Home Economia e Política Indicação de Selic terminal contracionista se deve a expectativas de inflação desancoradas, diz Guillen

Indicação de Selic terminal contracionista se deve a expectativas de inflação desancoradas, diz Guillen

Guillen disse ainda que o BC segue monitorando possíveis pressões no mercado de trabalho sobre a inflação do setor de serviços

por Reuters
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(Imagem: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira que as indicações da autoridade monetária de que a taxa terminal do atual ciclo de cortes de juros deve manter a Selic em um nível contracionista têm relação com as expectativas de inflação desancoradas.

“A nossa indicação tem sido de que a gente vai para uma taxa terminal contracionista, está bastante relacionado com expectativas desancoradas, você olha um Focus de 3,5%, como a gente tem colocado na comunicação, é um motivo de preocupação”, afirmou.

“Você tem experiência na literatura, olha para outros países, olha para o passado, qual é o impacto de expectativas desancoradas: aumenta o custo de ‘welfare’, você tem que manter juros mais contracionistas para levar a inflação para a meta.”

Em conferência do Goldman Sachs, em São Paulo, Guillen destacou que as expectativas de inflação de longo prazo estão em 3,5%, acima da meta central de 3%, há 30 semanas, o que é fator de preocupação para o BC.

“Você vai criando um farol iluminando para o lado errado e isso vai se perpetuando em reindexação de salários, impactos sobre definição de preços”, disse.

Indicações Futuras

Guillen afirmou, ainda, que o “forward guidance” do BC que tem sinalizado cortes de 0,5 ponto percentual nas reuniões à frente do Comitê de Política Monetária é condicionada ao cenário, e será avaliada a cada reunião.

Para ele, essa sinalização futura tem a vantagem de gerar transparência e coordenar expectativas, tendo evitado desentendimentos em avaliações de mercado ao longo do ciclo de política monetária.

(Imagem: Reprodução/REUTERS/Amanda Perobelli)
(Imagem: Reprodução/REUTERS/Amanda Perobelli)

Por outro lado, Guillen afirmou que o uso do “forward guidance” reduz o grau de liberdade de atuação do Banco Central.

De acordo com o diretor, o BC tem considerado que indicar uma taxa Selic terminal patamar dos juros básicos ao fim do ciclo de cortes geraria efeito negativo e traria mais ruídos.

Ele argumentou ainda que a tarefa principal do BC não é reduzir a volatilidade com sua atuação, e sim atingir as metas de inflação.

“O que está acima de tudo é o compromisso com o atingimento da meta. E aí a gente vai conduzir a política monetária para atingir a meta, seja qual for a (taxa de juros) terminal, qual a trajetória… O que a gente vai fazer é com esse objetivo, vamos caminhando e olhando os dados”, disse.

A fala de Guillen se diferencia de declaração feita nesta semana pelo diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, para quem a decisão da autarquia por manter o “forward guidance” se deve à avaliação de que a perda de liberdade na política monetária é compensada pela redução da volatilidade no mercado.

Em relação à atividade econômica, Guillen disse que reformas estruturais feitas nos últimos anos podem ter aumentado o PIB potencial do Brasil. Para ele, a inflação menor e o crescimento maior em 2023 foi uma combinação mais positiva do que se esperava.

Guillen disse ainda que o BC segue monitorando possíveis pressões no mercado de trabalho sobre a inflação do setor de serviços.

(Imagem: Reprodução/REUTERS/Adriano Machado)
(Imagem: Reprodução/REUTERS/Adriano Machado)

Em um dos pontos da apresentação, ele apontou que os núcleos de inflação que desconsideram itens mais voláteis estão indicando alta recente em serviços intensivos em mão de obra.

Na reunião de janeiro do Copom, quando a taxa básica de juros foi cortada em mais 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, o BC debateu a dinâmica do setor de serviços, apontando que um mercado de trabalho mais apertado pode retardar a convergência da inflação para a meta, segundo a ata da reunião.

O Copom voltará a se reunir em 19 e 20 de março.

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