Executivos da Boeing (BA) mantiveram nesta quarta-feira metas financeiras da companhia para o período de 2025 a 2026 e disseram que a empresa está trabalhando para recuperar a confiança dos reguladores e clientes após um pedaço da fuselagem de um 737 MAX ter se soltado em pleno voo este mês.
Como esperado, o presidente-executivo, Dave Calhoun, não ofereceu uma previsão financeira ou de entregas para 2024, afirmando que a empresa tem que se concentrar na entrega de aviões com qualidade.
No entanto, o vice-presidente financeiro, Brian West, disse a analistas que a empresa continua confiante de que alcançará um fluxo de caixa livre de cerca de 10 bilhões de dólares e uma produção de 50 aviões 737 por mês no período de 2025 a 2026, conforme anunciado pela Boeing em novembro de 2022.
West acrescentou que a Boeing espera um ano estável de fluxo de caixa com base na produção de 737 em sua taxa atual de 38 jatos por mês, bem como nas entregas de 737 e 787 que estão em estoque.
O desprendimento de um pedaço da fuselagem de um jato MAX 9 operado pela Alaska Airlines neste mês se transformou em uma crise de segurança e de reputação para a Boeing, podendo levar a uma produção mais lenta de jatos e à perda de mais participação de mercado no segmento de aeronaves de corredor único para a Airbus.
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) proibiu a empresa de aumentar a produção no início deste mês, ao mesmo tempo em que aumentou sua supervisão sobre a companhia. Na segunda-feira, a Boeing retirou o pedido de isenção que havia solicitado à FAA para acelerar a certificação do modelo MAX 7.
Os executivos da Boeing se recusaram a estabelecer novos cronogramas de certificação para o MAX 7 e o MAX 10, que também apresentam determinados sistemas que precisarão ser reprojetados antes de entrarem em serviço. Entretanto, uma “solução de engenharia” para o MAX 7 poderia ser concluída em um ano, disse West.
Calhoun acrescentou que a certificação do MAX 7 e 10 “estava progredindo razoavelmente bem”, com o MAX 7 “perto da linha de chegada” até que a Boeing retirou o pedido de isenção, o que ele chamou de “a coisa certa a fazer pela aviação”.
Apesar do limite de produção imposto pela agência norte-americana à Boeing, os executivos disseram que a empresa manterá os fornecedores de 737 produzindo a taxas mais altas estabelecidas em seu cronograma principal, que prevê um aumento para 42 aviões por mês em fevereiro.
“Se isso significar que teremos de manter mais estoques, que assim seja”, disse West. Calhoun acrescentou que a mudança dará a alguns fornecedores tempo para se adaptarem ao aumento de ritmo.
Dos 171 MAX 9s suspensos pela FAA no início deste mês, 129 voltaram a operar, disse Calhoun.
O aumento da produção de jatos 737 MAX é crucial para a recuperação da Boeing de uma crise de segurança anterior, decorrente de duas quedas de aeronaves da empresa em 2018 e 2019 que mataram centenas de pessoas, e da subsequente retração no setor aeroespacial que se seguiu devido à pandemia.
Mas Calhoun afirmou repetidamente que a empresa está disposta a desacelerar, se necessário, para resolver problemas de qualidade.
“Não vamos prever cronogramas. Não vamos nos antecipar ao nosso regulador. Iremos devagar para irmos rápido”, disse ele.
A Boeing tem cerca de 200 jatos MAX e 60 787 Dreamliners em seu inventário, a maioria dos quais será entregue este ano, disse West.
A taxa de produção do 787 está em cinco por mês, disse a Boeing, acrescentando que também retomou a produção do 777X durante o quarto trimestre.
Para o quarto trimestre, a Boeing teve prejuízo ajustado por ação de 0,47 dólar, menor do que as estimativas dos analistas de resultado negativo de 0,78 dólar, de acordo com dados da LSEG.
A receita aumentou 10%, chegando a 22,02 bilhões de dólares, acima das expectativas de cerca de 21,1 bilhões.
A empresa informou um fluxo de caixa livre para 2023 de 4,43 bilhões de dólares, atingindo meta de 3 bilhões a 5 bilhões de dólares para o ano.