O relativo alívio trazido pela ata do último encontro do Copom, divulgada pela manhã, e a queda do dólar (USDBRL) ante a maior parte das demais divisas no exterior fizeram a moeda norte-americana fechar a terça-feira em baixa no Brasil.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1300 reais na venda, em baixa de 0,42%. Em maio, a divisa acumula queda de 1,21%.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,53%, a 5,1380 reais na venda.
Divulgada antes da abertura do mercado, a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária(Copom) do Banco Central esclareceu que os quatro dirigentes que votaram por corte de 50 pontos-base da taxa básica Selic todos indicados pelo governo Lula estavam preocupados com o cumprimento do forward guidance (indicação futura) do BC, que havia apontado para corte de 0,50 ponto neste encontro de maio.
Por outro lado, os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base todos indicados antes do governo Lula estavam mais preocupados, conforme a ata, com a credibilidade em si do BC no combate à inflação, deixando em segundo plano o guidance.
Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano.
As explicações técnicas sobre a divergência entre os membros do Copom reduziram em parte os receios de que em 2025, quando se tornar maioria, o grupo de indicados por Lula será mais vulnerável à influência política em suas decisões.
Com isso, surgiu um movimento de retirada de prêmios na curva de juros brasileira e uma pressão de baixa para o dólar ante o real.
A moeda norte-americana chegou a subir pontualmente ante o real após a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA, às 9h30, mas as cotações voltaram para o território negativo na sequência, em sintonia com o exterior e com a mensagem da ata do Copom.
O PPI subiu 0,5% em abril, depois de cair 0,1% em março.
“Vi um fortalecimento pontual dos rendimentos dos Treasuries após o PPI, porque os números vieram acima do esperado. Mas os (rendimentos dos) Treasuries viraram, e o dólar passou a acompanhar, perdendo força”, afirmou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, acrescentando que a ata do Copom ajudou a amenizar o mal-estar que permeava o mercado de câmbio no Brasil.
“O compromisso com o fiscal e com a inflação, que se mostrou consenso (no Copom), mantém o suporte para os juros curtos, aliviando muito os vencimentos mais longos. Isso naturalmente promove um movimento favorável na bolsa e no câmbio”, acrescentou.
Ainda assim, o dólar oscilou em margens estreitas no Brasil, com investidores à espera da divulgação, na quarta-feira, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA dado bastante aguardado por quem deseja calibrar as apostas sobre o futuro dos juros norte-americanos.
O dólar à vista oscilou entre a máxima de 5,1618 reais (+0,20%) às 9h30, sob efeito do PPI, e a mínima de 5,1237 reais (-0,54%) às 11h11.
No exterior, o dólar cedia no fim da tarde ante as moedas fortes e a maioria das divisas de exportadores de commodities e emergentes.
Às 17h11, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,17%, a 105,010.
Pela manhã o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.