O dólar (USDBLR) completou nesta sexta-feira a quarta sessão consecutiva de baixa ante o real, com as cotações reagindo à divulgação de dados de inflação dentro do esperado nos EUA, que deram força a divisas de países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9110 reais na venda, em baixa de 0,24%. Na semana, a divisa acumulou queda de 0,33%. Em janeiro, porém, o dólar acumula elevação de 1,22%.
Na B3, às 17:38 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,13%, a 4,9140 reais.
A moeda norte-americana se manteve em baixa ante o real durante toda a sessão, embora tenha oscilado em margens bastante estreitas: da mínima de 4,9023 reais (-0,42%) às 10h58 à máxima de 4,9210 reais (-0,04%) às 11h31.
Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado pela manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conduzia os negócios no mercado de juros futuros, o câmbio se apegou mais diretamente ao exterior, onde o viés era de baixa para o dólar ante as divisas de emergentes e exportadores de commodities.
Por trás do movimento estava a divulgação de dados de inflação favoráveis nos EUA.
O índice de preços PCE, acompanhado de perto pelo Federal Reserve, subiu 0,2% no mês passado e avançou 2,6% nos 12 meses até dezembro, repetindo o resultado de novembro. Economistas consultados pela Reuters previam altas de 0,2% no mês e de 2,6% na base anual.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice PCE subiu 0,2% no mês passado, depois de avançar 0,1% em novembro.
O chamado núcleo do PCE desacelerou a alta para 2,9% na base anual, o menor ganho desde março de 2021, após avanço de 3,2% em novembro.
“Inflação americana (está) dando bons sinais, mostrando que há convergência, praticamente voltando para aquele nível pré-pandemia, mais próximo da meta de 2%. Portanto, uma excelente notícia para a política monetária americana”, avaliou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.
“O cenário de inflação controlada já vinha de ontem (quinta-feira), que foi a divulgação do PIB, do deflator implícito. Já vinha o sinal de inflação também comportada nos EUA, e o PCE hoje confirmou isso”, acrescentou o economista.
Neste cenário, moedas como o real, o peso mexicano e o peso colombiano ganharam força ante o dólar, ainda que os rendimentos dos Treasuries oscilassem em alta nesta sexta-feira.
“O exterior está ditando mais a ação do câmbio que dos juros (futuros no Brasil). Os dados de hoje (sexta-feira) pintam um cenário de tranquilidade”, disse o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
Segundo ele, o cenário atual se mostra positivo para moedas como o real em função da dinâmica da economia norte-americana.
Borsoi cita a teoria do “dólar smile” (dólar sorriso), segundo a qual o dólar, para não se fortalecer muito, não pode ter uma economia dos EUA que cresce intensamente ou, ao contrário, uma economia norte-americana em recessão.
Na prática, tanto uma forte alta da economia dos EUA quanto uma recessão podem levar o dólar para cima, ainda que por motivos diferentes no primeiro caso, o crescimento do país em si e, no segundo, a busca pela proteção da moeda norte-americana.
“Mas o cenário atual é muito benigno para as demais moedas”, acrescentou.
Além de ceder ante boa parte das moedas de emergentes e exportadores de commodities, o dólar também caía ante as divisas fortes no fim da tarde.
Às 17:38 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,07%, a 103,430.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.