O dólar (USDBRL) à vista fechou a quarta-feira em alta firme ante o real, superior a 1%, voltando a ficar acima de 5,20 reais, com as cotações refletindo o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior e dados fortes do mercado de trabalho brasileiro, que deram suporte à disparada das taxas futuras de juros.
Numa sessão que antecedeu o feriado de Corpus Christi no Brasil, parte dos investidores também buscou a proteção da moeda norte-americana, já que os mercados seguirão abertos no exterior na quinta-feira.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,2103 reais na venda, em alta de 1,10%. Este é o maior valor de fechamento desde 18 de abril, quando a divisa foi cotada a 5,2508 reais. Em maio, a moeda acumula elevação de 0,34%.
Às 17h10, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,97%, a 5,2100 reais na venda.
A divisa dos EUA iniciou sua escalada já no início da sessão, acompanhando o exterior, onde o dólar subia ante praticamente todas as demais moedas. A expectativa antes da divulgação de dados importantes de inflação nos EUA, na próxima sexta-feira, dava suporte às cotações.
Além disso, profissionais afirmaram à Reuters que, no Brasil, alguns agentes buscaram a moeda norte-americana como proteção, já que o mercado estará fechado na quinta-feira em função do feriado.
Internamente, a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho favoreceu a disparada das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), o que também acabou por influenciar o câmbio.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela manhã pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostrou que o Brasil abriu 240.033 vagas formais de trabalho em abril, acima da expectativa dos economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 216.948 empregos.
A renda também cresceu, como salário médio real (descontada a inflação) de admissão subindo 1,77% em abril ante março, para 2.126,16 reais.
Já os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa de desemprego caiu de 7,6% no trimestre encerrado em janeiro para 7,5% nos três meses encerrados em abril. É a menor desocupação para esse período desde 2014, quando a taxa estava em 7,2%. A expectativa dos analistas era de desemprego maior, de 7,7%.
Os números do mercado de trabalho, ainda que positivos, reforçaram as preocupações de que a renda maior possa pressionar a inflação, o que reduziria ainda mais o espaço do Banco Central para cortar a taxa Selic, hoje em 10,50% ao ano.
Uma Selic mais elevada em tese mantém o diferencial de juros mais favorável ao Brasil, o que contribui para atrair capital e segurar o dólar. No entanto, a visão de parte do mercado nesta quarta-feira era um pouco mais pessimista.
“Se o BC não entregar de fato os juros (necessários para combater a inflação), se for mais leniente, é preciso haver depreciação na moeda. Então, (o mercado) vende o real, pressiona a moeda”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.
O cenário interno mais sensível contribuiu para que o real fosse uma das moedas com maior desvalorização nesta quarta-feira.
Às 17h32, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,45%, a 105,130.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo de saída de 1,958 bilhão de dólares em maio até o dia 24, resultado de saídas líquidas de 5,019 bilhões de dólares pela via financeira e entradas de 3,062 bilhões de dólares pelo canal comercial.