O dólar (USDBRL) à vista emplacou a segunda sessão consecutiva de baixa ante o real nesta segunda-feira, em continuação ao movimento de ajustes de preços da sexta-feira após a forte alta recente no Brasil, enquanto no exterior a moeda norte-americana subia ante boa parte das demais divisas.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1697 reais na venda, em queda de 0,56%. Em dois dias úteis a moeda acumulou baixa de 1,54%. Em abril, a divisa dos EUA ainda acumula alta de 3,07%.
Às 17h27, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,71%, a 5,1735 reais na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista já havia recuado cerca de 1% em meio a ajustes de preços após o forte avanço das últimas semanas, quando o mercado passou a precificar chances maiores de adiamento do corte de juros nos EUA e reduções menores da taxa básica Selic no Brasil.
Nesta segunda-feira, o dólar ensaiou retomar a alta pela manhã, ao marcar a cotação máxima de 5,2199 reais (+0,40%) às 10h47, mas a divisa perdeu força no restante da sessão, marcada também por ganhos na bolsa brasileira e queda das taxas curtas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
“Vale considerar um pouco de movimento técnico desde sexta-feira, depois da disparada muito acentuada do dólar. Isso vejo com alguma nitidez”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, ao justificar a queda da moeda norte-americana nesta segunda.
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“Hoje estamos vendo a bolsa com valorização, então vejo reflexo no câmbio dessa entrada de capital para a bolsa”, acrescentou Bergallo.
Outro profissional ouvido pela Reuters citou que os mercados brasileiros estavam de modo geral “no azul”, com investidores devolvendo um pouco da moeda norte-americana adquirida em sessões anteriores, quando houve aumento do risco fiscal.
Durante a tarde o dólar ampliou as perdas ante o real, renovando mínimas até o fechamento, ainda que no exterior a moeda dos EUA se mantivesse firme ante uma cesta de divisas fortes.
O dia relativamente positivo para o câmbio no Brasil deixou em segundo plano comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o mercado.
Em evento pela manhã, Campos Neto pontuou que, caso o BC faça intervenções pesadas no mercado, o risco passará para os juros longos. Ao mesmo tempo, ele reforçou que o BC nunca fez intervenção no câmbio para alterar preços.
Sobre a política monetária, o presidente do BC afirmou que não é possível dar um guidance para os encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) em função da incerteza. “O que a gente fez na semana passada foi dizer que não temos como dar um ‘guidance’ porque temos uma incerteza muito grande”, disse.
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Em declarações nos Estados Unidos na última semana, Campos Neto apresentou diferentes cenários para o trabalho do BC à frente e citou uma eventual redução do ritmo de cortes da taxa básica Selic, sempre colocando como condicionante a evolução do nível de incerteza, principalmente no ambiente internacional. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
No exterior, em meio às especulações em torno do futuro dos juros nos EUA, investidores se preparavam para a divulgação de dados econômicos importantes ao longo da semana, em especial o índice de inflação PCE na sexta-feira.
Às 17h30, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,03%, a 106,130.