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“Inventei um incentivo de merda e fui traído”, diz Eike Batista

"Eu não diluía o acionista, outro modelo que me destruiu”, disse Eike, refletindo sobre como achava que estava motivando os executivos

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Eike Batista
Eike Batista
“Infelizmente, eu criei um sistema de remuneração que foi a razão principal da minha queda”, disse Eike Batista (Imagem: Primo Cast)

Em 2012, Eike Batista era dono da sétima maior fortuna do mundo, com um patrimônio de US$ 30 bilhões, e liderava um império empresarial que incluía a OGX, uma das maiores empresas de petróleo e gás do Brasil.

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No entanto, em uma recente entrevista ao Primo Cast – empresa do Grupo Primo do qual o Dinheirama faz parte – ,Batista revelou como um sistema de incentivos de remuneração inadequado contribuiu significativamente para a sua queda, levando a uma série de traições por parte de seus executivos.

“Infelizmente, eu criei um sistema de remuneração que foi a razão principal da minha queda”, começou Eike.

Ele explicou que, no setor de petróleo, é necessário um período de dois a três anos para determinar a produtividade de um campo petrolífero, período durante o qual os técnicos têm acesso a informações cruciais.

“Os técnicos podem ficar com essa ‘caixa preta’ durante dois a três anos”, destacou ele.

Incentivo de merda

Eike criou um sistema de remuneração que premiava os cinco principais executivos com US$ 40 milhões em ações anuais.

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“Eu não diluía o acionista. Outro modelo que inventei que me destruiu”, refletiu. Os executivos, visando seus bônus milionários, preferiram mentir sobre a real situação das reservas petrolíferas, o que resultou em decisões desastrosas para a empresa.

A situação se agravou quando Eike descobriu as manipulações. “Se eu soubesse que eles estavam vendendo ações, eu teria parado tudo”, afirmou. Ele comparou sua situação ao recente escândalo das Americanas, onde a desonestidade de um grupo de executivos também levou a empresa a uma crise profunda.

Batista lamentou profundamente a criação desse sistema de incentivos.

“Olha o incentivo de merda que criei. Inventei essa merda achando que estava incentivando os caras”, disse, refletindo sobre como acreditava que estava motivando seus executivos a trabalhar duro. No entanto, os números envolvidos eram enormes e os executivos preferiram mentir para garantir seus bônus.

Essa desonestidade resultou em uma espiral descendente para a OGX. “Eu morri com minhas ações”, revelou Eike, explicando que perdeu bilhões em valor de mercado enquanto os executivos lucravam. Ele enfatizou a importância de um ambiente de confiança e honestidade, algo que faltou na sua gestão. “Eu precisava da honestidade dos meus executivos, como sempre”, afirmou.

Durante o colapso, Eike percebeu quem realmente estava ao seu lado. “Foi difícil ver tanta gente indo embora”, comentou, lembrando das decepções que sofreu com aqueles que abandonaram o barco no momento de crise. Sua esposa foi uma das poucas pessoas que permaneceram ao seu lado durante esse período tumultuado.

Hoje, Eike Batista encara sua queda como uma lição dolorosa. Ele enfatiza a importância de montar um bom time e criar um ambiente de trabalho baseado na confiança. “Foi uma experiência amarga, mas necessária para entender o valor da honestidade e da transparência na gestão de grandes empresas”, concluiu.

Eike também comparou sua situação à da Petrobras (PETR3; PETR4), destacando as complexidades do setor de petróleo. “Esse negócio offshore é complexo para caramba. A rocha, você tem que medir uma área X, então ela eventualmente para de vazar, você tem que injetar gás, injetar água”, explicou. Ele destacou a importância de entender profundamente os aspectos técnicos da indústria para evitar surpresas desagradáveis.

As mentiras

Além disso, Eike refletiu sobre as dificuldades de gerir grandes somas de dinheiro e a facilidade com que desonestidades podem ocorrer. “A facilidade de você desviar dinheiro, pagar serviços para tudo quanto é lado. Permitir umas notas grandes”, disse, enfatizando a importância de um rigoroso controle interno.

Ele também compartilhou como foi traído por executivos que preferiram proteger seus próprios interesses em vez de preservar a companhia. “Eles preferiram literalmente mentir, mentir da informação para receberem os 40 milhões de dólares do que falar a verdade”, afirmou, lamentando a falta de integridade daqueles em quem confiava.

Em termos de lições aprendidas, Eike ressaltou a importância de avaliar o caráter dos executivos. “Eu busco um psicólogo para checar se o cara é psicopata”, brincou, destacando a necessidade de garantir que os líderes sejam honestos e comprometidos com os interesses da empresa.

Veja um trecho da entrevista

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