A curva de juros brasileira passou nesta sexta-feira pela segunda sessão de retirada de prêmios desde a decisão de quarta-feira do Copom, com as taxas futuras encerrando o dia em baixa, em especial entre os contratos mais longos, que cederam mais de 10 pontos-base.
No acumulado da semana, porém, as taxas se mantiveram próximas da estabilidade, em um sinal de que, apesar do alívio trazido pelo Copom de quarta-feira, a curva segue refletindo preocupações com o controle da inflação e o ajuste fiscal do governo.
No fim da tarde desta sexta-feira a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 que reflete a política monetária no curtíssimo prazo estava em 10,6%, ante 10,62% do ajuste anterior.
A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,145%, ante 11,219% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,515%, ante 11,598%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,07%, ante 12,187%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,08%, ante 12,204%.
De acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, após uma sequência de notícias ruins no Brasil incluindo as dificuldades do governo para realizar o ajuste fiscal e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto a sexta-feira foi um dia de noticiário ameno.
“Hoje é um dia sem notícias. Lá fora, só tivemos os PMIs de serviços e manufatura, mas a curva norte-americana está praticamente parada. Então, temos um dia de ajustes no Brasil: o dólar cai um pouco e as taxas futuras também cedem”, disse Quaresma.
A queda das taxas ainda ocorre na esteira do anúncio de quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, como demandava o mercado.
Com isso, houve eliminação de prêmios na ponta curta da curva na quinta-feira e baixa de taxas nesta sexta-feira desta vez, também na ponta longa.
Investidores aguardam agora pela divulgação da ata do encontro do Copom na próxima terça-feira, para reavaliar posições.
Nesta sexta, Lula voltou a abordar a questão dos juros no Brasil. Em entrevista pela manhã, o presidente afirmou que a Selic está em 10,50% ao ano “sem nenhuma explicação e sem nenhum critério”.
Neste cenário, perto do fechamento a precificação da curva indicava 88% de chances de manutenção da Selic em 10,50% no próximo encontro do Copom, em julho.
Havia outros 12% de probabilidade precificados no sentido de que o colegiado poderá aumentar em 25 pontos-base a Selic. Na quinta-feira, os percentuais eram de 77% e 23%, neste ordem.
No exterior, às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento estava estável, a 4,255%.