O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta terça-feira, pressionado pelo declínio de (VALE3) e alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, enquanto Petrobras (PETR3; PETR4) foi destaque positivo com avanço do petróleo e declarações da nova CEO sugerindo uma estratégia semelhante à seguida nos últimos anos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,58%, a 123.779,54 pontos, após bater 123.537,03 pontos na mínima e 125.392,39 pontos na máxima. O volume financeiro somou 21,38 bilhões de reais.
Na visão do analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, o investidor está com o “pé atrás” nesta semana, marcada por feriados e expectativa pela divulgação de um dado de inflação nos EUA o PCE na sexta-feira. “Enquanto isso, o Ibovespa está meio sem rumo, de olho em Nova York.”
Nos EUA, os Treasuries reagiram a dados da maior economia do mundo que reforçaram a incerteza em torno do ritmo e do momento do ciclo de flexibilização monetária pelo Federal Reserve, esperado para começar este ano, entre eles uma melhora inesperada na confiança do consumidor norte-americano em maio.
O título de dez anos marcava 4,544% neste final de tarde, de 4,473% na véspera e 4,445% na mínima do dia, mais cedo.
No mercado acionário, o S&P 500 fechou próximo da estabilidade, enquanto o Nasdaq encerrou no azul e o Dow Jones, no vermelho.
Mais cedo, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, reforçou o tom cauteloso recente de membros da autoridade monetária dos EUA ao afirmar que o BC deve esperar por um progresso significativo na inflação antes de cortar os juros.
De acordo com a sócia e especialista da Blue3 Investimentos Letícia Cosenza, o mercado está com menos liquidez em uma semana marcada por feriados nos EUA e Brasil e cautela antes de dados que podem balizar o rumo da política monetária global.
A agenda macroeconômica no Brasil foi movimentada nesta terça-feira, destacando a alta de 0,44% do IPCA-15 em maio, após aumento de 0,21% em abril, enquanto expectativa em pesquisa da Reuters apontava para avanço de 0,48%. Em 12 meses, acumulou acréscimo de 3,70%, de 3,77% em abril e expectativa de 3,72%.
Dados sobre preços ao produtor em abril, resultado fiscal do governo central e confiança da indústria também ocuparam as atenções no mercado brasileiro.
Destaques
Vale (VALE3) caiu 2,16%, pesando negativamente, com os preços futuros do minério de ferro atingindo seu nível mais baixo em uma semana na China, uma vez que a demanda por aço permaneceu fraca no país, apesar dos últimos estímulos imobiliários.
O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian devolveu ganhos do começo da sessão e encerrou as negociações do dia em queda de 2,11%, a 882,5 iuanes (121,78 dólares) a tonelada, o menor valor desde 20 de maio.
Petrobras (PETR4) avançou 2,13%, beneficiada pela alta do petróleo no exterior, enquanto a nova CEO da companhia, Magda Chambriard, afirmou na véspera que a Petrobras será “perfeitamente” capaz de dar retorno a acionistas privados ou à União, que é a controladora.
Questionada sobre a remuneração ao acionista, Chambriard disse que trabalhará para isso. “Se tem lucro, vai ter lucro, vamos ter dividendos; queremos ter lucro, queremos ter dividendos.” Na visão do BTG Pactual, ela sugeriu uma estratégia em que a coerência econômica prevalecerá.
Itaú (ITUB4) cedeu 0,54% e Bradesco (BBDC4) fechou em baixa 0,08%, sem conseguir sustentar o sinal positivo do começo da sessão.
Magazine Luiza (MGLU3) terminou com declínio de 6,54%, ampliando a série de quedas para sete sessões, ainda penalizada por preocupações com o crescimento futuro da varejista.
Casas Bahia (BHIA3), que não está no Ibovespa, caiu 0,85%.
Azul (AZUL4) recuou 4,84%, em mais um dia de queda após o salto na última sexta-feira, após anúncio de acordo de codeshare com a rival Gol.
Gol (GOLL4), que não faz parte do Ibovespa, perdeu 5,88%. Ainda no setor de viagens, CVC Brasil (CVCB3) encerrou em queda de 3,32%.
MRV (MRVE3) avançou 2,2%, tendo no radar que o Tribunal de Justiça de São Paulo atendeu ao pedido da Prefeitura e suspendeu liminar que impedia a realização da licitação do programa habitacional Pode Entrar.
A contratação tinha sido suspensa na semana passada.