A transmissora de energia ISA Cteep (TRPL4) divulgou nesta segunda-feira um lucro líquido de 409,2 milhões de reais referente ao primeiro trimestre, alta de 33,7% na comparação anual, um desempenho que reflete a estratégia de crescimento com novos ativos e investimentos para elevar a receita, disseram executivos da companhia.
Entre janeiro a março, o resultado operacional da transmissora medido pelo Ebitda somou 896,9 milhões de reais, aumento de 21,4% em relação ao mesmo período de 2023, enquanto a receita líquida avançou 24,3%, a 1,1 bilhão de reais.
“Os resultados vêm numa crescente… Muito alinhado ao que a gente vem desenhando, que é buscar longevidade corporativa para a companhia, ao mesmo tempo em que crescemos nossa base de ativos respeitando o impacto social e ambiental”, disse o diretor-presidente, Rui Chammas.
Ele destacou ainda o aumento de mais de 50% dos investimentos da ISA Cteep em relação ao primeiro trimestre de 2023, à medida que novos projetos “greenfield” começam a sair do papel.
Um processo que poderia destravar mais valor para as ações da ISA Cteep é a venda da fatia da Eletrobras na companhia, avaliou a diretora-financeira, Carisa Portela.
Dona de 35,74% do capital da Cteep, a Eletrobras (ELET3; ELET6) chegou a lançar no ano passado uma oferta para alienar sua participação, mas retirou-a da rua.
Neste mês, a elétrica conseguiu “waiver” de debenturistas para avançar com transações de vários tipos, como transferências de ativos e alteração de controle de subsidiárias, o que deve permitir a retomada desse processo.
“A gente vê com muito bons olhos… A Eletrobras é um excelente acionista, nos apoia sempre muito.. Mas daria mais liquidez para as nossas ações, hoje temos só um terço das ações de verdade negociadas na bolsa”, apontou a diretora financeira da ISA Cteep, Carisa Portela.
“Isso faz com que o volume (de negociação) aumente, a gente se mantém no Ibovespa e automaticamente fica mais líquida, chama mais atenção, tende a valorizar ainda mais as ações da companhia”, acrescentou.
O CEO da transmissora, Rui Chammas, ressaltou que a companhia é alheia a esse processo conduzido pela Eletrobras e que não tem informações sobre quando ele poderá ocorrer.
“RBSE” e Leilões
A companhia também aguarda um desfecho no âmbito da agência reguladora Aneel sobre a indenização paga às transmissoras que renovaram contratos em 2012, um processo bilionário que é alvo de questionamento por suposto erro de cálculo e cuja revisão poderia reduzir pagamentos à Eletrobras e à Cteep.
O processo está parado na Aneel, mas surgiram rumores de que ele poderia ser pautado pela diretoria em breve, dada a proximidade da saída da Aneel de Hélvio Guerra, diretor relator do processo, que tem mandato expirando em maio.
“Não sabemos qual vai ser a saída, se vai haver ou não revisão… Na nossa visão, esse é um tema que já foi julgado em segunda instância na Aneel, não enxergamos por que haveria espaço para revisão no âmbito administrativo”, afirmou Chammas.
O impacto da correção dessa indenização, que é custeada por meio de cobranças embutidas na conta de luz, é estimado em cerca de 16 bilhões de reais, e beneficiaria principalmente geradores e consumidores.
Sobre o segundo leilão de transmissão previsto para 2024, ele afirmou que a companhia irá analisar oportunidades, mas que terá responsabilidade de não adquirir projetos que possam elevar sua alavancagem a ponto de colocar em risco o grau de investimento da empresa.
A ISA Cteep foi uma das principais ganhadoras dos certames realizados no ano passado, arrematando três grandes projetos, que deverão ser concluídos a partir de 2026.
Diante dos compromissos assumidos, a empresa decidiu não participar do leilão de março deste ano.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda de 2,29 vezes, nível “confortável”, disse a diretora financeira, e um pouco abaixo das 2,39 vezes registradas no trimestre imediatamente anterior.