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Como a Azul passou de um caixa com R$ 3,1 bi à inadimplência iminente e renasceu?

A Fitch chegou a rebaixar o rating IDR (Issuer Default Ratings - Ratings de Inadimplência do Emissor) em moeda estrangeira e local da aérea de C para RD

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Azul 2

Golpeada como todo o mercado aéreo pela pandemia do coronavírus, a Azul (AZUL4) esteve perto de um calote a fornecedores antes de conseguir por a ordem em casa ao concluir uma emissão de US$ 800 milhões e alongar outros papéis que estavam no mercado por meio de troca de papéis, aponta a agência de classificação de risco Fitch em uma nota enviada ao mercado nesta quinta-feira (20).

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“A oferta de troca de notas da Azul foi considerada uma DDE (Distressed Debt Exchange – troca de dívida em situação crítica), de acordo com a metodologia da Fitch, devido ao envolvimento de grande parte dos credores da companhia (incluindo acordos referentes a refinanciamento de leasings e fabricantes de equipamentos originais – OEM), o que levou a um plano de reestruturação mais amplo para evitar inadimplência”, explica Debora Jalles, diretora da Fitch.

A Fitch chegou a rebaixar o rating IDR (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) em moeda estrangeira e local da aérea de C para RD.

Esta nota é conferida a uma empresa que sofreu uma inadimplência não sanada de um título, empréstimo ou outra obrigação financeira relevante, mas que não entrou com pedido de falência, ou outro procedimento formal de liquidação e não cessou os negócios de outra forma. É o penúltimo degrau na escala, antes do rating “D”, que é o do calote.

Sendo assim, logo após a reestruturação, a Fitch voltou a subir a nota da Azul de RD para B-, que está três degraus acima da posição anterior à reestruturação. Vale lembrar que a Gol possui um rating CCC+, abaixo da Azul, e a Latam BBB-, acima.

O perfil de crédito da Azul se favorece de sua posição singular no mercado de aviação regional no Brasil, com forte presença em destinos pouco atendidos por outras empresas e baixa sobreposição de rotas com as concorrentes Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. (Gol, IDRs CCC+ e Rating Nacional de Longo Prazo CCC(bra)) e LATAM Airlines Group S.A. (LATAM, Rating Nacional de Longo Prazo BBB-(cl)).

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Azul
Na comparação com pares regionais, a companhia tem liquidez e flexibilidade financeira mais fracas que as da Latam, mas um caixa mais forte que o da Gol (Imagem: Unsplash/ Altino Dantas)

Caixa bilionário

A Azul sempre teve um histórico de manutenção de fortes saldos de caixa, o que a ajudou a reduzir os riscos de refinanciamento de curto prazo e a enfrentar a volatilidade do setor.

O caixa prontamente disponível da Azul, de acordo com a metodologia da Fitch, diminuiu para R$ 466 milhões em 31 de março de 2023, de R$ 668 milhões em 31 de dezembro de 2022 e R$ 3,1 bilhões ao final de 2021.

“Considerando a atual emissão e a conclusão da oferta de troca, a empresa terá um montante mais administrável de vencimentos em seu cronograma, sem grandes pressões até 2028”, aponta Jalles.

Ainda assim, na comparação com pares regionais, a companhia tem liquidez e flexibilidade financeira mais fracas que as da Latam, mas um caixa mais forte que o da Gol (GOLL4), reflexo do forte posicionamento da Azul no mercado regional brasileiro e suas altas margens operacionais têm sido os principais fundamentos de seus ratings.

Pelas projeções do cenário-base da agência, os índices de alavancagem total e líquida ajustadas/EBITDAR da empresa ficarão em torno de 4,6 vezes e 4,0 vezes, respectivamente, em 2023 — uma melhora em relação aos patamares de 2022, de 7,4 vezes e 7,1 vezes.

Volta por cima

Mesmo em meio aos problemas financeiros, a Azul conseguiu retornar ao seu volume de tráfego para acima do visto em 2019 desde meados de 2021. A Fitch estima que o volume total de tráfego da Azul em 2023 será cerca de 21% superior ao de 2019 e que sua capacidade será 25% superior.

A estimativa para o Ebitda ajustado é de R$ 5,5 bilhões em 2023 e R$ 6,2 bilhões em 2024, um aumento em relação aos R$ 3,2 bilhões reportados em 2022 e aos R$3,6 bilhões de 2019, antes da pandemia.

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