O Ibovespa (IBOV) fechou em queda pelo segundo pregão seguido nesta quinta-feira, com Ambev (ABEV3) entre as maiores perdas após resultado pior do que o esperado no quarto trimestre, enquanto dados dos Estados Unidos reforçaram apostas de que um corte de juros pelo Federal Reserve deve ficar para o final do primeiro semestre.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,87 %, a 129.020,02 pontos., mas ainda acumulou um ganho de 0,99% em fevereiro. Na máxima do dia, chegou a 130.154,84 pontos. Na mínima, a 128.669,29 pontos.
O volume financeiro somou 28,9 bilhões de reais.
Assessores e consultores de investimentos ganham R$ 15.000/mês; saiba como seguir carreira
Nos EUA, o Departamento de Comércio divulgou que o índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% no mês passado, em linha com as expectativas no mercado.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE aumentou 0,4%.
Na visão do economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, os dados corroboram as sinalizações recentes do Fed de que o ciclo de alta está encerrado, mas o início do próximo ciclo de redução dos juros ainda não está definido.
Certamente não será em março e muito provavelmente não será em maio. As expectativas hoje dividem-se principalmente entre junho e julho, afirmou.
Ele acrescentou que “está cada vez mais claro que a estrada que abriga a última milha do processo de desinflação está um tanto esburacada”. “Além disso, noto que as atenções estarão cada vez mais voltadas para a duração e tamanho do afrouxamento a ser realizado”, comentou.
Após os dados, os contratos futuros de juros nos EUA precificavam cerca de 67% de chance de um corte na taxa de juros pelo Fed em junho, contra cerca de 60% antes dos dados, e estavam apostando em mais dois cortes até o final do ano. Atualmente, a taxa está na faixa de 5,25% a 5,5%.
De acordo com a estrategista de renda variável da InvestSmart XP, Mônica Araújo, os mercados acionários no mundo todo aguardam com muita ansiedade esse início de corte de juros, porque é um sinalizador para os demais ativos de risco. “E hoje o mercado teve uma confirmação de que esse início… pode acontecer a partir de junho”, avaliou.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário brasileiro, fechou com acréscimo de 0,52%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,258% no final da tarde, de 4,274% na véspera.
Araújo também chamou a atenção para outras questões com efeito no pregão brasileiro desta quinta-feira, como a temporada de balanços, com os números de empresas como Ambev, além do fato de ser fechamento de mês, o que sempre traz um pouco mais de volatilidade para os papéis.
Destaques
Ambev (ABEV3) caiu 6,47%, a 12,58 reais, após a fabricante de bebidas reportar queda de 11% no lucro líquido do quarto trimestre, para 4,5 bilhões de reais, bem como declínio de 12% na receita.
Executivos da companhia afirmaram que a Ambev tem “confiança” em sua capacidade de acelerar volumes de vendas em 2024.
GPA (PCAR3) recuou 8,62%, a 4,03 reais, após dois pregões seguidos de forte valorização, período em que acumulou alta de 26%.
Ultrapar (UGPA3) perdeu 3,86%, a 29,36 reais, em meio à análise do balanço do último trimestre de 2023, que mostrou alta de 33% no lucro líquido, para 1,1 bilhão de reais, bem como de declarações do CFO, de que o conglomerado avalia “seriamente” as possibilidades de alocação de capital, o que pode incluir eventuais aquisições.
MRV (MRVE3) cedeu 2,93%, a 7,62 reais, na segunda sessão consecutiva, tendo no radar o resultado da companhia do quarto trimestre após o fechamento do mercado.
No setor, Cyrela (CYRE3) subiu 2,08% e Eztec (EZTC3) avançou 1,93%.
Vale (VALE3) subiu 0,37%, a 66,99 reais, tendo com pano de fundo queda discreta dos futuros do minério de ferro na China.
O contrato mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange fechou a sessão do dia com declínio de 0,17%. Investidores também continuam atentos a ruídos envolvendo o comando da mineradora.
Petrobras (PETR4) recuou 0,72%, a 40,14 reais, mesmo após o tombo de mais de 5% na véspera, com agentes financeiros ainda especulando sobre o desfecho envolvendo a distribuição de dividendos pela petroleira de controle estatal. No exterior, o barril de petróleo Brent fechou com variação negativa de 0,07%.
JBS (JBSS3) subiu 2,72%, a 23,06 reais, endossado por relatório do Bank of America elevando a recomendação dos papéis para “compra”, bem como preço-alvo de 26 para 33 reais.
Os analistas do BofA também reiteraram recomendação de “compra” para Marfrig, elevando o preço de 13 para 15,50 reais, e “undeperform” para BRF, melhorando o preço de 11,6 para 15,3 reais.
Marfrig (MRFG3) avançou 3,88%, a 9,90 reais, enquanto BRF (BRFS3) caiu 0,72%, a 15,10 reais.
Itaú Unibanco (ITUB4) fechou em queda de 2,47%, a 33,94 reais.
Bradesco (BBDC4) caiu 1,50%, a 13,75 reais, em dia negativo para o setor.
Banco do Brasil (BBAS3), que promoveu evento com investidores, recuou 1,51%, a 57,86 reais
C&A (CEAB3) valorizou-se 4,23%, a 9,37 reais, na esteira da repercussão positiva do resultado do último trimestre de 2023, que mostrou salto de quase 100% no lucro líquido ajustado e expansão de cerca de 18% na receita líquida total.