O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um compromisso fiscal inegociável, lembrando que o presidente já orientou a Junta de Execução Orçamentária a fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal.
“O pedido foi explícito: faça o que for necessário para garantirmos o cumprimento do arcabouço fiscal. É um compromisso inegociável por parte do presidente Lula”, disse Padilha em entrevista à CNN Brasil.
Questionado sobre um desarranjo entre falas de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Padilha afirmou que há alinhamento na política econômica do governo e elogiou a atuação deles, destacando projeções positivas, como a revisão para cima da estimativa do Fundo Monetário Internacional para o Produto Interno Bruto do país.
“Com Lula e Haddad a economia brasileira melhorou”, afirmou. “O Brasil vai conseguir garantir durante esse governo Lula, e com ministro Haddad na economia, uma média de crescimento maior que 2% ao longo desses quatro anos”, afirmou.
Na terça-feira, Lula deu uma entrevista à TV Record em que disse que o governo não é obrigado a cumprir a meta fiscal “se você tiver coisas mais importantes para fazer”, ressaltando que ainda precisa ser convencido sobre eventual necessidade de cortar despesas para respeitar o arcabouço que rege as contas públicas.
Contudo, na mesma entrevista, o presidente ponderou que fará o que for necessário para respeitar a regra fiscal, argumentando ter mais seriedade em relação ao tema “do que quem dá palpite nessa questão fiscal no Brasil”.
Na tarde de terça-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que declaração do presidente estava fora de contexto e gerou “desnecessariamente uma especulação em torno do assunto”.
Isso porque o trecho da fala de Lula sobre o fiscal foi vazado antes da veiculação da íntegra da entrevista, o que resultou em volatilidade nas negociações e fez o dólar virar do negativo para o positivo ante o real antes de fechar em queda.
No início de julho, a equipe econômica anunciou que Lula determinou o cumprimento do arcabouço e autorizou cortes de gastos para cumprir a legislação, sinalização que acalmou o mercado após semanas de volatilidade impulsionada por declarações do presidente contra o Banco Central e em meio a dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo.