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Zuckerberg está certo sobre a Renda Básica Universal

por Eduardo L’Hotellier
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Zuckerberg está certo sobre a Renda Básica Universal

Dia 26 de maio de 2017. Cerimônia de graduação da Universidade Harvard. Mark Zuckerberg retornou à universidade para se formar 14 anos após ter abandonado o curso de ciência da computação para tocar o recém-lançado Facebook. A situação não deixaria de ser especial por si só, mas Mark fez um discurso diferente e que, de certa forma, me lembrou o de Bill Gates, em 2007. Dessa vez, surpreendeu alunos, professores, pais e o mundo todo com uma mensagem igualitária. Ele falou sobre possibilidades, um assunto importante e um tanto quanto político.

Na visão dele, não basta as pessoas terem vontade de realizar algo, empreender, investir num sonho. Todo mundo precisa ter possibilidades para lutar e encontrar um propósito de vida. “Possibilidade é aquele sentimento de que você é parte de algo maior do que você mesmo, que você é necessário e que você tem algo para o qual trabalhar. É o que cria felicidade real“, disse. Isso só é possível se todo cidadão tiver uma renda como apoio financeiro.

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Essa foi a parte que mais me identifiquei no discurso, pois vi que ele tem uma posição clara a favor da Renda Básica Universal, ou Basic Income, o que demonstra que ele vem se preparando para discutir questões políticas e de alto impacto social. Como exemplo, ele citou o próprio caso. Se não tivesse recebido apoio dos pais, nunca teria largado os estudos em Harvard para empreender no Facebook e a maior plataforma social do mundo não existiria.

A Renda Básica, mencionada por Mark, nada mais é do que a garantia de uma quantia mensal a ser paga a todo e qualquer cidadão do país. Para sustentar a posição, ele citou como é injusto que milhões de pessoas que poderiam alcançar resultados incríveis não o fazem por não terem essa segurança e reforçou que o mundo perde muito com isso.

Todo filho de classe média, toda pessoa que herdou um valor significativo teve, de certa forma, uma espécie de Renda Básica Universal. A diferença está em abrir essa mesma possibilidade para todas as pessoas, tornar igualitária. Como ele mesmo disse, talvez algumas vidas seriam diferentes se essas pessoas tivessem algo para se dedicar, como ter um emprego depois da faculdade, ou investir num próprio negócio.

Para a sociedade continuar evoluindo, Zuckerberg, propôs que todos têm um desafio de gerações: não apenas criar novos empregos, mas criar um senso de possibilidades. E são essas mesmas possibilidades que podem criar grandes ideias que revolucionam o mercado. Garantir a todos os cidadãos o direito de tentar e também de falhar.

Esse apoio financeiro é bom para a sociedade como um todo. Usando o Facebook como exemplo, é uma plataforma que conecta e facilita a vida das pessoas. A rede social deixou de ser apenas o negócio do Mark e se tornou o impulsionador de milhares de outros negócios pelo mundo, ajudando a garantir o sustento de milhares de pequenos e grandes negócios. Toda sociedade se beneficia disso, não só quem recebe a Renda Básica. Outras pessoas vão consumir produtos e serviços produzidos por quem empreendeu.

A evolução da humanidade é uma função de quantas pessoas têm pensando sobre determinado assunto e estudando sobre ele. Se há mais pessoas refletindo sobre um tema, consequentemente, terá maior evolução. Anos atrás, por exemplo, apenas homens tinham a oportunidade de estudar e trabalhar fora de casa. Imagina o quanto teríamos evoluído se as mulheres tivessem tido as mesmas oportunidades desde sempre. Hoje teríamos o dobro de pessoas produzindo coisas novas.

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Muitos dos problemas de hoje já teriam sido solucionados se toda capacidade humana fosse utilizada. A Renda Básica Universal é justamente uma defesa da capacidade humana. A humanidade já evoluiu muito nos últimos anos e precisamos promover subsídios para que continue evoluindo.

Como disse Mark, apesar dele conhecer muitos empreendedores, não lembra de nenhum que tenha desistido de empreender por não conseguir ganhar dinheiro suficiente. Porém, muitos desistem de empreender por não ter uma garantia caso os planos não deem certo. Logo, empreendedores não têm sucesso apenas por ter uma boa ideia, mas também por ter sorte.

São as iniciativas que surgem do empreendedorismo que ajudam a promover mudanças importantes na sociedade. A tecnologia é a grande protagonista nesse mundo e promove mudanças rápidas e revolucionárias. Mark sabe usar bem o poder que tem. No ano passado anunciou que levaria internet às regiões distantes da Àfrica, por meio de balões, com o plano de conectar todo o mundo. Segundo ele, o acesso à internet é um direito humano básico.

Assim como ele, eu também tive boas oportunidades de um bom estudo, ter um pequeno investimento inicial e, principalmente, o apoio da minha família, caso o GetNinjas não tivesse sucesso. Mas muitas das mentes criativas não contam com a mesma sorte. Por isso, projetos como o Renda Básica Universal são importantes e precisam ser cada vez mais discutidos.

Em países desenvolvidos como a França, a política de Renda Básica já começa a ser discutida mais ativamente. O país planeja colocar em experiência a iniciativa, oferecendo uma quantia aos cidadãos, independente deles estarem trabalhando ou não. Esse valor estaria entre 750 a 1.000 Euros, ainda a ser definido. O país quer começar a testar para saber o que as pessoas fariam com esse valor mesmo estando empregados, se ajudariam outras pessoas, empreenderiam, concluiriam um projeto.

Trazendo essa visão para a realidade brasileira, a aplicação de um sistema como o Renda Básica poderia substituir, por exemplo, subsídios como o seguro-desemprego, que se tornou burocrático e paternalista. Com o Renda Básica, todos teriam acesso, ricos ou pobres. Seria o primeiro estágio da distribuição de renda. O senador Eduardo Suplicy é o grande incentivador dessa política por aqui. Essa é também a visão do historiador holandês Rutger Bregman, o que ele considera ser uma das melhores ideias do século XXI.

Aí você leitor pode me questionar sobre o financiamento. O Renda Básica substituiria alguns elementos da sociedade, como um investimento social de bem-estar. É comprovado que a pobreza custa muito caro por vários motivos. Tomando como base esse ponto, é possível dizer que um investimento como esse seria muito mais econômico para acabar com a pobreza do que combater os problemas causados por ela.

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Além dessa questão de política pública, Mark reforçou também temas populares e importantes para a sociedade norte-americana como a abertura da fronteira para a imigração, casamento homoafetivo, taxação de grandes fortunas e mudanças climáticas.

Um dos pontos mais interessantes de todo o discurso foi observar o quanto se preparou até esse momento, consegue discutir sobre políticas públicas de forma exemplar e discursa como um presidenciável, o que aumenta minha aposta de que ele irá um dia concorrer ao cargo. Creio que ainda não seja possível considerá-lo um candidato, mas, definitivamente, compartilho sem exceção de suas crenças, ideias e sonho de que um dia tudo isso se torne um direito acessível a todos.

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