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Campos Neto cita dependência de dados e reforça centro da meta de inflação como alvo

Campos Neto afirmou que o processo de desinflação no Brasil vem ocorrendo "mais ou menos dentro do esperado"

por Reuters
(Imagem: Alessandro Dantas)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta quarta-feira que, apesar de a atividade econômica forte no Brasil ter criado novas incertezas, o processo de desinflação não está interrompido, ainda que a instituição esteja um pouco mais dependente de dados do que gostaria.

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Em apresentação exibida durante palestra em evento do Bradesco BBI, em São Paulo, Campos Neto pontuou que os indicadores recentes de atividade no Brasil sugerem um dinamismo ligeiramente maior que o esperado, especialmente em serviços e comércio.

Para ele, com a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, ficou difícil imaginar um crescimento abaixo de 2% em 2024, o que tem motivado revisões de projeções entre os economistas.

Ao mesmo tempo, ele defendeu durante sua palestra o estrito cumprimento da meta de inflação no Brasil, cujo alvo central é de 3% para este e os próximos anos.

“A meta é a meta e temos que cumprir a meta”, disse Campos Neto. “É importante perseguir a meta”, reforçou, citando que há entre algumas pessoas um entendimento de que a meta não seria “uma meta de fato”.

Os comentários de Campos Neto surgem em um momento em que, pelo relatório Focus, a projeção mediana do mercado para a inflação em 2024 é de 3,75% e em 2025 de 3,51%.

Estes percentuais estão dentro da margem de tolerância para cumprimento da meta, de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (inflação entre 1,50% e 4,50%), o que tem levantando questionamentos, no mercado, sobre se o BC poderia ser mais brando em sua política monetária ainda que as projeções apontem para um resultado pouco acima do centro da meta.

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Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília
Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília (Imagem: Flickt/ BCB)

Campos Neto, por sua vez, tem procurado salientar a necessidade de se perseguir o alvo central. Em sua palestra desta quarta-feira, ele afirmou que um “incômodo grande” do BC é a expectativa de inflação de longo prazo, “que não tem convergido para a meta”.

Ao avaliar o cenário mais recente, Campos Neto afirmou que o processo de desinflação no Brasil vem ocorrendo “mais ou menos dentro do esperado” pelo BC, embora “na ponta” a instituição tenha visto uma “ligeira piora”.

Segundo ele, a inflação no Brasil mantém trajetória de queda, com itens menos voláteis se aproximando da meta, mas a inflação de serviços está acima do patamar pré-pandemia, mostrando-se mais resiliente nos itens mais ligados ao mercado de trabalho.

Por outro lado, ele avaliou que a alimentação não é vista como um “grande problema” para a inflação em 2024 e reafirmou que o resultado fiscal para o ano pode ser “um pouco melhor” do que o mercado projeta.

Ao tratar do cenário global, Campos Neto lembrou que, durante evento em fevereiro, alguns participantes se mostraram “muito otimistas” sobre a desinflação naquele momento.

No entanto, conforme o presidente do BC, o cenário se mostrou mais difícil até o momento.”Se o corte de juros pelo Fed não for em junho, vamos entrar em fase de reprecificação da taxa terminal (nos EUA)”, avaliou. “Continuamos olhando o processo de convergência que está lá… mas há mais incertezas.”

Sucessão no BC

Questionado durante o evento sobre sua sucessão no comando do BC, Campos Neto evitou tratar de possíveis substitutos, mas prometeu fazer a transição “mais suave possível”.

Ele defendeu ainda que a sabatina de seu sucessor, a ser realizada no Senado, ocorra ainda em 2024 e disse que o prêmio de risco ligado à mudança na gestão do BC “diminuiu bastante”.

A coisa mais importante para quem senta na cadeira (do BC) hoje é ter a firmeza de dizer ‘não'”, pontuou Campos Neto, acrescentando que “o melhor plano econômico é ter inflação baixa e estável.

Veja o documento abaixo:

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