O indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, negou nesta quarta-feira que já tenha se manifestado de forma contrária às cotas raciais nas universidades públicas, mas defendeu que elas tenham prazo de vigência até a solução do problema envolvido.
Ao responder a questionamentos de senadores durante sua sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Gonet ainda afirmou que respeita o que já foi decidido pelo Legislativo e pela jurisprudência sobre relações homoafetivas, indicando que não tem interesse de agir de modo contrário à união entre casais do mesmo sexo.
“Seria tremendamente injusto que duas pessoas que vivem como se fosse uma unidade familiar não tivessem o reconhecimento do Estado”, disse Gonet ao responder a questionamentos do líder do PT no Senado, Fabiano Contrarato (ES). O parlamentar é declaradamente gay e tem filhos adotivos negros.
Gonet, que está sendo sabatinado em conjunto com o indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, fez um pronunciamento de abertura sóbrio em que, de maneira geral, destacou que vai trabalhar por uma atuação técnica à frente da PGR se for aprovado para o cargo.
“Sempre acreditei que, sem uma apurada visão técnica dos direitos fundamentais, a riqueza inerente à sua proclamação pelo constituinte perderia a força vinculante que lhe é própria, e se abateria o ideal de máximo respeito à dignidade da pessoa humana”, disse.