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Comprar ou Alugar Imóvel: Qual a Melhor Opção?

por Conrado Navarro
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comprar ou alugar - Dinheirama

Entre amigos, família e na Internet, você certamente vai encontrar discussões envolvendo a decisão de comprar ou alugar imóvel.

Sem dúvida você já ouviu a expressão “Quem casa, quer casa”. Mas também pode ter se deparado com pessoas falando que é melhor alugar e investir o dinheiro, do que comprar.

Comprar a casa própria ou alugar um imóvel é uma decisão que sempre “atormenta” casais jovens. Essa costuma ser uma dúvida entre quem está formando patrimônio.

A discussão costuma girar em torno das vantagens entre comprar a casa própria e alugar.

Alguns benefícios da casa própria não fazem sentido para quem prefere alugar. Já quem sempre sonhou em ter uma casa só sua não abre mão disso.

Os dois grupos são ferrenhos defensores de seus pontos de vista. A polêmica é muito interessante para abrir a cabeça para novas perspectivas. 

Mas, as escolhas precisam ser tomadas com cuidado. A decisão entre comprar e alugar deve ser tomada de acordo com o perfil, necessidades e prioridades de cada um.

Quando vale a pena alugar?

“Alugar é jogar dinheiro fora”. Você certamente já ouviu essa afirmação de pessoas bem próximas de você.

Será mesmo? Não. De jeito nenhum. Se você não tem o dinheiro da entrada ou da compra do imóvel, o aluguel é uma alternativa importante.

Além disso, se você ainda não definiu os planos familiares, não tem raízes definidas sobre onde vai morar, alugar faz todo sentido.

O que dizer de quem precisa morar em outra cidade/país de forma temporária? Alugar é uma decisão coerente.

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Crédito: Pexels

Cuidado com as “regras” e “verdades” criadas e propagadas por quem não sabe de sua vida. Só você conhece seus objetivos e aspectos familiares.

Ainda que você tenha o dinheiro para comprar o imóvel à vista, será que vale a pena? Como decidir?

Ora, talvez os rendimentos da aplicação feita com o dinheiro serão suficientes para pagar o aluguel e ainda permitir reinvestimento.

Se essa for a sua ideia, confira como fazer isso:

Para achar a rentabilidade necessária para pagar o aluguel, divida o valor do aluguel pelo valor de venda do imóvel. Depois, multiplique por 100.

Por exemplo: considere um imóvel cujo preço é R$ 400 mil e o aluguel R$ 2 mil. A conta seria a seguinte: 2.000 / 400.000 x 100 = 0,5.

A rentabilidade é 0,5%. Logo, se você achar um investimento para os R$ 400 mil com retorno maior que 0,5%, alugar pode ser mais interessante que comprar.

Quando vale a pena comprar?

O principal aspecto que merece cuidado na compra é o compromisso assumido. Principalmente quando a compra é financiada.

Normalmente, são muitos anos dedicados a pagar a casa própria e mediante parcelas que podem ser muito altas.

É claro que ter um imóvel é uma conquista incrível, afinal de contas é parte da construção de patrimônio. Mas como saber se vale a pena mesmo comprar ou alugar imóvel?

Vale a pena comprar quando a família tem renda estável. É preciso uma vida financeira equilibrada e bem definida para ter condições de abraçar este compromisso.

Além disso, considere o fator matemático. Quando o dinheiro aplicado não for capaz de gerar os recursos suficientes para pagar o aluguel, é interessante ter a casa própria.

Vamos detalhar melhor algumas coisas sobre esta decisão para que fique mais fácil pensar sobre comprar ou alugar, acompanhe.

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Comprar ou alugar imóvel: um exemplo simples

Repare que os principais argumentos de quem defende que você deve fugir da compra da casa própria são financeiros.

O argumento a favor do aluguel é que comprar significaria empatar muito dinheiro em um imóvel ou financiar em muitos anos.

A tese de quem prefere alugar a comprar a casa própria defende que o dinheiro bem aplicado pode fazer mais pela família.

Ou seja, que a disciplina de seguir investindo mês a mês será capaz de aumentar seu patrimônio líquido. Bem mais do que o imóvel comprado e sua valorização.

De forma simplificada, pense que você pode dar uma entrada de R$ 100 mil para comprar um imóvel de R$ 400 mil.

Consideremos um financiamento dos R$ 300 mil hoje, para pagar em 20 anos. A uma taxa anual de 7% ao ano, considerando a Tabela SAC, geraria parcelas iniciais de R$ 3 mil.

As parcelas cairiam para até R$ 2 mil ao longo dos primeiros 10 anos. Depois, até R$ 1.300 ao longo dos 10 anos finais.

Caso você consiga alugar um imóvel semelhante por R$ 1.500,00, digamos, você deveria ter de R$ 1.500,00 a R$ 500,00 por mês. Isso pelo menos durante os primeiros 10 anos, para investir.

Estes valores são a diferença entre o que você pagaria de parcela para o valor do aluguel. Para efeitos didáticos, estou excluindo a inflação deste exercício.

Conheça o seu perfil

Vamos supor que você fez as contas e percebeu que, alugando e investindo o restante, você terá mais retorno.

Mas será que você teria disciplina para guardar e investir este valor todo mês? Talvez.

Provavelmente não, se considerarmos como a maioria dos brasileiros lida com o seu dinheiro.

Por outro lado, com a parcela do imóvel chegando todo mês, você teria uma conta para pagar. É um patrimônio construído de maneira meio “forçada”, é verdade, mas funciona.

“Ah, mas se estamos falando de educação financeira, não podemos pensar assim”. Pois é, mas precisamos considerar a realidade, não apenas o que é ou não possível.

Quanto esse dinheiro guardado por mês cresceria em 10 anos, se você fosse capaz de guardá-lo enquanto paga aluguel?

Algo próximo de R$ 220 mil, considerando um retorno moderado. E você ainda teria os R$ 100 mil da entrada porque não teria comprado a casa própria.

Em 10 anos, você teria aproximadamente R$ 350 mil, mas ainda estaria pagando aluguel.

Nos próximos 10 anos, você teria menos capacidade de guardar porque as parcelas decrescentes ficariam mais próximas do valor do aluguel.

Ainda assim, seria capaz de juntar aproximadamente R$ 50 mil. Chegaria ao final com R$ 400 mil guardados, pagando aluguel.

Se você tiver essa disciplina e comprometimento, pode valer a pena fazer isso e, quem sabe, comprar o apartamento à vista.

Só não se esqueça que alugueis geralmente sofrem reajustes ano a ano. E também que o preço de imóveis para comprar também podem subir.

Financiando, você ainda pode amortizar a dívida sempre que possível. Assim você consegue reduzir os anos de financiamento e também a quantia paga em juros.

Afinal, comprar ou alugar imóvel?

O que escolher: uma casa de R$ 400 mil financiada, totalmente sua ao final de 20 anos? Ou o equivalente dela em dinheiro aplicado, pagando aluguel? E agora?

Pode parecer que “ter uma casa de R$ 400 mil” ao final de 20 anos é melhor que “ter os R$ 400 mil guardados” e continuar vivendo de aluguel.

Até porque, apesar de ter pago mais de R$ 500 mil pela casa (por conta dos juros do financiamento), ela pode valer o dobro disso em termos de mercado.

Mas e a inflação? Calma. Tenha em mente que se esse exercício fosse feito há 5 anos, a matemática do guardar e investir seria muito mais vantajosa, por exemplo.

Só para ilustrar

E, de novo, este exemplo não contempla o efeito da inflação, que é muito importante no longo prazo. Tudo isso para dizer que toda simulação requer cuidado, afinal:

  • Usa indicadores e taxas do presente para estimar o futuro: considerei um retorno de pouco mais de 2% ao ano para as aplicações. E uma taxa de juros no financiamento de 7% ao ano. Esses valores não necessariamente serão os mesmos no momento que você tomar sua decisão. Uma combinação de retorno maior e juros mais elevados faria o aluguel ficar muito mais interessante;
  • Considera um período longo sem mudanças: não parece arriscado fazer um planejamento financeiro contando com a simulação para os próximos 20 anos e agarrar-se fielmente a ele? Para se ter noção, o Plano Real tem menos de 30 anos. Como vai se comportar a economia do Brasil no longo prazo? Difícil dizer. Lembre-se mais uma vez da inflação, que também precisa ser considerada.

O ponto aqui é que não precisamos decidir agora, mas aprender a lidar com as mudanças ao longo do tempo.

O exemplo que mostrei acima seria completamente diferente em uma simulação de 5 anos atrás.

Há 10 anos, seria ainda mais drástica a mudança e a vantagem de alugar para quem tivesse disciplina.

  • Como estaria quem, 10, 20 anos atrás decidiu alugar e passou a guardar dinheiro todo mês?
  • E quem comprou a casa própria, está com ela até hoje ou já a vendeu e fez outra coisa com o dinheiro?

Perceba que são as decisões e nossa capacidade de manter o curso dos objetivos que fazem diferença. Simular é fácil.

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Decida com calma se vai comprar ou alugar imóvel

Decida em paz, sem alimentar a (infundada) necessidade de provar aos outros que você estava certo.

Você não vai “esfregar” seu extrato financeiro na cara de ninguém porque conseguiu ficar mais rico pagando aluguel. Ou comprando a casa. Isso não faz sentido.

O mais importante é tomar a decisão coerente com o seu momento, perfil e prioridades. Sempre levando em conta tanto os aspectos práticos/matemáticos quanto os subjetivos.

O bem-estar da família no longo prazo não está apenas no dinheiro investido, mas nos momentos e nas experiências vividas.

Na boa, não interessa a ninguém saber a razão da sua escolha. Você deve lealdade à sua família e precisa honrá-la.

Para fazer isso, é essencial tomar decisões coerentes com a sua realidade financeira.

O interessante disso tudo é que a polêmica só existe porque tanto comprar a casa própria como alugar são alternativas interessantes.

Ambas merecem ser analisadas com cuidado e muita calma. Muitas vezes, como diz o escritor e amigo Jacob Petry, ficamos diante do “óbvio que ignoramos”.

Conclusão

Afinal, comprar ou alugar? A resposta é simples: depende.

  • Do seu estilo de vida e prioridades.
  • Da sua situação financeira.
  • Do seu momento pessoal/profissional.

A compra do imóvel é uma conquista importante, mas precisa ser uma decisão consciente. Decisão essa que deve ser tomada a partir de um momento financeiro mais estável na jornada da vida.

Alugar um imóvel de tamanho adequado, permitindo ainda algum investimento paralelo, costuma ser a melhor decisão para famílias em estágio inicial.

Ainda assim, comprar ou alugar não são escolhas puramente matemáticas. É essencial ter planejamento, mas também respeitar as prioridades.

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