A Cogna (COGN3) registrou nesta quarta-feira um prejuízo líquido ajustado de 373,6 milhões de reais no quarto trimestre do ano passado, revertendo lucro líquido de 76,15 milhões de reais um ano antes, afetado por efeito tributário, em um período marcado por expansão de receita e na geração de caixa operacional ano a ano.
A companhia afirmou que houve uma baixa de imposto de renda diferido no montante de 434 milhões de reais decorrente de prejuízos fiscais em empresas do grupo, consequência do adiamento temporário de algumas incorporações para melhor posicionamento no Mais Médicos III, ressaltando se tratar de “um impacto pontual” e “estritamente contábil”.
A receita líquida do grupo de educação, por sua vez, cresceu 12,6% no período de outubro a dezembro de 2023 em relação ao quarto trimestre do exercício anterior, para 1,9 bilhão de reais, enquanto as despesas operacionais caíram 4,6% e as provisões para créditos de liquidação duvidosa cresceram 6,9%.
Projeções compiladas pela LSEG apontavam lucro líquido de 92,9 milhões de reais, com receita de 1,9 bilhão de reais.
Todas as unidades de negócio Kroton (+1,7%), Kroton Med (+26,6%), Vasta (+9,7%) e Saber (+59,4%) mostraram expansão na receita líquida.
No caso de Kroton, a companhia disse que o desempenho foi afetado por mudança no processo operacional de reconhecimento da receita de dependências dos alunos do ensino a distância (EAD), que antecipou parte da receita para o terceiro trimestre, quando houve expansão de 8,4% na receita líquida ano a ano.
O resultado operacional do grupo medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente totalizou 551,9 milhões de reais, alta de 17,1%, com o margem de 28,9%, ante 27,8% nos mesmos meses de 2022.
A geração de caixa operacional após capex disparou 282,2% ano a ano, para 240,8 milhões de reais no quarto trimestre, em desempenho que a companhia atribuiu à estratégia “asset light”, com aumento de conversão de Ebitda recorrente em caixa e crescimento do Ebitda recorrente.
As expectativas de analistas apontavam um Ebitda de 561,47 milhões de reais.
Ao final de dezembro de 2023, o endividamento da Cogna sob a métrica dívida líquida/Ebitda era de 1,83 vez, ante 2,1 vezes no fechamento quarto trimestre de 2022 e 1,88 vez no terceiro trimestre do ano passado.
2024
Após a companhia focar em melhora de rentabilidade, crescimento da receita e geração de caixa operacional nos últimos três anos, o presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério Neto, afirmou em entrevista à Reuters que 2024 será o ano de todos esses componentes “mais lucro líquido”.
No ano passado, a companhia reportou um prejuízo líquido em torno de 493 milhões de reais, que em termos ajustados soma quase 289 milhões de reais. A última vez que a Cogna reportou um resultado positivo na última linha do balanço foi em 2019.
O executivo adiantou que a captação de alunos neste primeiro semestre está crescendo a taxas maiores do que se observou na metade do ano, tanto no ensino presencial como no EAD, o que tende a beneficiar as receitas, mas não especificou números.
De acordo com os resultados operacionais da unidade Kroton em balanços dos trimestres anteriores do grupo de educação, o volume total de alunos captados na graduação no ciclo do segundo semestre de 2023 cresceu 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre, essa taxa foi de 4,2%.
Entre os componentes que tendem a corroborar a continuidade da melhora dos resultados da Cogna, que Valério destacou como “consistente”, estão um ambiente macroeconômico mais favorável ao setor, a consolidação da marca Anhanguera e uma evolução nos processos da companhia como um todo.
Ele também citou que o novo Fies está “andando” e as tratativas envolvendo uma remodelação do programa de financiamento estudantil mostram que o governo federal tem essa preocupação, mas que não há ainda nada concreto sobre o anúncio de mudanças sinalizadas pela União.
Ele destacou que o Fies Social é um avanço, vai ajudar um pouco, mas “não é transformacional”.