As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira em queda firme no Brasil, pela segunda sessão consecutiva, com a curva a termo se ajustando à decisão do Copom de quarta-feira e reagindo a novos números da economia norte-americana, que abriram espaço para o recuo dos rendimentos dos Treasuries.
Na noite de quarta-feira, Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central havia anunciado corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic, de 12,75% para 12,25% ao ano, mantendo a mensagem de que novas reduções de meio ponto percentual serão o ritmo apropriado para as próximas reuniões — ou seja, pelo menos nos encontros de dezembro e janeiro.
Como o comunicado do BC não trouxe surpresas, economistas previam nova sessão de queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta sexta-feira pós-feriado, caso o exterior ajudasse. E os números divulgados nos EUA de fato contribuíram.
Na quinta-feira, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 5.000, para 217.000, com ajuste sazonal, na semana encerrada em 28 de outubro. Economistas consultados pela Reuters previram 210.000 pedidos.
Nesta sexta-feira, foi a vez de o Departamento do Trabalho informar que a criação de vagas não agrícolas totalizou 150.000 empregos no mês passado, conforme seu relatório de emprego payroll. Economistas previam 180.000 novas vagas. Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que seu PMI não manufatureiro caiu de 53,6 em setembro para 51,8 em outubro, a mínima de cinco meses.
Todos os dados divulgados nos EUA atuaram no sentido de reforçar a percepção de que o Federal Reserve não elevará mais sua taxa de juros, o que disparou a busca por ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes, e fez os yields recuarem.
Economia dos EUA mais fraca
No Brasil, o reflexo foi a baixa de mais de 20 pontos-base das taxas de alguns dos principais contratos de DI.
“O comunicado do Copom na quarta-feira não trouxe grandes surpresas, o que ajuda (na queda das taxas futuras), já que parte do mercado até esperava por maiores riscos relacionados ao setor externo”, disse o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.
“Hoje (sexta-feira), vimos dois indicadores bem importantes, o ISM de serviços e o payroll, que mostraram a economia americana mais fraca. Isso impacta (negativamente) os (yields) dos Treasuries e a curva brasileira”, acrescentou.
Em comentário enviado a clientes, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, avaliou que o Copom pesou nesta sexta-feira sobre as taxas futuras dos contratos com prazos mais curtos, enquanto as taxas dos DIs longos seguiam a tendência de baixa dos rendimentos dos Treasuries.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,825%, ante 10,963% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,605%, ante 10,845% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,775%, ante 11,026%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,015%, ante 11,251%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa firme.