O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que não há possibilidade de o governo mexer no imposto sobre operações financeiras (IOF) em operações de câmbio, e disse que a melhor maneira de conter a desvalorização do real ante o dólar é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do Banco Central.
“Não, não há”, respondeu Haddad ao ser questionado por jornalistas em Brasília sobre eventual possibilidade de o governo tomar medidas para alterar a atual regra de incidência do IOF sobre o câmbio para contar a alta da moeda norte-americana.
“Eu acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso. Autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal, é isso que vai tranquilizar as pessoas”, afirmou.
As falas de Haddad acontecem após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais cedo em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, nas quais Lula disse que fará “alguma coisa” para conter a alta do dólar, mas que não adiantaria qual medida seria tomada para não “alertar meus adversários”.
Na entrevista, Lula afirmou também que teria reuniões para tratar do assunto quando retornasse à Brasília na quarta-feira. Haddad, por sua vez, disse que a pauta do encontro que terá com Lula será “exclusivamente uma agenda fiscal”.
“A nossa agenda com o presidente amanhã (quarta) é exclusivamente uma agenda fiscal. Não sei de onde saiu esse rumor (de mudanças no IOF sobre câmbio), mas aqui na Fazenda estamos trabalhando em uma agenda eminentemente fiscal com o presidente”, assegurou o titular da Fazenda.
Nas várias entrevistas a emissoras de rádio de todo o país que tem concedido frequentemente, Lula quase sempre ataca o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem acusa de ter “viés político”, e também reclama do fato de ter de esperar o fim do mandato de Campos Neto para indicar um presidente para o BC.
Na entrevista desta terça, Lula também disse que a alta recente do dólar ante o real “não é normal” e afirmou que o que está acontecendo é um ataque especulativo à moeda brasileira, admitindo que a desvalorização da divisa nacional o preocupa.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou cotado a 5,6538 reais na venda, em alta de 1,13%, no maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022.
Nesta terça, por volta de 12h20, a divida norte-americana era negociada na casa dos 5,67 reais para a venda.