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Haddad liga para Lira e faz esclarecimento após declaração sobre poder inédito da Câmara

Nós tínhamos até os dois primeiros governos Lula um presidencialismo de coalizão e isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável

por Reuters
3 min leitura
O ministro afirmou que tem compartilhado com o Congresso o sucesso das medidas econômicas aprovadas no primeiro semestre (Imagem: Reprodução/Pedro Gontijo/Senado Federal)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que telefonou para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para fazer um esclarecimento após declarar em uma entrevista que a Câmara dos Deputados estaria com poder muito grande.

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“Minhas declarações não são uma crítica à atual Legislatura”, disse Haddad em entrevista a jornalistas na porta do Ministério da Fazenda convocada por ele para comentar fala exibida mais cedo em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo gravada na semana passada.

“Nós tínhamos até os dois primeiros governos Lula um presidencialismo de coalizão e isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Então eu defendi, durante a entrevista, que essa relação fosse mais harmônica e que pudesse produzir os melhores resultados”, disse Haddad.

O ministro afirmou que tem compartilhado com o Congresso o sucesso das medidas econômicas aprovadas no primeiro semestre, e garantiu que a recepção de Lira a seu esclarecimento foi “excelente”.

“Ele falou: ‘Haddad, talvez caiba um esclarecimento porque as pessoas estão achando que foi uma crítica pessoal e, à luz de toda relação que foi estabelecida entre nós, eu gostaria que você esclarecesse'”, disse o ministro.

Mais tarde, o próprio Lira se pronunciou pela rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. Em vários posts, alegou que a Casa tem dado “sucessivas demonstrações” da parceira que mantém com o país, aprovando projetos de interesse com “seriedade”. O deputado cita como exemplos a PEC da Transição, chancelada ainda no ano passado, a reforma tributária e a primeira rodada de votação do novo arcabouço fiscal, colocando-se como um dos que se empenha pela aprovação das matérias prioritárias.

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“Manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessários para que o país avance!”, publicou Lira na rede social.

“É equivocado pressupor que a formação de consensos em temáticas sensíveis revela a concentração de poder na figura de quem quer que seja. A formação de maioria política é feita com credibilidade e diálogo permanente com os líderes partidários e os integrantes da Casa.”

Parlamentarismo

Na entrevista a Reinaldo Azevedo, divulgada mais cedo nesta segunda-feira, Haddad criticou o valor elevado de emendas parlamentares no Orçamento, afirmou que o país vive uma espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro e chegou a falar que a Câmara não pode “humilhar” o governo.

“Não sei se tem solução, mas 40 bilhões de reais de emenda (parlamentar) é 0,4% do PIB, onde no mundo tem isso? (…) Hoje a gente vive uma coisa estranhíssima que é uma espécie de parlamentarismo sem primeiro-ministro”, disse.

Ao avaliar que há grande poder nas mãos da Câmara atualmente, o que para ele não tem precedentes na história, Haddad acrescentou que quem aprova o Fundo Eleitoral é o próprio Congresso e que a tendência é que essa rubrica seja cada vez maior, a menos que haja algum tipo de manifestação.

“Não pense que está fácil, a Câmara está com poder muito grande e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo, mas de fato ela está com um poder que eu nunca vi na vida”, disse.

“Penso que tem que haver uma moderação que tem que ser construída, ainda não está mil maravilhas.”

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