menor pagamento de bônus no trimestre, já antecipado por nós”, destacaram Pedro Serra e Pedro Dietrich, Ativa Investimentos.
Para eles, o trimestre trouxe uma dualidade para a companhia. Por um lado, foi positivo observar a continuidade da expansão da receita, mesmo em um ambiente mais desafiador, com destaque para a melhora no take rate e um desempenho menos desfavorável na captação líquida.
“Por outro lado, apesar da receita ligeiramente mais robusta, os custos e despesas pressionaram negativamente, frustrando as expectativas de quem projeta uma trajetória consistente de expansão da margem EBT rumo ao guidance proposto pela companhia para 2026”, questionam. A recomendação para as BDRs (XPBR31) é neutra, com preço-alvo de R$ 130.