Hoje, neste primeiro de julho, a nossa moeda completa 29 anos. O real foi criado no governo Itamar Franco, em 1994, para resolver uma das maiores crises inflacionárias do mundo.
Na época das maquininhas de remarcar, os preços chegavam a subir três mil por cento ao ano no Brasil. O Plano conseguiu reduzir a inflação a níveis aceitáveis.
Mas a estabilização não foi suficiente para fazer deslanchar o crescimento econômico, que continua sendo um problema da economia brasileira até hoje.
Sarney e Collor
Os governos Sarney e Collor tentaram, sem sucesso, acabar com a inflação herdada dos militares. Ao assumir a Presidência , após a queda de Collor, Itamar Franco convidou Fernando Henrique Cardoso para ministro da Fazenda, com a missão de reorganizar a economia. Reuniram um grupo de economistas, coordenado por Pedro Malan, do Banco Central.
O plano de ação econômica que eles escreveram foi publicado no final de 1993. Na época, a inflação batia recordes, prejudicando principalmente os mais pobres.
No inicio de 1994, a inflação estava em 40% ao mês, ou três mil por cento ao ano. Os preços subiam sem parar gasolina, alimentos, prestações.
A cada hora o cruzeiro valia menos em relação ao dólar. Era o caos da hiperinflação. O truque dos economistas foi criar em fevereiro uma espécie de dólar virtual, a URV, Unidade Real de Valor.
A roda-viva dos preços continuava corroendo o cruzeiro, mas não atingia a URV. Em julho, a URV perdeu as letras U e V, permanecendo o R, de real. A nova moeda nascia sem a doença da hiperinflação.
Banco Central
Finalmente tínhamos uma moeda forte: um real valia o mesmo que um dólar. Aos poucos, sem congelamento de preços, chegaríamos a uma inflação de país desenvolvido: apenas 1,5 por cento em 1998.
Mas os juros continuavam de terceiro mundo: o Banco Central jogou a taxa básica nas alturas, desestimulando o consumo e atraindo investidores para equilibrar as contas externas.
Inflação baixa e juro alto resultaram em pouco crescimento econômico, sustentado em boa parte pelas exportações.
PIB
O Produto Interno Bruto, que mede a riqueza produzida no país, crescia quase seis por cento no lançamento do real.
Quatro anos depois, em 1998, a economia brasileira praticamente parou de crescer. A estagnação coincidiu com as crises externas da Ásia e da Rússia, entre 97 e 98.
Com a queda nas exportações e o fantasma da recessão, o governo desvalorizou fortemente o real no inicio de 1999. O dólar, que custava um real, passou a custar mais de dois reais, voltando depois para R$ 1,75.
O Banco Central adotou o cambio flutuante e o sistema de metas para a inflação.