O tumulto em relação ao cenário fiscal do Brasil fez com que a Guide Investimentos reduzisse a sua expectativa para o Ibovespa em 2024 de 155 mil pontos para 140 mil.
Segundo o analista Mateus Haag, a revisão se deu em função da deterioração do cenário macroeconômico no Brasil.
“Incluindo principalmente a Selic mais alta e o aumento do endividamento e risco fiscal do país, que deve continuar afugentando investidores”, explica ele em um relatório distribuído na manhã desta quinta-feira (13).
Ibovespa sob ataque
Haag aponta que, ainda assim, revisou as projeções de lucro do Ibovespa para cima, mas com a ideia de que o índice irá continuar negociando a múltiplos baixos por mais tempo.
“Com a queda menor que o esperado da Selic e com o endividamento crescente do governo, o espaço para que o fluxo migre para o mercado de ações no curto prazo é baixo. Além disso, a queda nos juros no exterior, particularmente nos EUA, deve ocorrer bem mais tarde do que projetávamos anteriormente”, diz o analista.
Além disso, o preço das commodities no mercado internacional é outro fator que precisa ser acompanhado de perto.
Confusão fiscal
O Ibovespa fechou em queda de 1,4% na quarta-feira (12), renovando mínimas no ano, em meio a ruídos envolvendo o ministro da Fazenda e receios com o cenário fiscal do país, que prevaleceram sobre a repercussão favorável a dados de inflação dos Estados Unidos.
O Federal Reserve manteve os juros entre 5,25% e 5,50%, como esperado, enquanto as projeções da autoridade monetária passaram a embutir apenas um corte de 0,25 ponto percentual este ano, movimento também antecipado por muitos no mercado.
A estabilidade no índice de preços ao consumidor dos EUA em maio, divulgada às 09h30 (horário de Brasília), apoiou a abertura positiva na bolsa paulista, mas o humor azedou em meio a especulações envolvendo o ministro Fernando Haddad.
Na véspera, o Senado devolveu a MP do PIS/Cofins, editada e apresentada pela Fazenda na semana passada como alternativa para compensar a desoneração da folha de pagamento de vários setores, mas que provocou uma série de reações negativas.
Alguns colunistas publicaram que o desfecho envolvendo a MP acelerou ataques de dentro do próprio governo a Haddad, com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizando o ministro ao apoiar a atitude do Senado.
“O mercado brasileiro ficou mais focado nessa nova rodada de ruídos em torno do ministro da Fazenda, e isso atrapalhou bastante o desempenho (na bolsa)”, afirmou o chefe da EQI Research, Luís Moran.
“Em outras condições, a gente deveria ter ido bem.”