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Recorde na poupança: investidor com medo?

por Conrado Navarro
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Uma combinação única de fatores fez disparar a captação, que é recorde na poupança.

Depois de um mês de abril incrível para a poupança, foi a vez de maio se mostrar ainda melhor. O interesse dos investidores pela caderneta seguiu a tendência do mês anterior e se transformou na maior captação líquida da série história, iniciada em 1995.

A captação líquida alcançou R$ 37,2 bilhões em maio, segundo dados oficiais do Banco Central. Para efeito de comparação, o mesmo mês de 2019 registrou maior saída de recursos que entrada, com uma diferença na época de R$ 718,7 milhões a mais de saques que de aportes.

Depois de começar o ano no vermelho, considerando inclusive janeiro e fevereiro, a poupança virou o jogo. Nos dois primeiros meses do ano, os investidores retiraram R$ 15,93 bilhões a mais do que depositaram, mas em março a situação já foi diferente.

Com a explosão da pandemia do coronavírus por aqui, o saldo virou e a captação passou a ser positiva em R$ 12,17 bilhões já em março. Em abril, este número saltou para R$ 30,46 bilhões, até então o recorde; em maio alcançou R$ 37,2 bilhões, novo recorde absoluto desde 1995, quando os valores passaram a ser computados.

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Poupança recorde: um pouco de história

Se você se lembra de 2015, vai se lembrar de que este foi o ano em que começamos a viver o que viria a ser uma de nossas maiores recessões econômicas – e que deve ser ultrapassada pelo ano de 2020 com a chegada do coronavírus e seus efeitos na economia.

Falo de 2015 porque até então, os brasileiros costumavam depositar mais do que sacar na caderneta de poupança. Há também o fator de rentabilidade, que era melhor considerando as taxas de juros praticadas na época (vou falar da rentabilidade adiante neste texto).

No ano de 2015, os brasileiros tiraram R$ 53,57 bilhões da poupança, o que configurou a maior retirada líquida da história da poupança. Em 2016, também houve mais retirada que aportes, chegando a R$ 40,7 bilhões de retirada líquida. Os dois anos de recessão foram também os piores anos da poupança.

As coisas começaram a melhorar em 2017, com a poupança registrando captação líquida no ano de R$ 17,12 bilhões, montante que praticamente dobrou em 2018, para R$ 38,26 bilhões. Os juros passaram a cair aceleradamente e muitos investidores buscaram rentabilidade melhor, o que fez com que em 2019 a captação líquida caísse para R$ 13,23 bilhões.

Como vimos, 2020 começou mal, mas com a pandemia, parece que muita gente se esqueceu da rentabilidade mais baixa e procurou segurança acima de tudo.

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Poupança recorde: a rentabilidade baixa não importa?

Considerada por muitos brasileiros a principal porta de entrada para o “time de quem junta dinheiro”, a poupança hoje não é lá essas coisas quando se trata de rentabilidade. Há opções melhores, como o porquinho digital da Grão, por exemplo, que pode render até 120% mais que a poupança dependendo do prazo.

Os números, no entanto, mostram que mesmo com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia) e esta esteja cada vez mais baixa, a poupança atraiu mais dinheiro. Com a Selic no menor nível da história, o investimento estava rendendo menos que a inflação no início de 2020.

O IPCA medido nos 12 meses terminados em maio ficou próximo de 2%, enquanto a rentabilidade da poupança foi de 3,35%. Mas a situação vem mudando e no atual patamar, com rentabilidade de 2,1% (o equivalente a 70% da Selic), a poupança fica sem levar tanta vantagem.

Poupança recorde: será que o investidor está com medo?

O movimento de busca de investimentos mais seguros é normal e até previsível em situação de pânico, mas o que deve ser levado em conta aqui é a discussão sobre se esse dinheiro vai permanecer na poupança (e por quanto tempo).

A turbulência na bolsa de valores e a volatilidade nas taxas de títulos públicos como Tesouro IPCA, por exemplo, explica em parte o aumento súbito de recursos na poupança. Passada a situação mais crítica da pandemia (em algum momento nos próximos meses), o que o investidor fará com esse dinheiro?

É provável que muitos brasileiros precisem do dinheiro para o seu dia a dia, usando como a tão comentada reserva de emergência. Outros certamente vão procurar alternativas conservadoras mais rentáveis, até porque a Selic vai continuar caindo na tentativa de reaquecer a economia. E investimentos mais arrojados deverão novamente ganhar algum destaque nas carteiras.

Se você é um investidor da poupança, experimente responder a algumas perguntas:

  • Por que você guarda dinheiro na caderneta de poupança?
  • Você passou mais dinheiro para a poupança nos meses mais complicados da pandemia?
  • O que você pretende fazer com os recursos que poupou neste período?
  • Quanto tempo sua reserva garante sua tranquilidade financeira?

As respostas são mais importantes para você como reflexão e como parte de um plano de educação financeira que precisa sempre levar em conta o momento, seus objetivos, sua capacidade e seu perfil de investidor.

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Conclusão

Não tem nada de errado com a poupança. Nem com você. O mais importante aqui é tentar compreender o que está acontecendo com o seu bolso em um dos momentos mais complicados vividos pelo Brasil.

A “virada” na poupança reflete um pouco do sentimento de que é melhor estar seguro e com o dinheiro à mão que gastando com bobagens e/ou arriscando diante de tanta incerteza. Ponto para você. Ponto para o Brasil. E agora? Qual o próximo passo?

Avalie com carinho a possibilidade de guardar seu dinheiro em uma aplicação igualmente conservadora e segura, mas mais rentável. Aos poucos, com confiança, também considere a possibilidade de arriscar mais. A saída para a crise que vamos enfrentar também depende de nossa atitude neste sentido.

Foto: Pixabay

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