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Focus: Mercado dispara projeção para IGP-M e Selic até 2027

Com a alta do dólar, a mediana para a inflação medida pelo IGP-M de 2024 subiu pela nona semana consecutiva, de 4,57% para 5,35%. Um mês antes, ela estava em 3,98%

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Sede do Banco Central

A mediana das estimativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 11,75% pela quinta semana consecutiva, consolidando a avaliação do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em 0,5 ponto porcentual nas suas duas próximas reuniões. O colegiado define a taxa nesta quarta-feira, 6, e no dia 11 de dezembro.

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Considerando apenas as 91 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para a Selic também se manteve em 11,75%. Na sua última decisão, de 18 de setembro, o Copom aumentou os juros em 0,25 ponto porcentual, de 10,50% para 10,75%.

As medianas para a Selic em prazos mais longos subiram, indicando que o Banco Central terá um espaço limitado para cortar juros nos próximos anos, em meio à desancoragem das expectativas, atividade forte e disparada do dólar. A mediana para 2025 subiu de 11,25% para 11,50%. Considerando apenas as 90 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 11,25% para 11,75% – o mesmo nível esperado para o fim de 2024.

A estimativa intermediária para a Selic no fim de 2026 subiu de 9,50% para 9,75%, interrompendo uma sequência de nove semanas de estabilidade. A mediana para os juros no fim de 2027 passou de 9,0% para 9,25%, após 23 semanas de estabilidade.

Veja o relatório Focus desta semana

PIB

A mediana para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 aumentou pela quarta semana seguida, de 3,08% para 3,10%, aproximando-se das estimativas do BC e do Ministério da Fazenda, de 3,20%. Considerando apenas as 64 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 3,07% para 3,10%.

A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 1,93%, estável há quatro semanas, apesar da expectativa de um ciclo maior de aumento de juros – que, tudo mais constante, deveria esfriar a atividade.

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Considerando apenas as 108 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 1,90% para 1,97%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 65 e 67 semanas, respectivamente.

Dólar

A mediana para a cotação do dólar (USDBRL) no fim de 2024 subiu pela terceira semana consecutiva, de R$ 5,45 para R$ 5,50. Um mês antes, era de R$ 5,40. As estimativas também avançaram para o fim de 2025 (R$ 5,40 para R$ 5,43), 2026 (R$ 5,33 para R$ 5,40) e 2027 (R$ 5,35 para R$ 5,40).

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Na última sexta-feira, 1º, a moeda norte-americana escalou até R$ 5,8694, o segundo maior nível nominal da história, em meio ao mal-estar causado pelo anúncio da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa, visto como sinal de falta de urgência no governo para anunciar um pacote de corte de gastos. No domingo, Haddad cancelou o compromisso.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

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Carne moída, supermercados, inflação
Carne moída (Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

IPCA

A mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu pela quinta semana seguida, de 4,55% para 4,59%, mantendo-se acima do teto da meta de inflação, de 4,50%. Um mês antes, ela estava em 4,38% Considerando apenas as 109 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a previsão passou de 4,55% para 4,60%.

Se essa projeção se confirmar, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai terminar a sua gestão escrevendo a terceira carta aberta para explicar o descumprimento da meta. No início do próximo ano, Campos Neto será substituído na presidência da instituição pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A mediana para a inflação de 2025 oscilou de 4,0% para 4,03%, mais próxima do teto, de 4,50%, do que do centro da meta, de 3%. A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.

Considerando as 108 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o IPCA de 2025 passou de 4,0% para 4,07%.

A mediana para a inflação de 2026 voltou a se distanciar da meta, passando de 3,60% para 3,61%, após quatro semanas de estabilidade. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 3,50%, como já está há 70 semanas.

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O Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne entre a terça-feira e a quarta-feira para definir a taxa Selic, considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária. O colegiado esperava um IPCA de 3,50% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,60 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).

Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,30% e desacelere a 3,70% em 2025.

IGP-M

A mediana para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2024 subiu pela nona semana consecutiva, de 4,57% para 5,35%. Um mês antes, ela estava em 3,98%.

A estimativa para 2025 oscilou de 3,93% para 4,0%, contra 3,96% quatro semanas atrás.

Os índices gerais de preços, da Fundação Getulio Vargas (FGV), medem um agregado da inflação para três grupos: produtores (atacado, com impacto do câmbio e da variação e commodities), com peso de 60%; consumidores, com peso de 30%; e construção, com peso de 10%.

Déficit primário

A mediana déficit primário de 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, estável há nove semanas e ainda distante da meta do governo, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos. O Executivo espera obter um resultado negativo de R$ 28,8 bilhões este ano, equivalente a 0,25% do PIB.

A estimativa intermediária para o déficit primário de 2025 se manteve em 0,70% do PIB, ainda fora da meta. No ano que vem, o alvo também é um déficit primário zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês antes, o mercado esperava um saldo negativo de 0,73% do PIB nas contas do governo em 2025.

Nominal

A estimativa para o déficit nominal de 2024 passou de 7,70% para 7,60% do PIB, contra 7,76% do PIB um mês atrás. A mediana para o rombo de 2025 oscilou de 7,15% para 7,20% do PIB. Há quatro semanas, estava em 7,30%.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 continuou em 63,50%, o mesmo nível das últimas sete semanas. A estimativa intermediária para 2025 diminuiu levemente, de 66,68% para 66,66% do PIB.

Déficit em conta corrente

A mediana para o déficit em conta corrente do Brasil em 2024 aumentou de US$ 43,25 bilhões para US$ 45,80 bilhões. Um mês antes, era de US$ 42,0 bilhões. A estimativa intermediária para 2025 passou de US$ 45,0 bilhões para US$ 46,0 bilhões. Quatro semanas atrás, era de US$ 44,50 bilhões.

Os números do Focus indicam que o déficit em conta corrente continuará sendo financiado com folga pela entrada líquida de Investimento Direto no País (IDP). A mediana para 2024 se manteve em US$ 72 bilhões,contra US$ 70,5 bilhões um mês antes. Para 2025, caiu de US$ 74 bilhões para US$ 73,78 bilhões. Quatro semanas atrás, era de US$ 73 bilhões.

A mediana para o superávit comercial deste ano oscilou para baixo pela quinta semana consecutiva, de US$ 77,95 bilhões para US$ 77,78 bilhões. Um mês atrás, estava em US$ 80,05 bilhões. Para o ano que vem, a estimativa intermediária passou de US$ 76,8 bilhões para US$ 76,5 bilhões, contra US$ 76,19 bilhões um mês antes.

(Com Estadão Conteúdo)

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