Artigo escrito pelo leitor Arthur Gouveia*
Fiquei impressionado com a receptividade e repercussão, do artigo anterior “Parcelar desejo ou parcelar conta?”, no que se refere à forma como eu e minha esposa tratamos a compra de móveis para a casa. Assim, resolvi falar um pouco mais sobre as finanças no dia-a-dia de um casamento.
Uma das grandes causas de brigas entre casais é a famosa conta corrente “no vermelho”. Isso não é novidade para ninguém. Quem nunca discutiu com um(a) parceiro(a), por questões financeiras, que atire a primeira pedra. Eu, um cidadão casado e sem formação psicológica, acredito que as coisas poderiam ser amenizadas ou mesmo resolvidas com um pouco mais de comunicação e diálogo.
Você sabe o quanto seu(sua) parceiro(a) ganha?
Nem todas as pessoas gostam de divulgar seus rendimentos, mas isso é fundamental para que o casal possa se planejar financeiramente. Tudo fica pior quando o “bolo” cai em uma conta conjunta. O Navarro já falou sobre finanças para casais em um post muito interessante, onde defende o uso da conta conjunta. Tudo bem, paga-se menos tarifas nos bancos, mas eu e minha esposa não usamos de tal “facilidade”. Que bom que é possível discordar dele, em seu próprio blog. Ao invés de usar uma conta conjunta, dividimos as despesas.
Uma fórmula simples (e pessoal)
O uso de uma conta conjunta exige muita dedicação e comunicação. Lembre-se de que parte de suas receitas deve ser gasta com você! Isso mesmo, com você! Eu sempre digo que, ao casar, três novas entidades tomam forma: ele, ela e ambos. Não perca sua individualidade. Claro, parte das receitas de cada um deve ser gasta individualmente, parte deve ser usada em gastos comuns e parte em investimentos pensando no futuro.
Aqui, cada um tem uma certa quantidade de contas a pagar. Eu pago a Internet, o financiamento do apartamento e o condomínio. Ela, a energia. O supermercado pagamos com um cartão de crédito exclusivo e, assim como o telefone, pagamos no esquema “um mês eu, um mês ela”. Utilidades domésticas são responsabilidade dela, desde que o preço esteja dentro do orçamento. Se for algo de valor substancial, sentamos e negociamos. O cinema, o jantar, os passeios, ficam quase sempre por minha conta. As vezes ela paga, as vezes cada um paga o seu.
Sobra alguma coisa?
Depois de pagas todas as contas e satisfeitas as condições de investimento, o que sobra do salário (e sempre sobra!) é de cada um. Eu faço com meu dinheiro o que eu quiser. Ela tem a mesma atitude com o dinheiro dela. Eu tenho uma estratégia de investimentos, ela tem outra. Ela adora comprar sapatos, eu adoro comprar livros. Ela investe na caderneta de poupança, eu invisto em ações. Conversamos e pesquisamos muito antes de comprar algo e, no fim, dividimos as contas.
O segredo está no papo
Converse com seu(sua) parceiro(a). Deixe claro seus projetos e objetivos. Fale sobre o carro que você quer comprar, sobre o lindo vestido que te chamou a atenção, sobre o plano de previdência que pretende contratar. Converse, fale de seus projetos, desejos e necessidades. Fale de dinheiro. Peça para dividir as contas. Não é questão de vergonha, mas de inteligência financeira. Claro, tente dividir de forma justa. Se você ganha mais, deve pagar mais!
Casar é vantajoso financeiramente. Para os dois! É melhor, e mais fácil, manter uma casa usando o trabalho em equipe. Isso se chama economia de escala. Resumindo, case, abra os valores de seu contracheque, divida as despesas, invista um pouco para o futuro e o que sobrar é seu. Use com moderação.
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* Nota: A opinião do leitor não representa, necessariamente, a opinião do autor do blog, Conrado Navarro. Este espaço é aberto a todos que queiram participar. Envie seu artigo para avaliação e tenha sua história publicada. A discussão em torno da educação financeira só tende a melhorar suas decisões. Vamos lá, o que está esperando?