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Veja como ganhar com os erros do ‘Sr. Mercado’, por Howard Marks

Investidor deve deixar de se levar pelas emoções do mercado para se posicionar para tirar proveito das reações exageradas do “Sr. Mercado"

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Sr. Mercado

Em sua “memo” enviada aos cotistas da Oaktree Capital nesta quinta-feira (22), Howard Marks, renomado investidor bilionário e cofundador da gestora de ativos com mais de US$ 179 bilhões sob gestão, apresentou uma análise detalhada sobre os recentes movimentos de mercado e os comportamentos dos investidores em momentos de volatilidade. Intitulada “Mr. Market Miscalculates”, a carta explora a irracionalidade que muitas vezes permeia os mercados financeiros, reforçando lições valiosas para os investidores.

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Marks inicia sua análise relembrando o conceito do “Sr. Mercado”, apresentado por Benjamin Graham em seu livro “The Intelligent Investor”. Ele descreve o “Sr. Mercado” como uma figura que diariamente sugere preços para as ações, muitas vezes de forma irracional, guiada pelo medo ou pela euforia. “Como os erros de cálculo proporcionam oportunidades de lucro aos investidores interessados ​​em tirar proveito deles”, escreveu Marks, ressaltando como essa volatilidade pode ser explorada para obter ganhos.

O investidor menciona os eventos recentes que contribuíram para a instabilidade do mercado, como a pandemia de Covid-19, a alta inflação e os aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA. Em 2022, esses fatores criaram um ambiente pessimista, que se refletiu em uma das piores atuações combinadas de ações e títulos na história recente. No entanto, Marks destaca que a mudança na narrativa no final de 2022, com a expectativa de queda nas taxas de juros, trouxe um otimismo que impulsionou o mercado de ações.

Mudança de narrativa

Porém, esse otimismo foi abalado por uma série de eventos no início de agosto de 2024. Marks detalha como o aumento inesperado na taxa de juros do Banco do Japão causou uma reação negativa nos mercados globais, exacerbada por vendas forçadas de ativos devido à desmontagem de operações de “carry trade”. Além disso, dados econômicos mistos dos EUA contribuíram para o aumento da volatilidade, levando a uma queda significativa no índice S&P 500 (SPXUSD) em apenas três dias.

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Em uma passagem reflexiva, Marks comenta sobre as oscilações de humor dos investidores e como essas mudanças de percepção afetam drasticamente os preços dos ativos. Ele observa que, muitas vezes, as condições econômicas reais mudam muito pouco, enquanto as avaliações de mercado flutuam amplamente com base no sentimento dos investidores.

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“As oscilações de humor dos mercados de valores mobiliários assemelham-se ao movimento de um pêndulo”, ele afirma, reforçando a ideia de que essas oscilações são previsíveis, mas inevitáveis.

Os erros do Sr. Mercado

Marks também explora a teoria das expectativas racionais, que sugere que os indivíduos tomam decisões com base em informações disponíveis e experiências passadas. No entanto, ele aponta que, na prática, os mercados frequentemente ignoram informações negativas até que um ponto de inflexão seja atingido, desencadeando uma venda em massa. Citando o economista Rudiger Dornbush, Marks lembra que “as coisas demoram mais para acontecer do que você pensa e acontecem mais rápido do que você pensava que poderiam acontecer.”

A irracionalidade, segundo Marks, é exacerbada pelo fenômeno da dissonância cognitiva, onde os investidores tendem a rejeitar informações que não correspondem às suas crenças prévias. Ele sugere que durante grandes movimentos de mercado, muitas vezes, a análise racional é deixada de lado, e a psicologia do mercado se torna o principal motor das mudanças de preço.

Marks também critica a falta de regras imutáveis no mercado financeiro, observando que os investidores frequentemente se apegam a ditados antigos, como “compre com base em rumores e venda com base em notícias”, mas que essas diretrizes funcionam raramente de forma consistente. Ele alerta que o sucesso no investimento depende muito mais de análise cuidadosa e percepção aguçada do que de seguir fórmulas.

Em uma perspectiva histórica, Marks menciona o papel do “wishful thinking” e da memória curta dos investidores na criação de bolhas e quedas de mercado. Ele cita Charlie Munger, parceiro de longa data de Warren Buffett, que frequentemente citava Demóstenes: “Nada é mais fácil do que o autoengano. Pois o que cada homem deseja, isso ele também acredita ser verdade.” Esse pensamento, segundo Marks, pode levar os investidores a comportamentos excessivamente agressivos, especialmente durante períodos de euforia.

Marks conclui sua carta destacando que os mercados, em sua essência, são impulsionados por um pequeno grupo de participantes cujas decisões podem ter um impacto desproporcional nos preços. Ele aconselha os investidores a evitarem se deixar levar pelas emoções do mercado e a se posicionarem estrategicamente para tirar proveito das reações exageradas do “Sr. Mercado”.

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