A Petz (PETZ3) anunciou na manhã desta sexta-feira que chegou a um acordo para uma fusão com a concorrente Cobasi, o que impulsionou as ações para uma alta superior a 15%. Mas o que mudou desde a revelação da fusão em abril deste ano?
A fusão cria uma empresa com uma rede combinada de 483 lojas e uma receita bruta pro forma de R$ 6,9 bilhões em 2023. O Ebitda ajustado pro forma, antes do IFRS16, seria de R$ 464 milhões, resultando em uma margem combinada de 6,7%. Esses números indicam um forte potencial de crescimento e eficiência operacional para a nova entidade.
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De acordo com o Goldman Sachs, a Petz será a maior beneficiária na estrutura acionária da nova empresa, mantendo uma participação de 52,6% na entidade consolidada, o que antes era esperado em 50/50.
Além disso, os acionistas receberão um pagamento em dinheiro de R$ 400 milhões, dividido entre R$ 130 milhões em dividendos a serem pagos pela Petz antes do fechamento e R$ 270 milhões a serem pagos dentro de 15 dias após a conclusão da transação.
Valor
Irma Sgarz e Felipe Rached, que assinam relatório do banco, calculam que, com base no último preço de fechamento das ações da Petz de R$ 3,45, a empresa está sendo negociada a 6x o múltiplo EV/EBITDA para 2023. Aplicando esse mesmo múltiplo à entidade combinada, o valor da empresa seria de aproximadamente R$ 2,8 bilhões.
Considerando a dívida líquida relatada da Petz de R$ 23 milhões e o caixa líquido da Cobasi de R$ 232 milhões no final de 2023, além do pagamento de dividendos de R$ 130 milhões, isso implica em um valor patrimonial de cerca de R$ 2,9 bilhões.
A nova empresa resultante da fusão terá um conselho de administração composto inicialmente por até nove membros, sendo quatro indicados pelos acionistas de referência da Petz e cinco pelos acionistas controladores da Cobasi. Isso sugere uma governança corporativa equilibrada, com comitês específicos para finanças, auditoria, estratégia, recursos humanos e sustentabilidade, o que deve garantir uma gestão eficaz e alinhada com as melhores práticas do mercado.
O que vem por aí?
Os próximos passos para a concretização da fusão incluem a aprovação dos acionistas de ambas as empresas em suas respectivas assembleias gerais, bem como a aprovação pelas autoridades antitruste e o cumprimento de outras condições precedentes usuais para transações desse tipo. O Goldman Sachs acredita que a fusão será benéfica para a Petz, aumentando seu valor de mercado e potencial de geração de lucros, especialmente se as sinergias projetadas forem concretizadas.
As sinergias estimadas pela empresa para a fusão variam entre R$ 220 milhões e R$ 330 milhões por ano em EBITDA adicional, o que, se realizado, pode representar um ganho significativo para os acionistas. Isso não foi incluído no cálculo inicial de valor patrimonial, o que sugere que a fusão pode ter um impacto ainda mais positivo do que o inicialmente previsto.
Em termos de governança corporativa, o Goldman Sachs destaca a importância de um conselho de administração equilibrado e comitês de gestão robustos para garantir que a nova empresa opere de forma eficiente e aproveite ao máximo as sinergias esperadas. A inclusão de comitês específicos para áreas críticas como finanças e estratégia é vista como um sinal positivo para a governança futura da empresa.
Por fim, o Goldman Sachs ressalta que, apesar dos desafios regulatórios e das aprovações necessárias, a fusão entre Petz e Cobasi tem potencial para transformar o mercado de produtos e serviços para animais de estimação no Brasil. A combinação das duas marcas deve criar uma empresa líder no setor, com capacidade de competir de forma mais eficaz e aumentar seu valor para os acionistas no longo prazo.
E as ações?
Segundo BTG Pactual, o momento de curto prazo não é bom as ações da Petz.
“Embora acreditemos que a fusão Petz + Cobasi possa levar a um mercado mais racional e sinergias (o que pode ser um gatilho para as ações), sinalizamos que o mercado continua fortemente fragmentado”, explicam os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima.
Segundo eles, na época de seu IPO, a Petz já era vista como uma empresa de sucesso com presença nacional e uma plataforma online promissora, mas o estado do mercado de animais de estimação pós-pandemia significou um crescimento mais lento (embora resiliente), enquanto o comércio eletrônico ganhou muito mais participação do que o esperado inicialmente.
“Isso, juntamente com a demanda mais fraca por itens não alimentícios e a maturação mais lenta da Zee.Dog, comprada em 2021, impulsionou o fraco desempenho da Petz. A Petz continua sendo negociada a 12x P/L 25 em meio a um cenário desafiador, o que a torna um nome menos atraente no curto prazo”, opinam. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 5. O Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 4,10.